Crise terminal do capitalismo?

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adapatar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha, o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugual 12% no pais e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos paises periféricos. Hoje é global e atingiu os paises centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentitentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamene nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente, criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários paises europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhois gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra-cuidar da vida: como evitar o fim do mundo, Record 2010.

54 comentários sobre “Crise terminal do capitalismo?

  1. Sou pastor Cristão, e profundo admirador da pessoa e obra de Leonardo Boff. Preciso, direto, profético e inspirador! Louvado seja Deus pela sua vida! Que possamos de fato e de verdade repensar o mundo, as políticas, e a mentalidade. Que caia de vez o capitalismo! Espero ancioso a manifestação de um outro sistema de governo, uma monarquia, um reino! Obrigado!

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  2. Texto excelente! É verdade, cada vez mais a classe trabalhadora está se especializando (por necessidade do capital) e abrindo os olhos pra essa triste realidade. Mas para que ela de fato adote uma postura diferente grandes barreiras ideológicas precisam ser quebradas.
    ” A burguesia, porém, não forjou somente as armas que lhe darão morte; produziu também os homens que manejarão essas armas” Manifesto

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  3. Que esses poucos que sustentam essa tese, sejam os muitos que farão a diferença… e que as consciências sejam clareadas pela realidade que nos assola…
    Muito bom instrumento de reflexão, por isso compartilho sempre seus artigos…
    Um abraço fraterno ao sr. e a todos…

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  4. Concordo com o Boff: é o planeta que não aguenta mais o capitalismo, além, evidentemente, da exploração do homem pelo homem. Mas, precisamos de alternativas, pois que tudo evolui através das necessidades, das vicissitudes, isto, individual e coletivamente falando. Existe uma palavra chinesa “waishi”, que significa crise e que é composta por dois vocábulos: wai significando perigo e shi oportunidade. Então, é preciso que humanidade saiba aproveitar a oportunidade, agora, muito ajudada pela crise ambiental, de dar um chute no capitalismo vil.
    Porém, mesmo que eliminemos o capital como o principal impulsor da sociedade, o nível de emprego nunca mais vai ser o mesmo, devido ao crescimento populacional e ao avanço tecnológico. Então, recaimos numa antevisão meio complicada de futuro em que a base poderá até ser um verdadeiro socialismo, porém, adaptado a certas condições futuristas que se alinham a uma transformaçao radical da sociedade a nivel econômico, cultural e social, muito difícil de ser prevista tal a velocidade imprimida pelos meios de comunicação.

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  5. A conclusão é lógica e o material excelente para reflexão. Vejo da mesma forma essas questões globais.
    Creio que milhares de pessoas assistem à agonia final do sistema capitalista no seu formato atual. Mas tenho me perguntado repetidamente: quando e como os homens que comandam os habitantes do planeta farão as mudanças necessárias para preservá-lo? Qual é a solução, se é que há?
    Os movimentos dos jovens desempregados e sem perspectivas nos cinco continentes serão capazes de provocar reações favoráveis nos donos do dinheiro a ponto de saírem redistribuindo a riqueza? Ou será necessário apossar-se a força da matéria para acalmar os espíritos dos inconformados? Alguém teria que liderar uma grande revolução, como fez Jesus Cristo em seu tempo. Há tempo?

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  6. […] 0 Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adapatar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação. A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredan … Read More […]

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  7. Caro Boff

    Seus ensinamentos, sua inspiração e sua obra são de grande relevância, merecendo lugar de destaque em todo o mundo.

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  8. Olá Leonardo… sou um profundo admirador dos seus textos, mas não sei se no momento consigo olhar para o cenário com tanto otimismo assim, dizendo que o capitalismo encontra-se em fase terminal… já assistimos outros momentos de adaptação do sistema e seu rearranjo em torno de uma ou outra classe dominante… não sei se essas manifestações não são apenas “deformações” ainda não absorvidas… tomara que você esteja certo…
    Ademais, tomando por base o cenário brasileiro e não europeu, vemos que as camadas de mão de obra especializada tem, na sua maioria, grande potencial técnico e pouco conhecimento reflexivo e holístico…

    Grande abraço, saudações

    Marcelo

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    • Marcelo,

      Concordo com sua observação, de fato, o conhecimento especializado que o capitalismo exige é muito mais técnico do que reflexivo.

      Abrs,

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  9. Sempre lhe sou muito grato por suas contribuições, é revigorante seus pensamentos a todos aqueles que são aviltados por esse modelo avassalador.

    Para aquele que esta sentindo na pele a dor e aflição do conflito estreito de formar cidadãos críticos e conscientes, como protagonistas de sua própria realidade, fomentando o nascimento de uma cidadania planetária, é imprescindível a sua voz.

    Lhe sou grato, por se expressar quão dignamente gostaria de fazê-lo, lhe sou grato por multiplicar suas maiores riquezas e nos permitir fazer o mesmo levando seu brilhante esclarecimento a outros, lhe sou grato, por me trazer paz nesse momento crucial de nossas vidas.

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  10. o capetali$mo quando moribundeia, apela aos grupos fascistas pra se manter de muletas sobre as desgraças que cria, reproduz e mata. autogestão e anarquia!!! pois todos os sistemas políticos tem amparo em E$tados que sempre manterão de pé o privilégio duns sobre a exploração dos tantos, a história por testemunha e a terra desolada como fato! Saudações anarquistas dum sem teto em rio das pedras, amigo da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ).

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  11. gostei do texto, parabens

    que venha a revolução em escala global,

    mas antes disso

    precisamos também da revolução da consciência global xD

    não adiante que o mundo mude, com as pessoas pensando do mesmo jeito,

    se não reviveremos a historia

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  12. Excelente texto, com muitas verdades e alertas. O capitalismo precisa urgente de mudanças e limites, pois a terra está sendo destruída e os abismos entre os muito ricos e os muito pobres aumenta de maneira acelerada.

    Precisamos de um sistema que inclua a valorização da vida, a responsabilidade para com as gerações e a preservação do meio-ambiente na lógica de mercado.

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  13. Claro! Ha pelo menos 30 anos atrás isso já era visível. Mas aí estávamos em plena afirmação do “Consenso de Washignton” e tudo virou “conjuntura de mercado”.

    Mas a ficção se desfaz, finalmente. E a fase infantil da humanidade (capitalismo aplicado) será substituido (ainda que a duras penas) pelo amadurecimento do socialismo. E o mundo poderá se tornar prazeroso e solidário pela revisão dos processos produtivos, pelo trabalho alforriado pela tecnologia inerente. Dispensa-se o capitalista. Dispensa-se o parasitismo social.

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      • Ao invés de querer saber quem é Diogo Costa, por que não refuta os argumentos dele de modo objetivo?
        Ou por que não aceita os termos (ou proponha outros) e entre na aposta?

        Atacar a pessoa não anula em nada a argumentação racional dele.

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    • Sinceramente, não vi nenhum desafio, apenas um ponto de vista alienado e sem sensibilidade, bem ao estilo mecanicista e reacionário…

      Obs; ta mais pra perda de tempo do q desafio…rs

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      • Quem é você e quem é Diogo Costa?

        Talvez daqui a 50 anos você consiga contribuir com 1/10 do que o Leonardo Boff já contribui para toda humanidade.

        Alias a maneira com que você escreve já mostra o tipo de pessoa que você é.

        Faça me um favor…

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      • Caros amigos q acompanham o blog oficial do nosso querido e Iluminado Mestre L. Boff, não percam tempo com conversinhas desse naipe, uma perda de tempo sem conteúdo nenhum, o cara delira sem a sensibilidade adequada a questão tão complexa e que estamos inseridos… literalmente um alienado com os pés bem confortáveis, sem nunca ao menos ter vivido com alguém necessitado e nem ter passado necessidade…

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      • Nenhum debate ou discussão racional é perda de tempo. Normalmente esse tipo de argumento é usado por sacerdotes (para não precisar justificar uma revelação divina) ou totalitários (para não justificar suas ações)!

        Ninguém possui a verdade. Iluminado ou não, Boff não pode ser imune aos argumentos. Para isso existe livre-arbítrio.

        Dois artigos para se abrir para novas ideias:

        A tentação totalitária (Luiz Felipe Pondé): http://avaranda.blogspot.com/2011/07/luiz-felipe-ponde-tentacao-totalitaria.html

        Abaixo o capitalismo! (Fabio Barbieri):
        http://www.ordemlivre.org/node/1334

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      • Fox, totalitarista é quem defende o capitalismo, esses são totalitaristas, pois seguem a lógica da liberdade TOTAL do individuo, inclusive subjugar e dominar ao próximo que sofre sem chance de ter as necessidade básicas de Vida suprida pela ilusão do sistema capetalista… do resto ainda continuo com a questão da perda de tempo, sendo essencial o dialogo, porem com conteúdo sensível a realidade, não a nossa pessoal… entende???

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  14. A Crise do Capitalismo (vídeo)
    .
    “Nesta animação da RSA, o renomado acadêmico David Harvey questiona se não é hora de olhar para além do capitalismo, para uma nova ordem social que nos permita viver dentro de um sistema que realmente poderia ser responsável, justo e humano?” (youtube)
    .

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  15. Senhor Boff, seu pensamento é muito certo mas deixa-me umas perguntinhas. É um fato que economias como a Espanha, Portugal e a Grecia sofrem duma crisis capitalista muito forte. Os casos da Espanha e dos Estados Unidos, por exemplo, foram causados pelas “Bolhas” de imóveis, onde os bancos deixaram-se levar pela quantidade de empréstimos, que nunca ninguem pagou porque nunca existiu tanto dinheiro, achando depois a explosão da bolha.

    Agora, veio muito distante a crise terminal do capitalismo cuando são as economias que estão surgindo agora como a China, o Vietname, a República Checa e a Polônia (países comunistas e ex-comunistas) as que implementando reformas econômicas de mercado livre e investimento privado as que lograram levar suas economias e sociedades à um melhor estado. Agora a classe média china é cada vez maior e esta cresce rapidamente. Mais é claro que estas economías têm seus contras. Na China ainda o partido comunista não permite a livre expressão e a população dedicada a agricultura no leste do país esta agora sendo marginalizada. Também é o consumismo e o uso de tecnologias obsoletas o que esta deixando problemas graves para o ambiente que depois virá a cobrar a conta dos chinos, no caso de continuar com a misma ideologia ecológica.

    Mas então, se for verdade que a crise capitalista é terminal, Onde fica a China? Vai parar a privatização lá? Os países que estão surgindo na Europa (Polônia, R. Checa) Vão deixar seu modelo que está dando frutos? Não olvide também que os países con maior índice de desenvolvimento humano (Noruega, Islandia, Finlandia, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, etc) continuam sendo capitalistas e ali as pessoas têm conocimentos técnicos de primeira categoría, ainda eles não vão pela rua falando da perversidade do sistema capitalista.
    E se o capitalismo morre, que fica depois?

    Saudo da Costa Rica, Pura Vida

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  16. Não concordo com o texto em momento nenhum; na verdade, achei muito tendencioso para um modelo econômico que não funcionou em nenhum país. Onde ainda existe marxismo/socialismo/comunismo? China? A China está cada vez mais com a economia aberta, porém a liberdade de sua população praticamente inexiste.

    Achei a resposta do link abaixo mais interessante:
    http://www.ordemlivre.org/blog/?p=2813

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    • Nunca funcionou porque nunca foi implantado devidamente. Ou acha que ditadura é o mesmo do que socialismo?
      Estude antes de vomitar essas asneiras em um blog como esse.

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      • Nem Platão, nem a Igreja, tampouco Marx poderiam supor como se constitui a matéria. Ironia: se a matéria é apenas um estado energético – E=Mc2 -. o materialismo não tem sequer objeto .O que me diz a respeito, sr Boff?,

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  17. Reparei em suas observações anteriores vivenciarmos numa crise de paradigma. Se lembro, havia um repúdio à cultura ocidental, e um certo reconhecimento à cultura asiática. Concordo plenamente. O fito do Ocidente é o poder, especialmente depois que Deus colocou o mundo a nossos pés, como declinou Francis Bacon. Do outro lado, vige o simples usufruto. Por total infelicidade, há 2.500 anos o Ocidente se encantou com as metonímias de Platão, que prometia poder total aos seus ouvintes. Desde então usamos suas duas pernas-de-pau – a estória do Demiíurgo, consubstanciada pela de Orfeu e levada ao extremo pela invenção de Constantino, o pau da perna esquerda. A direita, levado a cabo pelos Trinta Tiranos que liquidaram Atenas, depois o Império Romano, o Bizantino, o Sacrosanto Germânico, levado ao extremo por Maquiavel, redundando no Napoleônico, o Nazista, e o Império Soviético.
    Como vemos, muito fácil estabelecer o fio-de-ariade, condutor da insanidade reinante no mundo, pois ele vai diretamente à caverna da viúva de Sócrates, depois amante de Dion, o Príncipe do Tirano de Siracusa.
    Há século houve o anúncio de Spengler assinalando o declíneo do Ocidente. Ainda tivemos que passar pelo fascismo, pelo nazismo, pelo comunismo, e a guerra mundial. Agora chega de tanta empulhação.

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  18. Não encostamos no limite da terra. Toda a população do mundo caberia na Austrália, sendo que cada pessoa teria um hectare para si, sem causar desastres naturais, nem atentar contra a saúde do planeta. Chegamos é no limite do homem, e de seu egoísmo desmedido, gerado por um tédio com a vida, imenso. Foi esse tédio, aliado à uma enorme ganância e vontade de potência, que propiciou o surgimento do capitalismo, o reforço do egoísmo, mas oras, vamos todos nos destruir, na melhor das hipóteses. A pior seria, a elite nos destruir e gozar de uma vida serena, regada à toda a tecnologia produzida por um trabalho quase escravo, por cem, cento e cinquenta anos, e Deus deixar. E parece que Ele deixa. Deixa o mal subtrair todo o sentido.

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  19. Tanto o socialismo quanto o capitalismo podem funcionar bem, dependendo das condições locais e até regionais de um país. O problema é o homem com sua sede de dinheiro e poder. Se houver a verdadeira fraternidade pregada por Jesus e os homens se entenderem, qualquer um dos regimes pode funcionar, pois haverá também liberdade e não a exploração do homem pelo homem. Evidentemente, que os dois regimes foram sempre muito mal aplicados em função de nosso atual patamar evolutivo. Precisamos então aprender a conviver melhor, fraternalmente, e aí, qualquer um dos regimes funciona.
    O que não pode é uma minoria absoluta, seja de pessoas ou de países, concentrar a maioria das riquezas, senão vai haver sempre um desequilíbrio no planeta.
    O que não pode também é expulsarem as pessoas humildes de suas moradias sem um planejameno prévio, onde vão ficar alojadas, etc. em pleno inverno, como assiti ontem em São Paulos, por que a dona do terreno assim quis e um juiz determinou de uma hora para outra; isto, depois de deixarem elas ocuparem a construirem suas casas no local.
    O grande problema não é o regime e sim, ainda o homem.

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  20. O problema não é com o capitalismo, comunismo, socialismo, marxismo ou qualquer outro ismo ou não ismo que vierem a criar. O problema é com o homem.

    Se a moeda de troca deixasse de ser o capital e passasse a ser o tempo, como mostrado no filme de ficção “O preço do amanhã”, a exploração do homem, da natureza, continuaria sendo a mesma, obviamente haveria alguma mudança no ‘modus operandi’, mas a exploração continuaria, pois “os homens são ingratos, dissimulados, inimigos do perigo e ávidos por ganhar”, como descreve Nicolau Maquiavel, ou são pecadores e caídos, como descreve a Bíblia.

    Se formos à História, podemos ver o caso da Rússia e de Cuba, por exemplo, em que homens fizeram “revolução” buscando mudanças (e acredito que muitos deles queriam mudanças reais para melhor, queriam outra vida para o seu país e o seu povo), no entanto o que aconteceu? Governos foram mudados, de fato, mas o “mal” continuou o mesmo, com mudanças aqui e ali, mas a estrutura de exploração continuou a mesma…

    No Brasil, temos um exemplo recente com o PT, que prometia tantas mudanças, no entanto, continuou sendo outro governo de FHC: política econômica, fiscal e cambial foram as bandeiras mestras desses governos. A dívida pública federal está em 1,806 trilhão segundo dados de outubro/2011 e o financiamento dessa dívida custou 170 bilhões só este ano. O que faríamos com esses recursos nas áreas de educação, saúde e combate a miséria a fim de formarmos um mundo melhor? Pense você.

    No entanto, o pior e o que mais entristece é pensar que mesmo se investíssemos nessas áreas isso não garantiria em nada um mundo melhor. Vejam a Europa: educada, fisicamente saudável e com pouca miséria (considerando os parâmetros mundiais), mas os homens são tão explorados lá como em qualquer outro lugar… A crise que está assolando países europeus revela isso. É verdade, eles têm casas e carros, prédios e praças com flores, torres, teatros, museus, mas a exploração é a mesma, são grandes os números de jovens que se perdem em drogas e álcool, suicídios, depressão, são muitos os que são explorados dentro e fora da Europa para manter o que vemos nas TVs e revistas…

    Então, quem há que possa transformar o homem?

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  21. Hoje assistimos uma destruição humana, do trabalho e da natureza. O capitalismo vem encontrando as suas saídas para as crises, mas diante do que podemos ver hoje, é claro que estamos diante de uma limitação: o ambiente está sendo destruído de uma maneira que não tem como se retornar. O consumismo, a busca por superlucros desenfreado, o caos instalado pelo sociedade capitalista e toda a sua destruição tem um fim que é material. Podem destruir o trabalho e o ser humano, mas precisam deles para consumir e reproduzir o capital, podem destruir a Terra, mas precisam dela para produzir mais dos seus lixos tecnológicos e, principalmente, os ricos também precisam da Terra, são seres humanos, mesmo com esta capa de robôs. Logo, se não chegamos a outro tipo de sociedade mais humana, sem exploração, dominação, alienação, também não chegaremos muito longe com este tipo de sociedade. O capitalismo está fadado ao fracasso. Espero que não fiquemos assistindo a isso de braços cruzados, mas com tantas defesas que venho presenciando da própria classe trabalhadora pelo capitalismo, chego a desconfiar que as pessoas estão cegas, surdas e mudas pelo seu individualismo e ausência de consciência, O capitalismo vem cumprindo bem o seu papel ideológico…

    Queria deixar uma questão: sou marxista e muitas vezes em debates sobre capitalismo e socialismo, as pessoas defende que nos países do norte da Europa (Noruega, Suécia,…) o capitalismo deu certo. Então, gostaria de entender porque esta defesa? Nestes países relmente não existe pobreza? As relações de exploração do capital sobre a classe trabalhadora são escamoteadas por melhores salários? Os capitalistas e governos nestes países ainda conseguem sustentar um Estado de Bem-Estar social mesmo diante das crises capitalista a partir da década de 70? Não existe desemprego e corte nos gastos com o social nestes países? O desenvolvimento econômico destes países não depende da exploração de outros países em desenvolvimento? Como se dá a relação entre os capitalistas destes países e o resto do mundo?

    Estou cansada de ouvir defesas sobre o capitalismo onde se coloca como exemplo os países do norte da Europa. Já busquei na internet, mas não consigo entender como estes países ainda estão isentos de uma crise. Se alguém puder me esclarecer, fico muito agradecida.

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  22. Li o artigo de Leonardo Boff e alguns dos comentários sobre o mesmo. Independentemente da ideologia do autor, eu concordo em termos gerais, com suas predições.
    Gostaria destacar porém, que não se está discutindo somente um assunto que diz respeito ao futuro do capitalismo, o que está em pauta é o destino da humanidade. Desde este ponto de vista qualquer análise num período de uma década, segundo proposto num dos comentários, me parece inadequada.
    Eu vejo o problema desde um prisma muito mais abrangente, o do papel do ser humano no planeta, que em sua curta existência, um piscar de olhos em termos evolutivos, vem quebrando um equilíbrio logrado através de centenas de milhões de anos.
    O problema não está no sistema econômico ou político, está na natureza humana.
    Os dinossauros dominaram o planeta durante cento e cinquenta milhões de anos, o homem o tem feito por cento e cinquenta mil anos (0,1%), alguém já se perguntou como chegaremos, e se chegaremos, ao 0,2% da existência de aqueles?
    Os seres vivos tem se adaptado sempre a mudanças paulatinas das condições do planeta e sucumbido total ou parcialmente quando estas foram demasiado bruscas. A mudança que o homem está introduzindo pertence a estas últimas, levando ao que é chamado hoje de sexta extinção em massa, a do holoceno. Esta seria a única extinção de origem não geológica ou cósmica.
    Segundo James Lovelock, pesquisador independente e ambientalista, quem sugeriu a “Hipótese de Gaia” com base nos estudos de Lynn Margulis, para explicar o comportamento sistêmico do planeta Terra, a situação é simplesmente aterradora. A deterioração ambiental que provocamos no mundo já passou do ponto de retorno e a civilização como a conhecemos hoje, em breve deixará de existir.
    O quê tem de diferente o homem com respeito a todas as outras espécies? Inteligência? Não, sua natureza (ganância e crueldade como características principais).
    Desde quando o homem deixou de ser caçador-coletor, dez mil anos atrás, criou grupos estabelecidos, civilizações (???) e passou a guerrear para nunca mais parar.
    A guerra passou a ser, e é ate hoje, motivo de demonstração de força, como no caso de Iraque, segundo declarações de Richard Clarke, ex-chefe de serviço americano contra o terrorismo, em entrevista a Geneton Moraes Neto:
    http://globotv.globo.com/globo-news/globo-news-dossie/v/ex-chefe-de-servico-contra-o-terrorismo-revela-detalhes-de-reunioes-com-george-w-bush/1626703/
    Já estivemos perto duma hecatombe nuclear e provavelmente não será a última.
    Bem disse Albert Einstein: “Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras”.
    Vejamos sobe o ponto de vista do crescimento populacional do planeta:
    No primeiro século da era cristã a população do planeta era de 300 mil habitantes e permaneceu constante até o século X. No século XVI tinha dobrado para 600 mil. Em 1800 era de um bilhão, para passar a ser de sete bilhões em 200 anos. Dá no que pensar, não dá?
    Se a humanidade hoje adotasse o modo de vida dos países mais ricos, seriam necessários entre 3 e 5 planetas para suprir as necessidades de todos. É claro que um bilhão de terráqueos são desnutridos e que os ricos são minoria, o que nos permite viver num único planeta. Eu acho que, por razões óbvias, os tais “ricos” não estão interessados numa mudança da situação atual.
    Segundo James Lovelock, pesquisador independente e ambientalista, quem sugeriu a “Hipótese de Gaia” com base nos estudos de Lynn Margulis, para explicar o comportamento sistêmico do planeta Terra, a situação é simplesmente aterradora. A deterioração ambiental que provocamos no mundo já passou do ponto de retorno e a civilização como conhecemos hoje, em breve deixará de existir. Iremos culpar o capitalismo por isto? Seria muito diferente noutro sistema econômico?
    Desde uma visão menos abrangente, vale observar que a frota de carros nas grandes cidades do Brasil deverá dobrar em dez anos. A ordem é crescer a qualquer custo, segundo a “filosofia da célula cancerígena”.
    Nesta explanação tenho deixado um pouco de lado o assunto capitalismo para tratar da natureza humana, que em última instancia é o âmago de tudo.

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