Carnaval: “adeus, carne”, uma metáfora do reino da liberdade

Dei uma entrevista à jornalista da Globo, Patrícia Kalil para [http://redeglobo.globo.com/globocidadania]. Ela  consultou outros especialistas sobre o tema, especialmente Roberto da Matta. Aproveiou algo do minha contribuição. Fez um bela e extensa matéria  da qual eu mesmo  aprendi muito.Leiam-na que vale a pena.

Como é carnaval, tomo a liberdade de publicar a minha parte, esperando não magoar a entrevitadora. Uso as perguntas dela.

lboff

**************************

1. Li referências do tempo em que o carnaval nasce primeiro como manifestação popular na antiguidade para agradecer a chegada da primavera (ou da vida no hemisfério norte). Depois, durante o período medieval, a festa é assumida pela Igreja, algo que pelo que pesquisei só permanece até o final da idade média. Por que o carnaval deixa de ser da igreja? Em algum lugar ele ainda é vinculado à Igreja?
    
R/ O berço do carnaval ocidental se encontra na Igreja, apesar dos antecedentes na cultura greco-latina. O próprio nome carnaval lembra esse fato. A palavra “Carnaval”  é a combinação de duas palavras latinas: “carnis” que é carne e “vale” que é uma saudação, geralmente no final das cartas ou no final de uma conversa. Significa “adeus”. Então antes de começar o tempo da quaresma na quaarta-feira de cinzsas, que é tempo de jejuns e penitências, se reservaram  uns dias anteriores para dizer “adeus” à “carne”. Pois durante todo o tempo da quaresma não se podia comer carne, como ainda hoje em algumas regiões na Baviera alemã. De festa de  cunho religioso passou a ser uma festa meramente profana, na qual tudo podia ocorrer como bebedeiras e até prostituição aberta. Ai a Igreja se afastou mas nunca totalmente. Em muitos lugares, como no convento  franciscano em que vivi em Munique, nos meus tempos de estudo universitário, os frades no carnaval dançavam no convento e chamavam freiras dos conventos vizinhos para dançar com eles. E depois se revezavam: os frades iam dançar no convento das freiras. E se bebia vinho e cerveja e muitas salsichas com mostarda. Mas tudo na maior decência. Não deixava de ser engraçado de ver aqueles hábitos de frades e de freiras esvoaçando em círculos. Eu como brasileiro no início ficava escandalizado, pois no Brasil não havia isso. Mas acabei entendendo o sentido de liberdade antes de começar o tempo do rigor e das penitências que eram sentidas à mesa, mais sóbria e na falta de cerveja e vinho.

2. Encontrei referência que citam a origem do nome como carnis levare (de retirar a carne) e como carnis valles (retirar o prazer). Qual das duas deram origem ao nome carnaval?
R/ Ficou respondida anteriormente

3. Calha que essa festa popular pagã usa o calendário cristão para se posicionar. E o carnaval, ao longo do último século, sofreu transformações importantes dentro do seu papel em comunidades e valorização do ritmo negro para hoje ser algo mais ligado ao showbusiness e não necessariamente social. Como o senhor vê o papel do carnaval no Brasil, historicamente, e a relação entre Igreja e essa festa popular

R/ O carnaval possuía no passado e posssui ainda hoje grande significado sociológico e antropológico. Há a intuição no povo e uma certeza entre os estudiosos de que a sociedade com suas hierarquias e papéis definidos é uma construção humana. Ela é fruto da vontade, geralmente, dos poderosos que estabelecem as leis e as ordens que os beneficiam. É o mundo da ordem estabelecida. A sociedade é assim uma construção que tem algo de arbitrárip.O carnaval é a inversão desta ordem. É conduzir a todos ao estado original onde não havia hierarquias e papéis, ordem no qual todos eram iguais. No carnaval cria-se um caos criador. Invertem-se os papéis. O rei deixa de ser rei e cria-se o rei Momo; o rico se veste de pobre; o pobre se veste de rico; a empregada  anônima vira a princesa da ilha encantada; o vendedor de rua se transmuta em príncipe e o príncipe num escravo. Até no carnaval romano os escravos, durante aqueles dias, ficavam libertos. A sociedade precisa tirar as máscaras e voltar ao seu estado “natural”. O carnaval possui uma função socialmente terapêutica: pela inversão dos papéis todos podem se recriar, dar vazão ao que no fundo gostariam de ser. Essa reviravolta, para acontecer, deve vir acompanhada de uma mudança de consciência; dai a importância da bebida e da comida que produz esta alteração:  alteram-se as relações entre todos. Agora não funciona o tempo do trabalho com leis, normas, prescrições e comandos. Funciona o tempo livre, liberto das injunções,o ansiado reino  da liberdade de cada um ser, pelo menos por um momento, aquilo que lhe passar pela cabeça. Pelo fato de no tempo  medieval tudo era regido pela religião e pela Igreja, os carnavais se realizavam dentro do espírito de alegria e de liberdade permitidas por estas instâncias. Era a famosa festa dos foliões. Leigos podiam se vestir de bispos e até de papas. As máscaras eram para esconder as identidades e no fundo para dizer que tudo na sociedade e tambem na Igreja são máscaras. Bobos somos todos que as tomamos a sério e cremos nelas. São os papéis sociais. Mas chega um momento que nos damos conta de que as máscaras são apenas máscaras e que os  papéis sociais são criados e distribuidos conforme a vontade dos que detém o poder. E que no fundo somos todos humanos que tem as mesms necessidades básicas que são intransferíveis. O presidente da república não pode dizer ao secretário: vá fazer pipi para mim. Ele mesmo tem que ir. Na medida em que a sociedade foi separando o sagrado do profano, o carnaval escapou do controle da Igreja. Ganhou sua identidade própria. Mas o seu significado básico continua o mesmo. O importante é que seja feito pelos populares, por aqueles que socialmente nada contam. No carnaval eles contam. São aplaudidos quando normalmente são eles que devem aplaudir. Especialmente importante é o carnaval para os afro-descendentes: sempre estiveram por baixo, eram os invisíveis. Agora se tornam visíveis, mostram a sua rica humanidade que lhes tinha sido roubada e continua ainda a ser roubada. Dai que no carnaval mostram todo o seu potencial criador. Bem dizia o Betinho: o carnaval carioca é a nossa Mitsubishi.Quer dizer: tudo funciona maravilhosamente como funciona  a fábrica de automóveis japonesa.

4. Para finalizar e porque o carnaval é uma festa altamente ligada ao prazer e a liberdade, direitos cada vez mais exigidos, por que a condenação do prazer é algo tão marcante na vida religiosa? O vilão é mesmo o prazer ou é o egoísmo, a falta de humanidade, de compaixão, de respeito pelo próximo e pela vida? Por que tanta culpa pelo prazer? Por que, afinal, o homem sente prazer.

R/ A essência do carnaval é tirar os super-egos castradores e ordenadores da vida social. Eles são responsáveis pela ordem. A ordem sempre impõe limites, cerceia o campo da liberdade, quando esta quer não ter cerca nenhuma para se expressar. Quer espontaneidade e supõe criatividade. É nesse âmbito que o ser humano se sente feliz. Porque há um momento em que os controles caem e os homens da ordem não tem mais poder para impor a ordem. Eles mesmos aproveitam a liberdade e tiram a máscara. Viram gente, gente livre, que brinca, come e bebe sem se impor ordem. O prazer é essencial na vida, também para as religiões, embora tenham sublimado o prazer projetando-o no céu. Mas não existe céu sem terra. O prazer começa no tempo  e culmina na eternidade. Prazer é irradiação da vida, a sensação de estar sem amarras e viver segundo seu ritmo interior. A busca da droga se deve a isso: ela produz prazer. Somente que este prazer é destrutivo. Para curar alguém da droga precisa-se inventar outras fontes de prazer que não sejam destrutivas. Qualquer outro método é condenado à ineficácia. O carnaval resgata os direitos do prazer, do corpo embelezado, ou libertado de adereços e roupas. O carnaval, de forma secular, nos lembra que o céu não é outra coisa que um eterno e infinito carnaval de Deus e com Deus, onde o ser humano pode ser radicalmente humano, por isso totalmente livre, livre para plasmar a sua vida, construir a sua figura e viver de festa em festa. A Igreja antiga, especialmente a oriental, a ortodoxa, elaborou toda uma reflexão do céu como uma dança celeste e Deus como o Grande Dançarino. Criou o universo num momento auge de sua dança: jogou para um lado as galáxias, para outro as estrelas, depois inventou a fauna e a flora e num passe mágico de dança, o ser humano. Tudo é fruto do Deus dançarino. Não há festa sem bebida e sem comida. Elas expressam a vida. Não bebemos nem comemos para matar a fome. Isso é outro momento. Bebemos e comemos para celebrar. E toda festa tem que ter abundância de comida e bebida, senão não é festa. Mesmo nas comunidades em que trabalhei, muito pobres, as festas eram feitas com abundante pipoca e coca-cola, a ponto de sobrar. Tem que sobrar senão a festa não é boa. O carnaval tem sempre excessos. Mas eles não devem ser entendidos moralisticamente. Eles tem uma função humana: violar a ordem, afastar os limites, exorcizar os controles, pois tudo isso foi inventado pelos seres humanos, especialmente, pelos que tem poder de se impor aos outros. No carnaval se volta ao caos originário. Ele nunca é caótico, mas criativo. No carnaval todos tem a sensação: finalmente estamos livres, podemos viver como  gostaríamos, podemos inverter os papéis porque eles não passam de papéis. O carnaval é uma metáfora do que pode ser a  humanidade um dia reconciliada e feliz.

Mas como tudo o que é sadio pode ficar doente, assim no carnaval há doenças no sentido de alguns extrojetarem seu exibicionismo, se embebedarem em demasia e aproveitarem a liberdade reconquistada  para se vingar dos desafetos. Mas essa é uma patologia, uma doença. E toda doença  remete à saúde. Quer dizer, o carnaval é algo saudável especialmente em sociedades de grande desigualdade. No carnaval as desigualdades caem. Todos estamos juntos para festejar, comer e beber numa ilimitada fraternidade.

Eu não posso me imaginar o céu senão como um eterno carnaval ou então uma luminosa virada de ano na praia de Copacabana, na qual todos se confraternizam, conhecidos e desconhecidos, chorando de alegria pela beleza dos fogos. Quando alguém chega ao céu, imagino eu, Deus lhe prepara como recepção um carnaval ou uma festa de virada de ano com fogos e luzes sem fim. E a alegria começará e o bom é que será então eterna. Bom carnaval para quem gosta.

Eu, coitado, fico em casa tirando os atrasos dos textos e livros que estou escrevendo.

42 comentários sobre “Carnaval: “adeus, carne”, uma metáfora do reino da liberdade

  1. “Eu, coitado, fico em casa tirando os atrasos dos textos e livros que estou escrevendo.
    Compartilhar:”
    Não acho, como tu faz com prazer, não deixa de ser um carnaval particular. E você não está sozinho rsrsrsrsrsrss

    Curtir

    • Leonardo, como gosto do que você escreve, existe uma sintonia de beleza e harmonia e proclama e anuncia a liberdade…Você é lindo!!!
      Um abraço com ternura e bom Carnaval.
      Olga

      Curtir

  2. Já gostei deste carnaval sem excessos.Hoje prefiro meu mundo de livros,leituras e a arrumação do espaço físico e emocional…e,o espiritual

    Curtir

  3. Lindo seu texto, destaco a grande verdade:” o carnaval é algo saudável especialmente em sociedades de grande desigualdade. No carnaval as desigualdades caem”.Parabéns!

    Curtir

  4. Uau! Como cristão protestante nunca havia pensado no carnaval com esse olhar. Obrigado pela nova perspectiva. Contudo, não se torna um pouco contraditório seu comentário final? Me deu o entendimento que o carnaval é bom, mas só serve para os outros, pois eu ficarei em casa.

    Na minha leiga percepção o carnaval não se originou com a igreja, mas sim foi absorvida pela mesma como uma estratégia da ICAR para manter ou “satisfazer” seus seguidores..

    Outra pergunta, se eu tiver errado e o carnaval realmente tiver uma origem com a igreja, será que este sentido já não se perdeu há muito tempo? Se sim, o que é melhor tentarmos fazer uma recuperação do “sentido original” do carnaval ou uma apologia contrária a ele? Digo isso de um ponto de vista pragmático como um jovem que vive em um mundo pós-moderno no século XXI, pois não vislumbro uma “purificação” desta festa aos termos aqui propostos. Muito pelo contrário, vejo jovens/adolescente cada vez mais cedo se prostituindo e se entregando a excessos que só geram sofrimento no curto e médio prazo.

    Paz e bem!

    Curtir

    • Luis Felipe,
      É certo que o carnaval surgiu num contexto litúrgico. A quaresma antiga, ainda no meu tempo, era coisa séria, de restrição de festas, não podia haver bailes, cada sexta-feira era de abstinência de carne Antes de entrar neste regime mais severo a Igreja permitia que as pessoas aproveitassem para se divertir, comer, beber, dançar…E depois com muita cinza na cabeça começava a quaresma.No meu tempo o pessoal saia do baile e ia direto à Igreja a receber a cinza. Eu adorava por muita cinza na cabeça das madames e naqueles que vinham de peito aberto.E eles se sentiam “perdoados”.
      Logicamente a sociedade se seculrizou e tambem o sentido do carnaval. Hoje é uma festa popular do calendário, com desfiles….dias em que as pessoas se tomam a liberdade de “vadiar”, de não precisar fazer nada. Alias no Brasil não se faz nada de serio , nem negocios, antes do Carnaval. Tudo é para depois do carnaval. Agora começa o ano laboral.
      Precisamos superar uma visão moralista, frequente nos irmãos evangelicos, muito ligados ao pecado e à cruz.A festa tem seu lugar. Jesus compara o Reino a uma festa de casamento, a um banquete.
      Mas como em todas as coisas, há sempre defeitos, excessos que não invalidam a essência original boa do carnaval. O extravio atual da juventude não se deve ao carnaval mas a ocaso da figura do pai na família e na decadência geral de nosso tipo de cultura materialista e consumista que não atende aos reclamos mais profundos da busca humana e não apresenta ideiais que galvanizem os jovens.
      um abraço
      lboff

      Curtir

      • Tendo a concordar. A festa tem o seu lugar. A própria alegria é fruto do Espírito Santo. O moralismo evangélico por muitas vezes é o principal obstáculo na apresentação plena das boas novas do evangelho de Jesus Cristo que na minha concepção cristã é a única e verdadeira resposta para o preenchimento da angústia existencial humana. O desarranjo familiar e a ideologia da cultura contemporânea realmente são instrumentos nefastos para o caos moral que estamos vivendo.

        Enfim… mesmo correndo o risco de parecer piegas não posso deixar de expressar o que estou a sentir em meu coração. É a primeira vez que venho em seu site. E o pouco que te conheço foi por escritos de outros a seu respeito, todavia confesso que sua acessibilidade (a ponto de responder e valorizar minhas leigas perguntas), suas palavras que apesar de serem cheias de saber soam tão suave, respeitosas e inteligíveis que confesso estar me sentido mais perto de Deus. Que o Senhor Jesus te conserve assim até o Dia de seu retorno.

        Quanto a mim, eis que me despeço, pois vou celebrar meu carnaval em uma grande festa esta noite. Não será com máscaras, nem com marchinhas mas cantarei louvores ao Criador e Sustentador da vida e do Universo e experimentarei o calor da comunhão dos irmãos em um culto cristão.

        Até breve e muito obrigado pelas respostas.

        Paz e bem!

        Curtir

  5. Lí atentamente junto com minha esposa, a sua entrevista Irmão Leonardo. Achei-a uma exposição rica e informativa. O Carnaval sem dúvida, perdeu seu sentido religioso e fugindo ao contrôle da Igreja, se tornou uma Festa Secular que tem trazido muitos prejkuizos à Solciedade. Creio que é possível e bem possível, celebrar o Carnaval de forma sadia e sensata. Restaurar seu Objetivo Original é impossível, agora.
    Sem dúvida, lá no Céu, tem havido muitas festas, e outras muitas, acontecerão Eternidade afora. Nessas Festas, a dança será fator dominante! Vou dançar com os anjos, e se O Pai Celeste permitir, vou dançar com Ele também. Um abraço fraterno Irmão mui Amado.

    Curtir

  6. Jamais ouví alguém falar do Carnaval assim com tanta leveza, e imparcialidade. A beleza que ficou foram as cores vivas e alegres. O que temos hoje, é uma Inversão de Valores, fugindo ao verdadeiro prazer. A alegria verdadeira deu lugar à Profanação. Sem Júbilo espiritual reinando a libertinagem. No fim da festa contabilizamos os grandes prejuizos.
    Ah Irmão Leonardo, seria tão bom que a originalidade do Carnaval que Você descreveu fosse restaurada!

    Curtir

  7. Adorei! Voltei aos pouquíssimos carnavais que participei na juventude, me sentindo exatamente como o senhor descreveu.
    “… Eles tem uma função humana: violar a ordem, afastar os limites, exorcizar os controles, pois tudo isso foi inventado pelos seres humanos, especialmente, pelos que tem poder de se impor aos outros. No carnaval se volta ao caos originário. Ele nunca é caótico, mas criativo. No carnaval todos tem a sensação: finalmente estamos livres, podemos viver como gostaríamos, podemos inverter os papéis porque eles não passam de papéis. O carnaval é uma metáfora do que pode ser a humanidade um dia reconciliada e feliz.”
    Obrigada.

    Curtir

  8. Bom dia, ocupar o tempo com leitura e informação é bom.O que não me agrada no carnaval é justamente os excessos cometidos pelo ser humano,decadência.Alcoolizadas entre outras coisas mais,pensam que estão se divertindo,pois liberar o que está guardado nem sempre é uma boa pedida,sem repressão.Penso que podemos dançar e brincar sem fazer do carnaval uma exposição erótica ,porque acredito talvez por inocência,que temos e somos muito mais que somente erotismo.Um abraço.

    Curtir

  9. Caro Boff, você caracteriza o carnaval como um momento de ruptura das hierarquias sociais, um momento de liberdade, de igualdade entre as pessoas que, JUNTAS se confraternizam… No entanto, o que eu vejo, por toda parte, é uma reprodução das desigualdades sociais, das hierarquias, afinal há o carnaval dos “ricos” e o carnaval dos “pobres” e ambos não se misturam. Há o carnaval dos que têm dinheiro para pagar os camarotes, frequentar os clubes e bares mais sofisticados, comer e beber o que há de melhor nas áreas VIP e se manter “protegido” contra as “ameaças” dos que não tem acesso a nada disso. É certo que todos tem acesso ao SEU carnaval, e dentro desses limites impostos por uma estrutura social, podem lá viver suas rupturas morais, sociais, o que for… Mas é preciso dizer que exitem classes sociais e que estas não se misturam nem no carnaval. Vejo, em algumas situações no período de carnaval esses conflitos se agudizarem.

    Curtir

  10. As palavras são lindas de serem lidas, mas a realidade é outra, o que acontece no período de carnaval é a degradação do ser humano. o que eu oriento a todos que leram as palavras postadas aqui e que tentem ler a Biblia, pois é na Biblia que temos a direção de Deus para vivermos em plenitude de vida e digo mais, Deus convida a todo ser humano atraves de Jesus Cristo para ser espiritual e não religioso, pois a religião é o cancer da alma, mas o ser humano guiado pelo Espirito Santo esse sim desfruta de uma alma em harmonia. Fica a reflexão, que Deus esteja abençoando a todos nesse ano de 2013 e que cada um desenvolva uma vida de devoçao a Ele o Nosso Deus atraves da pessoa de Jesus cristo.

    Curtir

  11. Ter aceso à estes textos é um privilégio .Obrigada sempre,não precisar concordar também é um “must” da atual comunicação planetária,verdade? Há dias ,inclusive,em que as repostas,ou participações, incluem harmonia mesmo em lados diferentes o que renova a festa…Um grande e carnavalesco,pero comedido,carnaval à todos,tanto os que participam ou os que como eu estão aqui…

    Curtir

  12. Muito interessante essa forma de julgarmos os efeitos periféricos dos eventos como se fosse o próprio evento……e nesse contexto é perfeita a análise do prof. Leonardo apresentando o carnaval como uma festa saudável e livre, permitindo que o povo possa viver (ainda que por um dia) a vida que gostaria de ter….quanto aos excessos……há de vir o dia em que consigamos fazer escolhas melhores …..

    Curtir

  13. Tem um texto do CS Lewis em que ele propõe uma metafora de um jantar, com muita abundancia e belesa e as pessoas estão tristes pois estão com fome. Elas tem colheres com cabos muito grandes e não conseguem se servir pois o cabo das colheres lhe empedem de colocar comida em suas bocas (Ele se sente no inferno). O autor acorda assutado como num pesadelo. Ao dormir novamente ele esta num jantar muito humilde sem nenhuma belesa na mesa esta um comida simples mais apetitosa. As pessoa estão felises por que com suas grandes colheres servem-se umas as outras (Ele se sente no céu). Pra mim está ilustração é de imensa belesa pois fala de praseres mais sobre uma perspectiva parecida com a encontrada em Jesus. Toda abundancia biblica e cristã tem semelhança com compartilhar e dividir. Como quando Jesus transforma agua em vinho (pela necessidade dos noivos), ou na multiplicação dos pães e peixes (pela fome das pessoas). Não vejo no carnaval nada disso. vejo a fragil tentativa de intelectuais que tentam criar uma idéia de igualdade e liberdade numa festa que destaca em sua maioria aspectos tristes de uma cultura excluida. ou quando se fala de escolas de samba não ficam destacados bicheiros e outros tipos de criminosos, as mulatas belas e de belos corpos representam mulheres admiraveis? Eu gostaria muito de acreditar que neste tempo de (festa). As mascaras caem como propoe o autor. Mas infelimente não é isso que vejo. Gosto muito de ler coisas suas Leonardo e quando uma amiga me enviou a sugestão de seu texto quis le-lo imediatamente. A medida que lia tive a mesma sensação de ouvir uma cronica do Pedro Bial tentando transformar o big brother em uma exatação ao belo no ser humano. Acredito que não serei respondido pois o tom do que escrevi pode parecer ofensivo. Afirmo que não foi esta a minha intenção e gostaria muito de ser respondido.

    Curtir

  14. sempre que leio um texto escrito por leonardo boff consigo rever meu ponto de vista e sair do quadrado onde me encontrava. lindo!

    Curtir

  15. Depois de mais de vinte anos, ontem experimentei esta sensação.Saí acompanhando uma massa que tocava, a alegria e o contentamento saltavam aos olhos.
    De repente me ocorreu uma ideia maluca , pois o batuque era em frente a igreja.
    Por um segundo, imaginei os santos assentados e rindo daquela algazarra, pois todos brincavam felizes como crianças, se abraçavam, …olhei de novo e vi a realidade:a massa de manobra é tão frágil, tão fácil de ser conduzida e enganada, daqui a pouco começa a copa que os manterá neste estado de alienação, imersos na fumaça da falsa felicidade…

    Curtir

  16. Gosto muito de entrevistas, e esta, está mesmo especial. Parabéns a Patrícia Kalil e a você bom pastor, estimado coestaduano L. Boff ! Foi bom ver estas narrativas/reflexões e repensar o carnaval. A minha cidade recebe um grande número de foliões. Quanto a ser coitado é assim mesmo, há os que precisam adentrar a madrugada para fazer o pão. Abraço daqui da Laguna/SC. Fatima.

    Curtir

  17. Caro Leonardo Boff, tenho entrado timidamente neste espaço, pois fico emocionada em de repente conversar com vc.
    Fiquei lendo e relendo deliciosamente este trecho e sinto uma vontade enorme de compartilhar este sentimento com vc…
    ”Eu não posso me imaginar o céu senão como um eterno carnaval ou então uma luminosa virada de ano na praia de Copacabana, na qual todos se confraternizam, conhecidos e desconhecidos, chorando de alegria pela beleza dos fogos. Quando alguém chega ao céu, imagino eu, Deus lhe prepara como recepção um carnaval ou uma festa de virada de ano com fogos e luzes sem fim. E a alegria começará e o bom é que será então eterna. Bom carnaval para quem gosta”
    Fui educada com uma rigidez moral que castrou em muito o que o criador nos deu para sermos humanos e felizes, a própria alegria de viver…
    Mas havia em mim uma certeza absoluta da amorosidade de Deus, contrariando os ensinamentos religiosos… esta minha certeza interior me aproximou de Deus, de uma forma profunda e especial.
    Jamais consegui compreender este arranjo que a religião fez para o criador:um Deus de chibata na mão…que negocia com o homem em sacrifícios eternos…
    E meu coração repousa assim:Deus é amor numa completude absoluta e harmônica, pois é um transbordamento absoluto, em tudo que vejo, sinto e observo: na própria natureza que se manifesta amorosamente, para estarmos felizes.
    Obrigada por permitir que eu participe deste espaço!

    Curtir

    • Margarida,
      Parabens pela sua caminhada interior rumo à liberdade dos filhos/as de Deus. Jesus nos veio mostrar um Deus que é Pai com caracteristicas de mãe. Sua qualidade maior, é amar incondicionalmente ate os ingratos e maus. Então por que temer? Quem nos vai julgar é uma Criança nascida em Belem…..Criança quer conviver e brinca e não condenar. Continue seu caminho que é aquele que Jesus apontou.
      lboff

      Curtir

      • Caro LBoff,
        Não tenho dúvida.Sou encantada com Jesus.Ele me curou por dentro de tal forma, e me deu um novo olhar sobre a vida.
        Estou com o coração feliz, por falar com vc, muito feliz, sempre me encantei com suas palavras.Obrigada!

        Curtir

    • Margarida, também fiquei emocionado com o seu testemunho. Como diz as Sagradas Escrituras: verdadeiramente, Deus é Amor e o verdadeiro amor lança fora todo o medo.

      O que percebo hoje vai ao encontro do que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman defende:

      Ele afirma que vivemos em um contínuo estado de Ambivalência entre Segurança e Liberdade.

      Hoje, muitos em busca de superar uma experiência opressora do passado correram para os braços da “liberdade” negando princípios básicos legados por Jesus Cristo.

      Isso gerou a INSEGURANÇA e a falta de limites, principalmente na juventude. Como diria Dostoiévski: “Se Deus não existe tudo é permitido”.

      Acredito que o grande desafio da humanidade, talvez de cada ser humano individualmente, é tentar buscar o equilíbrio entre Liberdade e Segurança de tal forma que possamos ser livres, mas não sem lei, pois estamos debaixo da lei de Cristo que é a lei do amor.

      Abraços e obrigado por compartilhar conosco tão lindo testemunho e experiência!

      Curtir

      • Luis, Deus tem me dado o privilégio de estar neste espaço, e interagir com pessoas, que me fazem confirmar acerca das experiências espetaculares que tive com o Pai, ao conhecer Jesus.Penso mesmo que Ele está dando uma mãozinha, pois pretendo escrever o que andei experimentando sob sua luz.
        E o que mais me encanta, é que não há fronteiras, não há condições, como nos fizeram crer.
        É só um estado profundo de entrega.
        Eis-me aqui meu pai, digo a cada manhã, e meu coração explode de calor.
        Abraço em Cristo!

        Curtir

  18. “No carnaval eles contam. São aplaudidos quando normalmente são eles que devem aplaudir. Especialmente importante é o carnaval para os afro-descendentes: sempre estiveram por baixo, eram os invisíveis. Agora se tornam visíveis, mostram a sua rica humanidade que lhes tinha sido roubada e continua ainda a ser roubada”.

    É paradoxal, pois, ao virar showbusiness, o carvanal já não pertence mais aos afro-descendentes. Cada ano que passa as escolas de samba,blocos, trio elétricos etc. são povoados por modelos, atrizes globais, gente da elite. O preto, o mulato, o pardo, o moreno (dicotomias usadas para definir o negro) se tornam cada vez mais ausentes. Mais do que nunca continuam a ser invisíveis.

    Fraternal abraço, Gilson A. Barbosa

    Curtir

  19. O que tenho notado em todos tipos de comemoração é a dificuldade do ser humana estabelecer seus limites, disernir até onde vai sua liberdade…., e a do próximo.

    Curtir

    • Concordo Nilva. Viemos de uma trajetória/história de certa forma opressora, como a ditadura e a religiosidade. Na tentativa de superar isso a humanidade declarou-se “livre”. Livre de Deus e dos limites. Hoje, colhemos os frutos dos excessos. Acredito que a resposta está no equilíbrio, pois a verdadeira liberdade precisa de limites. Como observou Paulo Freire: “Sem limites, é impossível que a liberdade se torne liberdade…”.

      Abraços!

      Curtir

Deixe um comentário