O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas

           Está causando furor entre os leitores de assuntos econômicos, economistas e principalmente pânico entre os muito ricos um livro de 700 páginas escrito em 2013 e publicado em muitos países em 2014. Tranasformou-se num verdadeiro best-seller. Trata-se de uma obra de investigação, cobrindo 250 anos, de um dos mais jovens (43 anos) e brilhantes economistas franceses, Thomas Piketty. O livro se intitula O capital no século XXI (Seuil, Paris 2013). Aborda fundamentalmente a relação de desigualdade social produzida por heranças, rendas e principalmente pelo processo de acumulação capitalista, tendo como material de análise particularmente a Europa e os USA.

         A tese de base que sustenta é: a desigualdade não é acidental mas o traço característico do capitalismo. Se a desigualdade persisitir e aumentar, a ordem democrática estará fortemente ameaçada. Desde 1960, o comparecimento dos eleitores nos USA diminuiu de 64% (1960) para pouco mais de 50% (1996), embora tenha aumentado ultimamente. Tal fato deixa perceceber que é uma democracia mais formal que real.

         Esta tese sempre sustentada pelos melhores analistas sociais e repetida muitas vezes pelo autor destas linhas, se confirma: democracia e capitalismo não convivem. E se ela se instaura dentro da ordem capitalista, assume formas distorcidas e até traços de farça. Onde ela entra, estabelece imediatamente relações de desigualdade que, no dialeto da ética, significa relações de exploração e de injustiça. A democracia tem por pressuposto básico a igualdade de direitos dos cidadãos e o combate aos privilégios. Quando a desigualdade é ferida, abre-se espaço para o conflito de classes, a criação de elites privilegiadas, a subordinação de grupos, a corrupção, fenômenos visíveis em nossas democracias de baixíssima intensidade.

         Piketty vê nos USA e na Gran Bretanha, onde o capitalismo é triunfante, os países mais desiguais, o que é atestado também por um dos maiores especialistas em desiguldade Richard Wilkinson. Nos USA executivos ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio. Eric Hobsbown, numa de suas últimas intervenções antes de sua morte, diz claramente que a economia política ocidental do neoliberalismo “subordinou propositalmenet o bem-estar e a justiça social à tirania do PIB, o maior crescimento econômico possível, deliberadamente inequalitário”.       

         Em termos globais, citemos o corajoso documento da Oxfam intermón, enviado aos opulentos empresários e banqueiros reunidos em Davos nos janeiro deste ano como conclusão de seu “Relatório Governar para as Elites, Sequestro democrático e Desigualdade econômica”: 85 ricos têm dinheiro igual a 3,57 bihões de pobres do mundo.

         O disurso ideológico aventado por esses plutocratas é que tal riqueza é fruto de ativos, de heranças e da meritocracia; as fortunas são conquistas merecidas, como recompensa pelos bons serviços prestados. Ofendem-se quando são apontados como o 1% de ricos contra os 99% dos demais cidadãos, pois se imaginam os grandes geradores de emprego.

         Os prêmios Nobeis J. Stiglitz e P. Krugman tem mostrado que o dinheiro que receberam do Governo para salvarem seus bancos e empresas mal foram empregados na geração de empregos. Entraram logo na ciranda financeira mundial que rende sempre muito mais sem precisar trabalhar. E ainda há 21 trilhões de dólares nos paraísos fiscais de 91 mil pessoas.

         Como é possível estabelecer relações mínimas de equidade, de participação, de cooperação e de real democracia quando se revelam estas excrecências humanas que se fazem surdas aos gritos que sobem da Terra e cegas sobre as chagas de milhões de co-semelhantes?

         Voltemos à situação da desigualdade no Brasil. Orienta-nos o nosso melhor especialista na área, Márcio Pochmann (veja também Atlas da exclusão social – os ricos no Brasil, Cortez, 2004): 20 mil famílias vivem da aplicação de suas riquezas no circuito da financeirização, portanto, ganham através da especulação. Continua Poschmann: os 10% mais ricos da população impõem, historicamente, a ditadura da concentração, pois chegam a responder por quase 75% de toda riqueza nacional. Enquanto os 90% mais pobres ficam com apenas 25%”(Le Monde Diplomatique, outubro 2007).

         Segundo dados de organismos econômicos da ONU de 2005, o Brasil era o oitavo país mais desigual do mundo. Mas graças às políticas sociais dos últimos dois governos, diga-se honrosamente, o índice de Geni (que mede as desigualdades) passou de 0,58 para 0,52. Em outras palavras, a desigualdade que continua enorme, caiu 17%.

         Piketty não vê caminho mais curto para diminuir as desigualdades do que a severa intervenção do Estado e da texação progressiva da riqueza, até 80%, o que apavora os super-ricos. Sábias são as palavras de Eric Hobsbown: “O objetivo da economia não é o ganho mas sim o bem-estar de toda a população; o crescimento econômico não é um fim em si mesmo, mas um meio para dar vida a sociedades boas, humanas e justas”.

         E como um gran finale a frase de Robert F. Kennedy:”o PIB inclui tudo; exceto o que faz a vida valer a pena.”

 

89 comentários sobre “O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas

  1. O ser humano precisa se conscientizar que sua vida não deve ser colocada à venda. Não somos mercadorias e não precisamos “ter”, ao contrário, é necessário que nos afirmemos como “ser”. Estou certa de que muitas coisas podem mudar, eu tenho esperança

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    • L. Boff, achei o texto excelente mas gostaria de apontar alguns erros que acredito tenha sido erros de digitação. Farça, ao invés de farsa, indice de Geni ao invés de Gini, Porschman ao invés de Pochman, Hobsbowm ao invés de Hobsbawm…..Um grande abraço

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  2. Uma sociedade mais justa começaria, certamente, com uma melhor distribuição de riquezas.Aplicaria altas taxas sobre heranças, posteriormente convertendo-as em benefícios à população, redistribuindo riquezas, como o que já vêm ocorrendo em países onde o Estado de Bem Estar Social é aplicado, com compreensão e apoio da maioria da população, como um modelo eficiente em garantir paz e justiça social.
    Uma sociedade mais justa taxaria mais renda e propriedade, atingindo as classes mais ricas abrindo, novamente, outra frente de atuação para uma melhor redistribuição de riquezas ao mesmo tempo em que diminuiria, de forma gradativa, impostos sobre produção e consumo que atingem, com mais ferocidade, as classes mais baixas.

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  3. Excelente artigo, aliás como soe acontecer com os de Leonardo Boff. Nosso povo precisa se convencer de que vive uma ditadura e que precisa reagir a ela, reclamando uma nova ordem: ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA!

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  4. Excelente! ótimas palavras para refletirmos e pormos a mão na cosciência, único caminho de mudança, a nosso ver. Obrigada pela contribuição!

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  5. Boa análise, me fez querer ler o livro de Piketty. A respeito do PIB, eu também considero uma medida ultrapassada

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  6. “Quando a [desigualdade] é ferida, abre-se espaço para o conflito de classes, a criação de elites privilegiadas, a subordinação de grupos, a corrupção, fenômenos visíveis em nossas democracias de baixíssima intensidade.”

    ———
    Você quis dizer quando a igualdade é ferida?

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  7. Parece que democracia não convive bem com o ser humano, em nossa maior utopia de emancipação humana já criada até hoje, o comunismo, a democracia também foi fortemente deturpada nas experiências práticas que existiram.

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      • É o que eu sempre digo. Se o que Jesus não pregou a igualdade (porque como cansamos de ouvir, somos todos iguais perante ao Pai), então o que ele pregou?

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      • Achei interessante a matéria, porém me preocupa muito essa ideologia centrada apenas na igualização das classes apenas pelo poder econômico. Não vejo ninguém comparando pobres e ricos através do nível intelecto/social que permitia comparar quão eficaz ou não se torna a igualdade financeira frente a igualdade cultura. Não adianta nada tirar 3 milhões de pessoas da linha da miséria financeira enquanto outras 100 milhões continuam na miséria espiritual. Existem ticos felizes e pobres felizes. A questão de concentração de riqueza é um discurso vazio. Vivemos ainda hoje a escravidão, onde a pessoa só tem algum mínimo direito quando trabalha. O que não trabalha acaba vivendo no pelourinho da vida, que também acaba sendo reservado para o trabalhador que não tem condições de cuidar de sua saúde e tem que compartilhar muitas vezes de um sistema que que trata igualmente o trabalhador e o malandro, que trata igualmente o justo e o injusto, que trata igualmente o jovem e o idoso, mas que se iguala sendo nivelada por baixo, nivelada pelo mínimo de tudo: das condições de moradia, de educação, de segurança. Quero vez fazer discurso igualando por cima, criticando os poderosos e dando nomes aos bois.
        Quando se busca fala r de igualdade deveria ser mais coerente as comparações e deixar o campo econômico de lado, pois existem pessoas vivendo muito mais em paz, em harmonia e com boa saúde que não dependem das condições econômicas que são impostas. Textos como esse ajudam a crescer o sentimento de consumismo uma vez que só fala de dinheiro e só culpa pessoas que tem pelo fato de outros não terem. Porque quem não tem, ao vivencias a cultura capitalista, passa a querer ter para ser igual e ser sentir melhor. Eu acredito que todos deveriam ter direitos dignos de saúde, educação, lazer e segurança em padrões superiores e não nivelados pelo “o mínimo que uma pessoa precisa para viver”, pois isso é filosofia vazia.
        Um outro ponto que me chamou atenção é o termo “Honrosamente” quando se refere ao avanço nos índices do CENI. Me perdoe pela sinceridade, mas comemorar melhoria de 17% em 9 anos é muito pouco diante daquilo que a união pode fazer. E olha que esses 17% nem são números reais, pois muitos não entram nessa conta.
        FORA PT!!

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      • Adilson
        Desde o iluminismo quando surgiu a questão da democracia e da igualdade, esta não significa homonegenização, mas igualdade de todos diante dos direitos e o combate aos privilegios que ferem os direitos dos outros.
        Essa é a compreensão.
        lboff

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    • Exatamente meu caro, essa “igualdade social” é nivelar todo mundo por baixo. Podes ver que socialismo e comunismo nunca deram certo em nenhum lugar do mundo. Todos os países que a adotaram só aumentaram a sua pobreza, basta ver como é viver em Cuba e na Venezuela.

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      • Paulo
        Onde o capitalismo deu certo? So cria riqueza de um lado e pobreza e exploração do outro.Essa é sua logica desmascarada pelo autor frances do Capitalismo do Seculo XXI. A voracidade capitalista ainda vai acabar cm a espécie humana e vc mesmo não escapará.
        lboff

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  8. No paraíso terrestre haverá plena igualdade simultaneamente a plena liberdade. Parece que os países que no presente tem maior desenvolvimento, tais como os nórdicos, são aqueles que historicamente se mantiveram mais no centro, oscilando menos entre os extremos. Povos mais ou menos livres, buscando a igualdade de todos. O caminho do paraíso fica difícil sem conscientização ética. Difícil quando um desigual para menos luta para ser um desigual para mais. Provavelmente as coisas ficam melhores quando o raio da roda da vida da coletividade vai diminuindo.

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    • A pergunta não é: Onde o capitalismo deu certo? Mas sim: Onde o capitalismo não deu certo?

      A simples correlação das nações com mais liberdade econômica, com as mais desenvolvidas, que mais se desenvolveram, que melhorias sociais, econômicas e ambientais obtiveram nos mostra que o capitalismo, capitalismo de livre mercado, produz os melhores resultados:

      Recomendo que leia e analise: http://www.libertad.org/indice

      E isso pode ser visto também em mais de 200 países nos últimos 200 anos. São apenas 4 minutos: http://www.youtube.com/watch?v=Qe9Lw_nlFQU

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      • Gerhard
        sua visão é curta. Ve apenas o aspecto economico,materialista. Nao inclui os custos ambientais, a destruição ds florestas, de inteiros ecosistemas, de marginalização de milhões de pessoas. Esse é o custo do “deu certo” o capitalismo. Hoje ele pode levar a Terra inteira a uma grave crise ecologico-social com a eventual destruição de grande parte da especie humana. Sobre isso há alarme suficientes da comunidade cientifica mundial e dos organismos da ONU. Precisa pensar mais longe para entender a dinamica do capitalismo ao invés de fazer-lhe a pifia apologia.
        lboff

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      • Caro Sr. Boff, a minha visão não é curta, muito pelo contrário, se efetuarmos uma correlação entre as nações mis livres economicamente, com as nações que desenvolvem os melhores projetos voltados a sustentabilidade, assim como as que obtém os melhores resultados veremos que ela está fortemente correlacionada.

        Se queres preservar a natureza, privatize-a. Pode parecer impactante, mas é o que ocorre. Veja o caso da Floresta Atlântica, a mais impactada, o efeito formiguinha é assustador. .

        Como avaliamos custos ambientais se a sua proposta apresenta um sistema que não leva em conta a avaliação de custos, que é uma das principais características de uma economia planificada..

        Pior é seu raciocínio, cita a marginalização de milhões de pessoas. Mas é justamente nos países mais livre que eles não são marginalizados. Esse é, como afirma, o custo do “deu certo” o capitalismo. O capitalismo delivre mercado, onde o cidadão tam´bem tem o poder de decidir os produtos e serviços mais sustentáveis.

        A questão é que suas premissas são falsas, considera o capitalismo de livre mercado como algo que abomina o Estado, é o contrário, os liberais sabem muito bem que o princípio da subsidiariedade é fundamental, assim como que é papel do Estado a gestão das externalidades negativas, como a educação fundamental, assim como as positivas, razão pela qual temos o imposto de renda. como legítimos, e de igual forma a externalidade negativa, impacto ao meio ambiente é também considerada.

        Concordo com os que afirmam que podemos levar a Terra a uma grave crise ecológico e por conseguinte também com impactos na sociedade. Esta é a razão também pela qual as melhores inovações e os mais avançados estudos estão sendo realizadas também nas nações mais livres economicamente.

        A ONU tem sido tomada de uma mentalidade obtusa que congrega muitos pensamentos ultrapassados de esquerda. Estudos como Agenda 21, em especial Agenda 21 Local foram tomados a sério em nações mais livres, Onde se teve constância de propósitos. É por isso que penso mais longe, muito mais longe, na CAUSA dos problemas e não apenas nos EFEITOs. Não prego a cultura da lombada, como a que prega a distribuição de renda, mas sim a que gera renda.

        Apologia, está associada a ilusão, a razão se afasta dela.

        Recomendo que acesse e estude um pouco: http://www.libertad.org/indice

        E leia: http://www.institutoliberal.org.br/blog/por-que-algumas-pessoas-nao-buscam-liberdade/

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      • O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas

        A argumentação de que nos países mais livres (diria mais ricos) há mais justiça (“nos países mais livre que eles não são marginalizados”), vale, mas não conta quem é que está actualmente a pagar a factura do bom viver nestes países.

        Creio que a vantagem do cidadão poder decidir obriga a economia e a política a procurar a vítima fora. A Agenda 10 introduzida na Alemanha, obrigando-a a autocontenção do povo em benefício dos ricos criou-lhe a vantagem que hoje goza em relação aos outros países europeus.

        Cada um tem a vista que tem e a perspectiva que o forma mas que também o limita. Tudo tem o seu outro aspecto. Mas é um facto que o maior factor de sustentabilidade é o poder. Quem tem poder ganha, quem o não tem terá de procurar arranjar ou apoiar quem o tenha. Assim uma Alemanha tem as melhores condições para criar projectos para a sustentabilidade e conseguiu muitíssimo em benefício da natureza. A Alemanha é pacífica a nível político mas guerreira a nível económico. Assim é o país que mais armas vende não excluindo países como a Arábia Saudita que subsidia o terrorismo internacional.

        Que o capitalismo dá resposta a propensões elementares humanas é um facto, mas não querer corrigi-lo nem limitar o seu poder, por vezes ameaçador até de Estados, corresponderia a dar um contributo para a sustentabilidade da miséria de uns e a usura de outros.

        António Justo

        http://www.antonio-justo.eu

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      • O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas
        A argumentação de que nos países mais livres (diria mais ricos) há mais justiça (“nos países mais livre que eles não são marginalizados”), vale, mas não conta quem é que está actualmente a pagar a factura do bom viver nestes países.
        Creio que a vantagem do cidadão poder decidir obriga a economia e a política a procurar a vítima fora. A Agenda 10 introduzida na Alemanha, obrigando-a a autocontenção do povo em benefício dos ricos criou-lhe a vantagem que hoje goza em relação aos outros países europeus.
        Cada um tem a vista que tem e a perspectiva que o forma mas que também o limita. Tudo tem o seu outro aspecto. Mas é um facto que o maior factor de sustentabilidade é o poder. Quem tem poder ganha, quem o não tem terá de procurar arranjar ou apoiar quem o tenha. Assim uma Alemanha tem as melhores condições para criar projectos para a sustentabilidade e conseguiu muitíssimo em benefício da natureza. A Alemanha é pacífica a nível político mas guerreira a nível económico. Assim é o país que mais armas vende não excluindo países como a Arábia Saudita que subsidia o terrorismo internacional.
        Que o capitalismo dá resposta a propensões elementares humanas é um facto, mas não querer corrigi-lo nem limitar o seu poder, por vezes ameaçador até de Estados, corresponderia a dar um contributo para a sustentabilidade da miséria de uns e a usura de outros.
        António Justo
        http://www.antonio-justo.eu

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  9. Se o Estado não fosse tão corrupto e se as pessoas continuassem, no exercício do Poder, como eram antes de exercê-lo, eu até veria alguma possibilidade de melhoria da distribuição de renda através da ação do Estado. Mas do jeito que as coisas são, continuo desesperançosa…

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    • Concordo com Myrthes. É um assunto muito complicado, não acredito que possa ser resumido em apenas um artigo. São inúmeros os casos de multidões tomadas pelo panico ou apenas pela revolta coletiva, cometerem atrocidades. A essência humana é mais complexa que uma simples distribuição de riqueza. Não da para culpar todos os nossos pecados apenas pelo PIB. O artigo não menciona que dos 3,57 bilhões de pobres no mundo, sua maioria se encontra na Africa e Asia e em países com regime socialista. A muitas coisas em jogo nos bastidores do poder. Deve haver algum motivo para as pessoas se importarem tanto com dinheiro. Não são todos tolos ao ponto de saber que não dá para comer dinheiro. Bem provável que eles saibam de algo que a maioria não sabe.

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    • O problema maior no Brasil não é a corrupção, antes fosse. Nosso maior problema é o pagamento de juros de dívidas. Enquanto não auditarmos e renegociarmos nossa dívida seremos escravos das grandes corporações. Recomendo a palestra sobre Divida Publica da Maria Lucia Fatorelli.

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  10. Querido Leonardo Boff, boa tarde! Excelente matéria, obrigada! Ao ler encontrei um erro ortográfico, … “distorcidas e até traços de farça” … a palavra farca se escreve com s. Meu objetivo é de ajudar. Schöne Grüße, Mara Rúbia

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  11. O problema é que se classifica a classe média como rica,e os pobres como classe média,critério adorado e adotado pelo poder constituído,leia-se pt,que confisca 27.5% da renda do trabalhador que ganha acima de determinado salário,o qual não chega a $2000,e o retorno é lamentável.Pagaria 50% de bom grado se a contrapartida em saúde educação fosse de qualidade.

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  12. Parabéns Prof.Leonardo!
    Só um cego a acreditar na crença da estabilidade do regime pós-capitalista .Sonhar e lutar pelo socialismo ,pela liberdade ,pela democracia de direito igual efetivo para todos criando uma nova e revolucionária estrutura humanizadora…

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  13. Triste saber que apenas uma pequena parte da população é capaz de compreender esses fatos/dados…a vida segue, a maioria como zumbis repetindo o que lhes incutem na cabeça

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  14. Leonardo, estou lendo o livro de Domenico de Masi – O futuro chegou e nele, no capítulo XV que é o próprio título, mais – O modelo brasileiro, consta as duas citações de Bob Kennedy(1968) sobre o PIB; consta ainda, a visão incrível de Zweig, 27 anos antes de Kennedy. Com isso quero dizer que está mais do que na hora de repensarmos as bases da economia, pelo menos em nosso País esvaziando, um pouco, o inchaço de importância dado ao PIB e reconfigurando o aspecto social de forma mais ampla, nos moldes do que já está sendo feito, no Brasil.

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  15. Excelente análise como sempre, mas achei alguns erros de português. Sei que não foi proposital, mas seria legal uma revisão antes de editar.

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  16. Muito bom, me entristece ver as vezes a “classe média” criticando sem fundamento algum os programas de distribuição de renda, claro e ai tenho minhas críticas também, mas se ver a olho nu o quanto tais programas promoveram melhorias a “classe pobre”. Existe uma obra fantástica da Epidemiologia brasileira, se chama a Epidemiologia das Desigualdades, lá podemos ver o quanto a renda influencia tanto o nascimento, quando o desenvolvimento e crescimento das crianças, lá podemos entender um pouco do programa de distribuição de renda brasileiro. Um forte Abraço, Boff.

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  17. Muito bem, lúcida e esclarecedora análise sobre capitalismo e o neoliberalismo na atualidade e seus impactos nefastos na ampliação das desigualdades!

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  18. E o dinheiro taxado pelo governo não vais ser diluído na farra da corrupção? Não existia desigualdade nos países socialistas?

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    • Exatamente caro Humberto! É isso que o governo quer, confiscar os que tem mais bens para sustentar a eterna farra dos apadrinhamentos políticos e de suas mordomias.

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  19. Eu só gostaria de saber qual estímulo uma pessoa teria em produzir mais, em ser melhor, se,quanto mais ela produzisse, mais fosse taxada…..o bem estar geral de uma nação consiste em um mundo sem individualidades? Qual o valor do indivíduo dentro desse contexto? Acho injusto considerar a meritocracia como vilã de um sistema…Ao meu ver, a otimização na utilização do dinheiro público é um ponto muito mais crucial para a exclusão social do que essa demonização dos ricos…

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    • Olá Bernardo,
      A meritocracia tem o seu lugar e valor para a economia. O problema é ganhar sem trabalhar. Não adianta tributar apenas, é preciso saber o que ser fará com esses recursos.
      Heranças e propriedades sobre o capital favorecem o acúmulo que é canalizado para quem especula. Conceitos gerais não ajudam a achar soluções, precisamos ir um pouco além da superfície das coisas…

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    • Agora você falou como um verdadeiro economista. Quem produz emprego e bens é quem gera riqueza para si e para o país e serve de exemplo para os demais.

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    • Olá Vera Maria, Essa sua pergunta me parece uma ótima contribuição nestes tempos de confusão dos espíritos. Se acharmos que não sabemos estaremos mais atentos para achar as brechas que permitem avanços.

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  20. Ha 21 trilhoes de dolares nos paraisos fiscais exatamente por causa da taxacao sem contrapartida. Veja o exemplo Brasileiro… o patrimonio publico eh expoliado como se fosse propriedade do PT, e ao invez de construirmos portos no Brazil, o fazemos em Cuba, ou refinarias billionarias na Venezuela, ou ainda, construimos infraestrutura na Bolivia, ou refinarias compradas sem criterio tecnico a nao ser a apropriacao de capital publico, ou presentes para Argentinos… Se hipoteticamente eu tivesse dinheiro que se sujeitasse a esse tipo de taxacao, eu me consideraria um idiota, porque quando viajo nas estradas brasileiras pago pedagio em todas as estrada com alguma qualidade… quando utilizo os aeroports brasileiros, pago tarifas equivalentes aquelas cobras na America do Norte, mas a qualidade dos servicos eh lamentavel. Vejo com profundo pesar que a saude publica, os transportes, a educacao sao menos importantes do que a promocao de eventos esportivos, para os quais os nossos impostos sao utilizados sem o menor remorso.
    Deveriamos nao perder de vista que o socialismo como os intelectuais pregam, certamente criam uma Elite dominante, muitas vezes sem supervisao civil, feita de membros do partido que se revezam ad eternum numa pseudo democracia… Veja novamente o caso brasileiro e voce sabera do que estou falando.
    As posicoes do Frei Leonard Boff sempre sao cristalinas e eh um prazer ler seus artigos e livros. Meu preferido eh aquele sobre Francisco de Assis.

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  21. O capitalismo é um ótimo sistema para promover a geração de riqueza e valor. Porém, devido ao princípio básico de acumulação da riqueza gerada, no qual se suporta, é um sistema que falha quando da distribuição da mesma. É um sistema onde a criação de riqueza é incentivada mas que não se preocupa em criar regras sobre como, por quê ou para quê criá-la e, nem em como distribuí-la.
    Isso cria distorções no conceito de valor, resultando em remunerações absurdas para coisas que não geram trabalho, bem-estar, igualdade, com respeito à Terra e aos que nela vivem.
    Exemplos abundam, como jogadores de futebol e outros esportes que ganham salários exorbitantes(Messi ganha US$1 milhão por semana), apresentadores de televisão que ganham mais de 1 milhão de reais por mês, banqueiros que nem sabem o quanto tem, políticos milionários que compram imóveis milionários em Dubai, empreiteiros que praticamente dominam a infra-estrutura de um país, etc.
    O problema não é a existência de ricos mas, sim, como se formam. As fortunas dessas 85 pessoas não se fez, presumivelmente, de forma completamente justa e honesta.
    Uma das consequências do desejo de se acumular riquezas é a corrupção, fruto da ganância pelo poder e dinheiro.
    Não sou contra os ricos mas sim, contra a forma pela qual se acumula riqueza e a ganância que a impede de ser distribuída com justiça, de uma forma que inclua todos os que participam da sua formação.
    Como resolver o problema? Não sei e, para dizer a verdade, não creio que será resolvido de forma pacífica. E mesmo que por meio de revolução popular, sempre há o perigo de que o próximo líder se deixe conquistar pelos prazers que o dinheiro torna possível.

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  22. Na maioria das vezes, os ricos são ricos porque estocasticamente nasceram de pais ricos. Que demérito tem um bebê pobre em relação a um bebê rico? Enfim… continuando uma reflexão nessa linha, conjecturo que seja possível provar logicamente que o melhor para a sociedade é taxar drasticamente as heranças. Quanto à meritocracia, considero-a muito benéfica à melhoria do mundo e criação de oportunidades para as pessoas. Não sei se seria uma boa ideia arrancar quase todo o ganho de um cidadão bem remunerado por ser bem capacitado e bem útil à atividade a que se dedica. O que devemos dividir de forma igualitária são oportunidades para as crianças e jovens. Deve-se haver educação de qualidade para todos, alimentação de qualidade para todos, saúde de qualidade para todos, transporte público de qualidade para todos. No entanto, se queremos liberdade, há de se conformar com a opção de algumas pessoas que, apesar das oportunidades, não quiseram se dedicar aos estudos e optaram por simplesmente vagabundar…

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  23. Na realidade a exploração das elites só acabará quado cada cidadão tiver consciência do seu valor e papel dentro da sociedade. Há uma grande maioria alheia a tudo que acontece a sua volta e pasmem, não fazem questão nenhuma de buscarem informações, de se instruírem, de buscar conhecimento etc.

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  24. Parabéns professor Leonardo.
    Quando o ilustre retrata que, democracia não combina com a capitalismo retrata que os nossos gestores não tão ai para o noso probelma social…

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  25. Olá, concordo que a concentração de renda excessiva seja um mal, mas vincular ausência de democracia com capitalismo não acho correto, basta analisar os regimes socialistas
    em geral.

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  26. Sim, como cristãos não podemos aceitar um mundo desigual, onde os mais poderosos sejam economicamente ou politicamente sempre prevalecem. Mas qual seria a alternativa ao capitalismo? Refiro-me ao capitalismo puro e não ao selvagem. Vou procurar ler esse livro,mas sempre que leio essas análises, não vejo uma proposta realista e consistente. O socialismo e o comunismo não são soluções.Então?

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  27. Fico emocionada em ler seu texto sobre o livro O Capital no Século XXI. Nós ainda temos a utopia de acreditar que no capitalismo podemos consolidar a democracia. Parabéns pelo seu texto.

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  28. As pessoas precisam levar uma vida mais simples. Só isso. Não precisa de intervenção estatal. Precisa uma internalização que quanto menos coisa você “precisa”, mais você terá: saúde, vida social, paz, segurança, qualidade de vida! Vida simples é a solução.

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  29. Estamos a beira de um colapso de classes sociais, impostas pelas ações do capitalismo na ilusão democrática, instituída no mundo, vivemos a demagogia francesa de liberdade, igualdade e fraternidade mundialmente estabelecida e se nada for feito de imediato, haverá um caos econômico mundial e conflitos inimagináveis pela sobrevivência humana. M.A.C. 26/05/2014.

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  30. Adorei seu texto Leonado !!! Quanto aos comentários alguns deixam a desejar… E é justamente para esses que peço: “Pai, perdoai, eles não sabem o que dizem”

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  31. Por que sempre nos esquecemos da Fraternidade que – como já foi amplamente demonstrado – é o princípio da eficiência econômica desde que optamos pela divisão trabalho? Liberdade para o desenvolvimento espiritual, igualdade de direitos e agora nos falta apenas a fraternidade econômica que pressupõe o despertar do consumidor. Amarca da coca-cola pode valer bilhões, mas – se decidirmos conjuntamente (e é ai que vale a pena concentrar nossos esforços: o que podemos fazer para libertar o consumidor?) – podemos fazer esse valor cair a zero. E ainda por cima sem violência e sem precisarmos esperar as elites ouvirem os gritos que vem da terra!

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  32. Sou fã dos textos progressistas de Leonardo Boff, deste em especial que nos leva a algumas reflexões e a perguntas que dificilmente estamos preparados para responder. Diria mais : questões que não são fáceis de aceitar. Se entendi bem, o que combina com democracia é o socialismo? P.S. verifique no texto a palavra “Farsa”.

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    • Os teóricos melhores do socialismo sempre o viram como a realização plena da democracia. Ainda vamos chegar lá quando nos dermos conta de que os recursos da Terra serão tão limtados que devemos reparti-los entre todos para sobrevivermos. Seremos socialista não por ideologia mas por estatica.
      lboff

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  33. Desafio a me apresentarem um modelo que deu ou dá certo com essa mentalidade. Temos que entender que a maioria das riquezas são geradas através de grandes empresas de bens ou serviços que empregam centenas de milhões de pessoas mundo afora. as pequenas empresas são as que mais empregam no Brasil e só são pequenas porque não conseguiram crescer , mas o objetivo é esse e é o que move a economia. São raros os casos , se é que existem , de pessoas que criam empresas para ganhar o suficiente para seu sustento , sem se preocupar com nenhum supérfluo e/ou conforto.

    Ou seja , desestimulando as pessoas a procurarem riqueza , você estará automaticamente desestimulando os empreendedores que preferirão serem funcionários públicos.
    Com isso o governo teria que dominar também o setor de bens e serviços , o que seria uma catástrofe pois não procurariam nunca a excelência dos seus produtos , oferecendo o básico do básico para a população(alguém lembrou de Cuba?). Com isso a população iria para outros países(nada à ver com Cuba?!) e só não iriam se fossem proibidas ou o mundo todo tivesse esta mentalidade.

    Sem contar que , se pensarmos num exercício teórico em que pegaríamos todo dinheiro do mundo e dividiríamos em partes absolutamente iguais por toda a população do mundo , daqui a 10 ou 20 anos as desigualdades estariam latentes novamente. Sabem porque? Porque o sr humano é diferente , uns usaria o dinheiro com drogas , outros gastariam e não trabalhariam e outros investiriam , sendo que parte deles multiplicaria o valor e a outra parte perderia todo o capital.

    Resumindo , isso para mim é uma tremenda masturbação mental , já que isso é uma utopia.
    Lembro ainda que este livro esta sendo contestado em seus dados (http://blogs.ft.com/money-supply/2014/05/23/data-problems-with-capital-in-the-21st-century/?Authorised=false) que foram manipulados de maneira que interessasse ao autor (alguém lembra de algum governo que faz isso?).

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    • Lineu,
      Sou contra a riqueza feita à custa da exploração e do empobrecimento de classes inteiras e hoje pela devsastação irresponsável da Terra que nos pode levar a um cataclisma da especie humana. Vc tem que ver a conexão que existe entre pobreza e riqueza. Elas não caem do céu nem são inocentes. São produzidas por relações de desigualdade e exploração.
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      • Ou seja, entao voce eh a favor da riqueza de Bill Gates, Sergey Brin, Larry Page, Mark Zukerberg pois criaram sua riqueza pelo proprio esforco e sem devastacao. Muito bem!

        Sao todos capitalistas do mais alto calibre. E note que pessoas que trabalharam para eles a preco de banana por anos, hoje sao milhonarios, pois no maior estilo comunista sao proprietarios dos meios de producao (pois tem % de suas empresas). Seriam essas pessoas “explorados”? Ou seriam malvados concentradores de riqueza? Obviamente nao nascerem em berco de ouro pois tiveram que trabalhar pra conquistar sua riqueza?

        Gates, Brin, Page, Zukerberg, Schmitt, Bezos todos doadores de imensas fortunas para pesquisa que beneficia a humanidade inteira, inclusive pesquisa sobre uso eficiente de energia e aquecimento global.

        Poderia me dizer qual pais socialista beneficia tamanha quantidade de seres humanos?

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      • Vá pregar a sua sapiencia aos chineses, que sendo socialistas-comunistas, passaram economicamente os USA.
        Não diminua a realidade ao tamanho de sua cabeça pequena.
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  34. Em primeiro lugar, os dados contidos no livro sao de dominio publico e tem falhas serias (ver critica do FT e Economist a respeito). Em segundo lugar o livro nao faz distincao sobre riqueza acumulada por dividendos, que se excluida mostra que a desigualdade eh muito menor do propagandeada por Piketty. Quanto a murrinha esquerdozoide do seu artigo: quer dizer que se por exemplo eu fosse um trabalhador com minha poupancinha e investisse meu dinheiro em uma ideia de dois estudantes como Sergey Brin e Larry Page e ficasse rico com o aumento do valor de acoes que comprei pra financiar uma ideia (que por sinal beneficia todos os paises, incluindo a Franca e outros buracos esquerdinhas), seria eu um malvado “concentrador de renda”? Essa analise superficial do capitalismo eh classica daqueles que nao tem capital, pois nao souberam acumula-lo, seja por nao investirem seu tempo em melhorarem a si proprios seja porque gastaram seus fundos em seja la o que for. Nunca na historia da humanidade houve tanta oportunidade para o pobre virar rico. Tenho dois programadores no decrepito Cambodia que aprenderam Ingles e programacao virtualmente no escuro, quase sem eletricidade. Se inseriram na comunidade mundial e hoje agregam valor ao planeta, ao inves de chorarem as pitangas de como os 1% sao malvados. Mas eh sempre mais facil reclamar do que trabalhar, aprender, estudar e criar do nada.

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    • As falhas são mínimas, de virgulas, o que torna o FT ridiciulo pois ele representa os superricos do mundo. Por isso tem medo e ficam catando picuinhas que não anulam o resuitado final. Hoje nem precisa ser economista para vere as desigualdades sociais. Vc haja humano e justo que 275 pessoas tenham rendas superiores a 43 paises onde vivem pobremente 400 milhões de pessoas? Se não perceber ai um problema etico e economico,lamento pela falta de compaixão pelos sofredores deste mundo.
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  35. Concordo com o Bernardo, se queremos um país igual para todos, diferenciar os ricos dos pobres por quê? Não é pecado nenhum ser rico, eu não sou , mas já fico chateado quando sou taxado pela receita e vejo esse dinheiro indo pro “ralo”, imagino os ricos ,os que não sonegam, e tem que pagar mais. Acredito que uma solução rápida para o país seria uma medida drástica para o crime de corrupção e desvio de dinheiro público, isso poderia salvar muitas pessoas da miséria e da desumanidade..

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  36. Mandou bem, Bernardo!
    Na China, na Coréia do Norte e em Cuba, a democracia também não convive com o socialismo, embora a China tenha um tipo sui generis de comunismo. Então, se a democracia não convive nem com o capitalismo e nem com o comunismo com quem conviverá? A tese de que na democracia todos têm direitos iguais, e vence quem se esforça mais, é um baita sofisma. Os citados fenômenos de conflito de classes, criação de classes privilegiadas, a subordinação de grupos e corrupção, também aparecem nos países socialistas. Talvez de maneira até mais cruel. Basta ver que sempre que cai um governo comunista, imediatamente aparecem os privilégios dos ex-dirigentes: mansões, iates, muita grana,etc.
    Esse disparate nos USA, onde executivos ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio, é outro absurdo. O gap de renda entre um operário e um colarinho branco deveria ser mínimo.
    E por que temos que aumentar o PIB até não se poder mais? Sempre haverá a desculpa de que é preciso gerar emprego. O Estado deveria é se preocupar mais em fazer uma política de controle de natalidade, diminuir as diferenças sociais, melhorando a distribuição de renda, impedir o êxodo rural, investir na educação, aumentando a produtividade, parar com a mentalidade de expansão a todo custo. O Estado deveria dar uma parada geral, arrumar a casa, fazer um plano estratégico para 50 anos e segui-lo fielmente. Mas isso só será possível se o povo tiver educação de qualidade (não de quantidade), se politizar e saber eleger os seus governantes.
    Talvez a maioria dos citados plutocratas tenha nascido em berço de ouro e eles vêm com esse papo furado. Vão enfrentar um chão de fábrica para ver o que é bom. Vão enfrentar a politicagem que existe nas empresas, principalmente quanto a promoções e aumentos salariais, para ver se a meritocracia existe.
    O socorro aos bancos é outro absurdo. Com a justificativa hipócrita de que a quebra deles traria o caos, os governos os socorrem com dinheiro público. E, geralmente, mesmo que os bancos quebrem, os seus donos continuam muito ricos.
    Quanto à desigualdade no Brasil, sem comentários, de tão triste que é a situação. E o povão nem sabe o que está rolando. Precisa de educação, educação, educação. Depois, politização e depois a rebelião e a mudança, de preferência pelo voto.
    O índice de Geni mostra que a desigualdade diminuiu. Tá melhorando, por esse índice. Mas piora por outro lado. Hoje o povo tem muito crédito e pensa que tem renda. Daí os recordes de endividamento e inadimplência, o que só gera infelicidade.
    Acho que tem que taxar mesmo as fortunas, principalmente as originárias de heranças. Quem tem mais ou ganha mais tem que pagar mais. Mas o Gerard Depardieu não gostou dessa ideia.
    Completando o pensamento do Kennedy: como pode um cidadão ser feliz se ele tem que trabalhar todos os dias, a vida toda, com péssimas condições de transporte e de trabalho, e no final não tem nada ou quase nada? A vida valeu a pena?

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    • Luiz Loureiro. Não vale a apena essa discussão. Voce cometeu um erro palmar: Nao se diz que todos tenhamn direitos iguais, mas que todos sejam iguais diante dos direitos.
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  37. Paul Singer, no final da década de 1960 – ou seja, no auge da guerra fria – apresentou estudos sobre os dois sistemas que polarizavam na época – o liberalismo econômico e a economia planificada -, justapondo-os a partir de perspectivas que orbitavam entre objetividades e subjetividades (textos contidos no livro Introdução à Economia Política). Com efeito, e de uma forma geral, o autor chegou a conclusões que apontavam tanto para potencialidades, como para limitações existentes em ambos os sistemas, no que diz respeito a produção e distribuição de produtos. Nesses textos havia também alguns esclarecimentos básicos, porém importantes, como é o caso do lucro como objetivo principal do capitalismo.
    Em um outro livro, A natureza do espaço, o geógrafo Milton Santos propõe que espaço deva ser considerado como uma “instância”, e não meramente um condicionante ou um reflexo, afirmando assim uma natureza dialética existente entre o espaço e a sociedade em um contínuo processo de refazimento. Pois bem, se colocarmos o “sistema capitalista” – ou qualquer outro sistema – no interior dessa perspectiva, veremos que o mesmo também se comporta dessa maneira – ora como causa, ora como efeito, ora como ambos – conformando um todo complexo e fugidio.
    Assim, se misturarmos as lições de um e de outro, e tendo em mente que quando falamos de sistema estamos nos referindo a modelos e não propriamente a realidade (por exemplo, nenhum modelo fala em corrupção), nós iremos perceber que a desigualdade não se agrava somente pela espiral concentradora de renda – que é inerente ao sistema – mas também pela cultura dela emanada. Hoje, face ao caráter crônico e absurdo de nossa desigualdade, ainda vemos uma cultura impregnada de desajustes atuando em uma sociedade intolerante, egoísta e estupidamente materialista. E por conta disso, acreditamos que, junto com uma melhor distribuição de renda, iniciativas voltadas à construção da dignidade e da cidadania, através do fortalecimento de instituições comprometidas e direcionadas para o bem-estar social, serão sempre ótimas estratégias a a serem implementadas pelos poderes públicos.

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  38. “Desde 1960, o comparecimento dos eleitores nos USA diminuiu de 64% (1960) para pouco mais de 50% (1996), embora tenha aumentado ultimamente. Tal fato deixa perceceber que é uma democracia mais formal que real.”
    No Brasil as pessoas brigam pelo direito de não ser obrigado a votar, dizem que em país democrático ninguém é obrigado a fazer algo que não quer. Nos EUA o voto não é obrigatório, utilizar um dado desses para dizer que a democracia é formal é lêdo engano. A abstenção dos eleitores das urnas comprova que os eleitores se sentam livres, não vêem riscos em jogo, sua liberdade estará assegurada e ele não precisa saber quem vencerá. O poder do presidente não põe a riqueza pública à sua disposição, ele não poderá taxar o povo, nem indicar juízes, nem controlará um banco central que inflacione a oferta monetária.

    “democracia e capitalismo não convivem.”
    Qual seria a opção econômica? O comunismo democrático de Mao Tsé Tung? A democracia de Stalin? O socialismo de democracia de Hitler? O Comunismo de grande liberdade de Fidel Castro, onde os cubanos fogem da liberdade comunista para irem para a ditadura americana?

    “Piketty vê nos USA e na Gran Bretanha, onde o capitalismo é triunfante, os países mais desiguais”
    Infelizmente, distribuição de renda pode não servir pra nada, um povo pode ter igualdade mas serem todos iguais na pobreza. Da mesma forma, outro povo pode, apesar da desigualdade, garantir um nível de vida satisfatório para os mais pobres. A Etiópia é um dos países mais igualitários do mundo. Mais igualitária do que a média dos países da União Europeia. Paquistão também está entre os mais igualitários. Mas onde existe mais pobreza?

    “Nos USA executivos ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio.”
    Pergunta para o trabalhador médio americano se ele quer a igualdade da Etiópia.

    Citando Piketty, Boff escreve: “O objetivo da economia não é o ganho mas sim o bem-estar de toda a população; o crescimento econômico não é um fim em si mesmo, mas um meio para dar vida a sociedades boas, humanas e justas”.
    Nesta observação Boff acertou. É interessante ver um comunista falando de bem-estar. Ele podia dar exemplo de bem-estar em país comunista, né? O sistema que tem a melhor maneira de gerar bem-estar para a população é o capitalismo. Alguns terão mais, outros menos, mas os que tiverem menos terão situações melhores do que os iguais dos países comunistas.

    “E como um gran finale a frase de Robert F. Kennedy:”o PIB inclui tudo; exceto o que faz a vida valer a pena.””
    O artigo de Boff, ao final, apresenta-se extremamente partidário, defensor do PT, e justificador da incompetência dos economistas petistas. Interessante que este discurso não foi usado de 2005 à 2011, quando o PT ainda não tinha conseguido ferrar tanto o nosso PIB.

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    • Thiago
      Seu pensamento é muito confuso. Não se sabe bem o quer. Mas uma coisa é clara: vc gosto dos ricos e não tem compaixão com a humanidade sofredora. Nem Marx colocaria o economico tão no centro cmo vc faz.Ajude a humanidade a se humanizar e tentar ser um pouco mais solidaria para com aqueles que menos tem ou que lhes foi expoliado.
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      • Desculpe, Leonardo. Mas citei cada frase sua que discordei, fui muito claro na minha abordagem, apresentei com clareza os equívocos que encontrei em seu raciocínio. Meu pensamento não está confuso. Está bem claro.
        Não gosto dos ricos. Parece que você que não gosta dos pobres. Os pobres nos países que receberam o comunismo hoje passam fome! Os pobres nos países capitalistas tem hoje uma situação muito melhor do que os pobres dos países que já foram comunistas. Isso ficou bem claro no texto. Os lugares onde os humanos sofrem mais são os países que já foram dirigidos pelo comunismo. Se você observar bem, defendi o pobre!!! Eu disse que no sistema capitalista os pobres tem um nível de vida mais satisfatório do que os pobres dos países comunistas. Eu pedi para o senhor citar exemplos de bem estar em países comunistas… cadê os exemplos?
        Se o senhor não entendeu, quando critiquei sua afirmação “Democracia e capitalismo não convivem”, fui irônico nas minhas perguntas, talvez isso tenha feito o senhor me achar confuso.
        O senhor tem todo o direito de discordar de mim (viva a democracia! Se estivéssemos em Cuba e eu fosse governante aí sim o senhor não poderia discordar de mim, lá não tem democracia!) Mas dizer que meu pensamento é confuso, que não sei o que quero, que gosto de ricos e que não tenho compaixão já é desonestidade intelectual. Ao invés de ver (ou pôr em mim) defeitos o senhor poderia responder minhas ideias, apresentar os pontos falhos da minha argumentação, estou aberto a críticas. Que o senhor que tem mais experiência, conhecimento e entendimento do que eu, me ensine, apontando meus equívocos! Respeito os mais velhos (coisa de gente de direita), e com muito respeito fiz a crítica discordando do senhor.
        Ou então, reconheça as falhas da sua argumentação e as corrija! Enfim, possibilidades mil!
        Marxistas não respondem minhas indagações, apenas me xingam e saem arrotando superioridade!
        Coloquemos as diferenças em xeque e cheguemos a uma conclusão juntos.
        Abraço.

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      • Thiago

        Vc está discutindo coisas velhas. Fqla ainda de paises comunistas, de comunismo e marxismo como se fossemmos ainda em tempos da guerra-fria. Não estou interessado pelo passado mas sim pelo presente. O capitalismo foi vitorioso. Melhorou o mundo? A encontro o está levando a borda de um abismo dada sua voracidade produtivita e consumista que está colocando o sistem-vida e o sistema-Terra em risco. Se não ve estas questões urgentes, torna o dialogo vazio e sem sentido. É facil chutar cachorro morto.Dificil é analisar as causas que produzem tais ameaças e saber de que lado estamos. Quero estar do lado das vitimas, dos invisiveis em amor dos quais, desde o final dos anos 60 até hoje elaboramos a Teologia da Libertação que não tem em Marx seu pai ou padrinho mas sim a tradição profetica e a pratica de Jesus para comos pobres.
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  39. Texto propício às discussões, sem ferir os direitos de pontos de vista diversos, tão difícil nesse mundo caótico que vivemos. Não somos donos(as) de nenhuma verdade que não seja estarmos vivos(as).
    Até os dias de hoje, pelo que eu saiba ou entenda alguma coisa, vivemos numa guerra de poderes. O mundo avança em muita coisa, estaciona e quase pára, segue em câmara lenta usufruindo da miséria do outro. Direitos todos nós temos a viver, ter uma vida confortável, construindo família, estudando, trabalhando e ajudando, repartindo com os demais. Sim, repartindo com os demais , eis aqui o nó da questão. O poder vive do poder.
    Percebe-se, que, quem chega ao pódio primeiro, leva a vantagem, se estabelece, quem tem mais força – capitalismo ou socialismo? Enquanto não houver reforma interna em cada um de nós, entendimento sobre a vida, haverá sempre esse desgaste entre teorias, conhecimentos e verdades entre nossos pontos de vista. E até hoje a frase de Jesus é atual:
    “Dai a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”

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  40. Óptima abordagem, Leonardo Boff!
    Quanto a mim, penso que problema das instituições humanas está na precaridade do Homem, seja ele capitalista ou socialista. A falha original, que legitima a discussão, situa-se na concorrência entre indivíduo e sociedade. A sociedade/instituição aproveita-se, da necessidade do indivíduo a protecção e a mais-valia, para, em troca de protecção, assumir o direito a regulá-lo. Ao afirmar o ideal de que “todos sejam iguais diante dos direitos” pressuporia instâncias justas que os imponham com justiça. O problema é chegar lá numa humanidade feita de desiguais com estruturas que fomentam os mais fortes na convicção de que estes é que garantirão o desenvolvimento e o futuro! Para se subir a escada da jerarquia só se consegue através da autoafirmação o que torna a instituição numa sociedade dirigida por autoafirmados! Daí concluir pela opção de um sistema seja ele capitalista ou socialista peca já de si do erro de pressuposto que o ser humano seria um anjo. Quanto a mim entusiasma-me o projecto JC, como protótipo do Homem a construir, começando pela revolucionarão do ser humano na descoberta da sua gene divina que levará cada pessoa a arrumar com os vendilhões do templo seja ele de caracter socialista ou capitalista.
    António Justo
    http://www.antonio-justo.eu

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  41. Por um lado, concordo com a tese inicial de Boff no que concerne à Europa. Ali o cerne da oligarquia dominava uma cultura milenar e, onde a conquista da liberdade e da dignidade humanas se deu com sangue, com o levante dos oprimidos que fez rolar cabeças de tiranos. No além-mar, a cultura dos povos, um conjunto de valores intrinsecamente formados no decorrer de muitos séculos, é que suscitou mudanças. As mudanças se operaram, porque as pessoas as queriam e literalmente lutaram por elas, ainda que com a participação interesseira de outros oligarcas… Entretanto, haveremos de, primeiramente, aportar-nos no Brasil ou em qualquer ponto da América e, agora sim, nos ater a uma cultura de pouco mais de 500 anos, estabelecendo um marco zero para esta discussão.
    Se conduzirmos este colóquio para o plano puramente subjetivo, haveremos de admitir que a liberdade, seja qual for a sua essência – financeira, ideológica, política, etc. – não é dada, mas conquistada. Já no campo da objetividade, a solução se torna mais simples. Se pretendermos combater a desigualdade de classes, aqui postulada como má distribuição de renda ou mesmo apropriação indevida dela, haveremos de criar o meio para prover tais classes, qual seja a geração de empregos. Há que se equacionar tal problema fazendo com que o capital gere os empregos necessários. Pilhar de quem tem, ainda que indevidamente o possua, é uma involução que nos reconduz aos tempos da barbárie, de onde saímos a duras penas.
    E aqui estamos nos reportando ao Brasil e nos atendo ao aspecto objetivo da questão, o econômico-financeiro como quer Boff. Aqui, o PT está moendo sobretudo a classe média e nos nivelando por baixo para sustentar os desprovidos. Ora, o fundamento do problema de que estamos nos ocupando não se reduz a promover a igualdade ou diminuir a desigualdade entre classes sociais de um modo tão simplista e artificial. Se assim o recomendasse o bom senso, outros governantes o teriam feito. Ou o PT acha que reinventou a roda…? Aliás, governantes anteriores – Itamar Franco e Fernando Henrique – é que iniciaram o sistema de concessão de benefícios sociais, adotando critérios racionais.
    Neste ponto, uma verdade há que ser dita: O PT tomou posse no governo deste país que lhe foi entregue num contexto favorável a um crescimento talvez 10 ou 20 vezes mais. Mas a incompetência do PT foi tamanha na pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva, que o partido de visão medíocre se ufanou com o pouco conquistado. Não podemos nos esquecer de que muitos de seus membros se estabeleceram no governo como um bando de famintos. E o cenário que se viu foi dinheiro na meia, dinheiro na cueca, dinheiro no paletó, dinheiro nas gavetas, dinheiro em malas… Sim, malas de dinheiro! Afinal, constataram que ali havia dinheiro como num poço sem fundo e sossegaram-se. Acrescente-se que o Brasil se transformou num canteiro de obras mal iniciadas e não concluídas… Enfim, se colocarmos na balança os custos e os benefícios do governo petista, o Brasil contabiliza prejuízos.

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  42. A tal da igualdade tão almejada deveria partir do principio de Direito e Respeito.Porém isto talvez seja mesmo impossível porquê não depende de líderes políticos ou religiosos mas sim de cada um de nós… e nós somos hipócritas demais para isto. Ficamos então na esperança do Reinado Universal de Jesus Cristo na Terra para ver como vai ser!

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    • Deus poderia ter distribuído porções iguais de Seu mundo a todos os habitantes. Mas então o mundo não teria sido mais que uma exibição dos poderes criativos de Deus, previsível como um jogo de computador e estático como uma prateleira de museu.

      Deus desejava um mundo dinâmico – um mundo no qual o homem, também, fosse um criador e provedor. Um mundo no qual os controles têm, até certo ponto, sido entregue a seres que têm o poder de escolher entre cumprir ou renegar seu papel.

      O homem tende para o bem, mas é igualmente capaz do mal; pode transcender o seu interesse imediato e, contudo permanecer ligado a ele. A ordem social será tanto mais sólida, quanto mais tiver em conta este fato e não contrapuser o interesse pessoal ao da sociedade no seu todo, mas procurar modos para a sua coordenação frutuosa. Com efeito, onde o interesse individual é violentamente suprimido, acaba substituído por um pesado sistema de controle burocrático, que esteriliza as fontes da iniciativa e criatividade. Quando os homens julgam possuir o segredo de uma organização social perfeita que torne o mal impossível, consideram também poder usar todos os meios, inclusive a violência e a mentira, para a realizar. A política torna-se então uma «religião secular», que se ilude de poder construir o Paraíso neste mundo. (Karol Józef Wojtyla – Johannes Paulus II)

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  43. […] Está causando furor entre os leitores de assuntos econômicos, economistas e principalmente pânico entre os muito ricos um livro de 700 páginas escrito em 2013 e publicado em muitos países em 2014. Tranasformou-se num verdadeiro best-seller. Trata-se de uma obra de investigação, cobrindo 250 anos, de um dos mais jovens (43 anos) e brilhantes economistas franceses, Thomas Piketty. O livro se intitula O capital no século XXI (Seuil, Paris 2013). Aborda fundamentalmente a relação de desigualdade social produzida por heranças, rendas e principalmente pelo processo de acumulação capitalista, tendo como material de análise particularmente a Europa e os USA. Mais aqui. […]

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