Francisco: um Papa que presidirá na caridade

 

A grave crise moral que atravessa todo o corpo institucional da Igreja fez com que  o Conclave elegesse alguém que tenha autoridade e coragem para fazer profundas reformas na Cúria romana e presidir a Igreja na caridade e menos na autoridade jurídica, enfraquecendo as igrejas locais. Foi o que acenou o novo Papa Francisco em sua primeira fala. Se isso ocorrer ele será o Papa do terceiro milênio e abrirá uma nova “dinastia” de Papas vindos das periferias da cristandade.

A figura do Papa é talvez o maior símbolo do Sagrado  no mundo Ocidental. As sociedades que pela secularização exilaram o Sagrado, a falta de líderes referenciais e a nostalgia  da figura do pai como aquele que orienta, cria confiança e mostra caminhos, concentraram na figura do Papa  estes ancestrais anseios que podiam ser lidos nos rostos dos fiéis na praça de São Pedro. Nesse espírito quebrou os protocolos, se sentiu gente do povo, pagando sua conta no lugar onde se hospedou, indo de simples carro para a Basílica Santa Maria Maior e conservando sua cruz de ferro.

Para os cristãos é irrenunciável o ministério de Pedro como aquele deve “confirmar os irmãos e as irmãs na fé” segundo o mandato do Mestre. Roma onde estão sepultado Pedro e Paulo, foi desde os primórdios, referência de unidade, de ortodoxia e de zelo pelas demais as igrejas. Esta perspectiva é acolhida também pelas demais igrejas não-católicas. A questão toda é a forma como se exerce tal função. O Papa Leão Magno (440-461), no vazio do poder imperial, teve que assumir a governança de Roma para enfrentar os hunos de Átila. Tomou o título de Papa e de Sumo Pontífice que eram do Imperador, incorporou o estilo imperial de poder, monárquico e centralizado com seus símbolos, as vestimentas e o estilo palaciano. Os textos atinentes a Pedro que em Jesus tinham um sentido de serviço e de amor, foram interpretados, no estilo romano, como  estrito poder jurídico. Tudo culminou com Gregório VII que com o seu “Dictatus Papae”(a Ditadura do Papa) arrogou para si os dois poderes, o religioso e o secular. Surgiu a grande Instituição Total, obstáculo à liberdade dos cristãos e ao diálogo com o mundo moderno globalizado.

Esse exercício absolutista foi sempre questionado, especialmente, pelos Reformadores. Mas nunca foi amenizado. Como reconhecia João Paulo II, no seu documento sobre o ecumenismo: este estilo de exercer a função de Pedro é o maior obstáculo à unidade das Igreja e à aceitação por parte dos cristãos vindos do mundo democrático. Não basta a espetacularização da fé com grandes eventos para suprir tal deficiência.

A atual forma monárquica  deverá ser repensada à luz daquela intenção de Jesus. Será um Papado pastoral e não professoral. O Concílio Vaticano II estabeleceu os instrumentos para esta forma: o sínodo dos bispos, feito até agora apenas consultivo, quando fora pensado, deliberativo. Criar-se-ia um órgão executivo que com o Papa governaria a Igreja. Criou-se pelo Concílio a colegialidade dos bispos, quer dizer, as conferências continentais e nacionais ganhariam mais autonomia para permitir um enraizamento da fé nas culturais locais, sempre em comunhão com Roma. Não é impensável que representantes do Povo de Deus desde cardeais, até mulheres ajudariam a eleger um Papa para toda a cristandade. Faz-se urgente uma reforma da Cúria na linha da descentralização. Certamente o que fará o Papa Francisco. Por que o Secretariado para as religiões não cristãs não pode funcionar na Ásia? O Dicastério da unidade dos cristãos em Genebra, perto do Conselho Mundial de Igrejas?  O das missões, em alguma cidade da África? O dos direitos humanos e justiça, na América Latina?

A Igreja Católica poderia se transformar numa instância não autoritária de valores universais dos direitos humanos, os da Mãe Terra e da natureza,  contra a cultura do consumo, em favor de uma sobriedade  condividida. A questão central não é mais a Igreja mas a Humanidade e a civilização que podem desparecer. Como a Igreja ajuda em sua preservação?  Tudo isso é possível e realizável, sem renunciar em nada à substância da fé cristã. Importa que o Papa Francisco seja um João XXIII dos novos tempos, um “Papa buono”, como já o mostrou. Só assim poderá  resgatar a credibilidade perdida  e ser um luzeiro de espiritualidade e de esperança para todos.

Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor

63 comentários sobre “Francisco: um Papa que presidirá na caridade

  1. Que nosso irmão faça como meta como nosso amado FRANCISCO,restaure não as pedras mais as almas dando exemplo de desprendimento e ação global para uma humanidade baseada na ação de amor coletivo no que tenha que ser coletivo ….educação,moradia e saude …

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  2. Porque se chama homem também se chama História.

    E a História fala.

    Também é certo que a História move-se.

    A força da História de uma América Latina expropriada, esmagada sob as botas do colonizador, impedida de seguir seus rumos com sua cultura original e a fé de seus povos é eloquente.

    Viver a América Latina é, sem dúvidas, diferente de olha-la a partir da Europa, Velho Mundo, que encobrindo-nos (não descobrindo-nos!) fez da América, sob a Cruz e a Espada, sua imagem e semelhança; mas uma imagem e semelhança silenciada, interditada, subalterna – apenas eco e almoxarifado do Capitalismo Europeu em formação…

    O Capitalismo se fez mundial. À América Afro-Latíndia foi delegada a condição de Periferia. Assim fomos, periféricos. A chegada dos Europeus que proclamavam ter conquistado o “Novo Mundo”, na verdade, significou o fim de um Mundo, o dos Maias, Incas, Astecas, Tupis, Xavantes, Pataxós… E o início de um outro. Outro dito e estabelecido pelo conquistador. No entanto, índios (índios?! Ainda mais a violência de ser marcados pela pretensão e ambição de haverem chegado a um outro continente!) dizimados e negros sequestrados deixaram sobreviventes, na luta, na dor, estes povos nos resguardaram uma cultura mestiça, de resistência, multicor e polifônica.

    Somos, hoje, os povos antes silenciados da América Ameríndia, da América Afro-Latíndia, da América que ousamos cantar Liberdade.

    Somos a América que quase quinhentos anos depois gritou Libertação e se viu traída por suas elites deslumbradas e anti-nacionalistas nos pactos obscuros entre os ricos de nosso solo sagrado e os velhos dominadores, do velho continente e, sobretudo, da América do Capital. Buscávamos uma nova e renovadora descolonização e, em verde-oliva e vermelho-sangue soterraram outra vez a nossa dignidade multicor.

    A dor e o amor desta América Ameríndia, desta Pátria Grande, solo sagrado por haver sido fertilizado com o sangue dos nossos mártires exigem, ao Mundo, respeito.

    O Pontífice do “fim do Mundo” bem poderia ser o guardião das pontes do recomeço do Mundo. Começo de reconhecimento do sagrado deste solo, da luz de nossos mártires, das lutas esquecidas – de Montezuma, de Martí, de Bolívar, Victor, de Violeta, de Frei Caneca, de Oscar Romero, de Helder, de Henrique, de Pedro, de Conblim, de Clemente, de Dorothy. Martírios de sangue e de silêncio. Somos, tantas vezes, uma multidão de feridos, aflitos, perdidos, onde os maiores pecados se realizam na Omissão. Ou nos pactos desonrosos com Césares e tantos outros tiranos – em nome do Medo ou do Poder?!

    Talvez, seja muito sonhar que, ao lado da Bíblia, estejam na cabeceira de Francisco um volume de “As veias abertas da América Latina”, de Galeano, e um de “1492: o encobrimento do outro”, de Dussel. Talvez, seja muito sonhar que Pedro Casaldáliga e Erwin Kräutler serão convidados pelo Pontífice para assessorarem, não obstante suas idades avançadas, a Comissão Pontifícia para a América Latina e que o Conselho Pontifício para a Cultura será esvaziado de Doutores europeus e preenchido com bispos de pequenas dioceses da “periferia” do Mundo, do Mundo do Sul… de africanos, latino-americanos, asiáticos. Seria mito sonhar pensar nas nunciaturas apostólicas como centros avançados do Governo do Vaticano, efetivamente, e, sobretudo, nas mulheres religiosas convocadas a auxiliarem bispos e cardeais na tarefa da sempre necessária Nova Evangelização!

    Seria muito pensar no crescimento da Missão do Diaconato permanente e na ousada admissão de mulheres no diaconato – como experiência de um desejável progresso da participação das mulheres na Igreja assumindo, inclusive, a dignidade sacerdotal – que tantas religiosas já inspiram, sem, no entanto, poderem ser pastoras deste rebanho que, de tão carente de tudo, precisa de pai, mas também de mãe. Por que não?

    Seria muito sonhar com a abolição definitiva de títulos, ritos, vestimentas e adornos nobiliárquicos por parte dos servos da Igreja do Cristo humilde e caminhante no meio do Povo…

    Seria muito sonhar com o Angelus recitado em dialetos africanos entre as tantas línguas…

    Seria muito sonhar em ver, do Vaticano, se anunciar a viagem do Pontífice a El Salvador para proclamar Martírio e Santidade de Oscar Romero, com a graça que já lhe conferiu o povo sofrido, teimoso e pleno de esperanças deste sagrado continente: São Romero da América!

    Minha oração, simples e atrevida, é esta:

    Francesco, de Assis e do Mundo, intercedei pelo servo do Cristo sofredor, Papa Francisco, que amorosamente quis homenagear teu exemplo de seguimento do Mestre!

    Romero da América, mártir da América Latina, intercedei para que o apelo do Cristo pelo serviço dos cristão aos mais pobres, humildes e perdidos seja a marca do Pontificado de Francisco da América! Seja o Papa da América, o Papa del Pueblo!

    Amém!

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    • Luciana; sem palavras, só emoção. Clara, contundente, precisa. Que seu clamor seja ouvido pelos homens, que sua oração seja ouvida por Deus.

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      • Grata! Luiz, Leila, Marli, a esperança que enche nossos corações neste momento pode, sim, ser a força da “Primavera da igreja”! Vamos lutar e permanecer no Amor!

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    • Belíssimo e inspirado texto. Para quem esteve há pouco tempo no Peru e viu o que lá os espanhóis fizeram, destruindo uma cultura espetacular e construindo as igrejas e palácios em cima, como em Cusco e outros locais, assim como tem conhecimento do genocidio generalizado nas Américas de colonização espanhola ou portuguesa, me parece profético até este texto. Esperemos alguma melhora na postura da Igreja e das grandes nações em relação à periferia. E sou católico praticante… Mas não cego… Carlos José

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    • Luciana vc realmente colocou todos nossos anseios e acredito na força dos nossos pensamentos continuemos a desejá-los que o Criador irá nos escutar mesmo que precise mais 50 anos é o regaço de uma metamorfose que precisa acontecer, paz e bem minha querida!

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  3. Espero somente que ele seja um Papa em Cristo que veio para os doentes, porque os sãos não precisam de médico. É esse o ponto nelvrálgico, os que apontam para dissolução dos costumes. Essa dissolução está dentro da Igreja e de maneira exaustiva. Eu enquanto professorinha, recém iniciante percebi isso num seminário.Óbvio que nã caí em nenhuma cilada. Mas as homilias dos padres falam incessantemente no pecado e isso, penso, aumenta o vício e, é um convite ao pecado. Será como Francisco de Assis. Deus cuidará dele e de seu papado. Tendo nos seus atos a filosofia dde Jesus , misericórdia.

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  4. Obrigada, Leonardo, por infundir esperança num momento tão importante como o que a Igreja vive. Você é uma voz que muitos, desacreditados da instituição, ouvem, e isto é tremendo. Conheço muitos e sei o quanto é importante ouvir o que diz. Agradeço, de coração.
    “Ensina-nos, Senhor, a esperar! E sobretudo, ajuda-nos a distinguir entre as pequenas esperas de cada instante, e a esperança profunda e firme na Tua palavra, na Tua bondade, e na Tua Misericórdia!”
    (Dom Hélder Camara – do livro “Um Olhar Sobre a Cidade)

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  5. gracias por su optimismo Leonardo. Espero en el Señor que en verdad el Papa Francisco se abra al Espíritu de Jesús y de Francisco, e inicie una renovación en la Iglesia. Tiendo a ser pesimista, sobretodo por la historia del Cardenal Bergrglio. Pero quiero confiar de que siempre se puede cambiar, y espero que ya que se atrevió a llamarse Francisco, sea consistente y no se deje absorver por el poder y la corrupción del Vaticano. No me ha ilusiones, tengo una cautelosa esperanza y sincero deseo de que algo nuevo se acerca.

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  6. A igreja precisa imediatamente rever a sua postura diante desses temas. Inclusive, os sacerdotes que estão diante de milhões de seguidores no mundo inteiro. Muitos estimulam o preconceito, a injustiça e o livre arbítrio de pensar. Pensar, nunca foi pecado e tão pouco é ir contra a luz divina. Por isso, ficamos seriamente inconformados com os comentários do Padre Ademilson, da TV Canção Nova, na tarde de quinta-feira. Ao meu ver, ele tentou intimidar as pessoas comentando tragicamente sobre o Kardecismo direcionando a doutrina a algo “diabólico”. Acabei de enviar uma carta a ele e a TV Canção Nova, pois o canal é assistido por muitos e por variados religiosos que buscam o canal, prestigiam na forma de buscar as palavras divinas. Ao invés do respeito, vi a liberdade ecumênica e a falta de respeito. O Artigo 5 nos, CONSTITUIÇÃO FEDERAL nos diz: “VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
    Portanto, ao meu ver, com seus comentários preconceituosos ele violou a liturgia deflagrando a difamação, a falta de ética que feriu muitos que ali assistia e que buscava um pouco mais de luz, amor fraterno e igualdade de fé.
    Que os sacerdotes, pastores, bispos, fiéis em geral do mundo inteiro levem essas palavras da Constituição Federal quando forem condenar alguém por sua crença religiosa porque a justiça dos homens também faz valer o direito de ir e vir e pensar.

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    • Permita-me expor três coisas importantes a levar em conta antes de fazer juízo a seu comentário:
      1. Respeitar a crença do outro não é renunciar a sua própria crença.
      2. Advertir alguém que está no erro não é condenar é antes um ato de caridade pois só quem ama de verdade se importa com o bem do próximo acima de qualquer coisa.
      3. A Sã Doutrina obitida a partir da Verdade Revelada por Deus está acima de qualquer lei humana.

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      • Se não me engano na Bíblia está escrito que: com a mesma medida que julgares serás julgado” Quem somos nós para saber o que é diabólico ou não. As vezes temos a bíblia embaixo do braço todos os dias, decorada de cabo a rabo e não fazemos a vontade de Jesus, ou seja, não cumprimos nem uma terça parte do estatuto que ele nos deixou nos evangelhos. Talvez isso também seja diabólico, só fazer o que nos convém, quem sabe!!
        Cida Santos

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      • Diego, permita-me também expor três coisas, nem tão importantes, sobre seu comentário:
        1. A própria crença não é melhor do que a crença do outro.
        2. Quando você diz que alguém está em erro, você já julgou e condenou a crença do outro. E quem é você, ou melhor, quem é o padre Ademilson para condenar as crença dos outros? Vocês se acham donos da verdade? Somente o prepotente se acha no direito de advertir os outros. Isso não é caridade, é simplesmente fanatismo. Se você não sabe, os inquisidores também achavam que, com a tortura e outras sevícias, estavam praticando a caridade de resgatar uma alma das garras do demônio, sem perceberem que o demônio eram eles mesmos;
        3. Jesus deu o grande exemplo de respeito às leis humanas, ainda que injustas, quando asseverou “Dai a César o que é de César”. O Estado é laico e a Constituição Federal deve ser respeitada e ainda mais cumprida por todos que vivem no Brasil, sejam religiosos, leigos, ateus ou agnósticos. Se você quer viver numa Teocracia, vá pro Irã ou pro Vaticano. O que você chama de “sã doutrina” não passa de um conjunto de crenças, e cada um é livre para aceitar ou não essas crenças.
        Em resumo, respeito é bom e todo mundo gosta. Por isso, nem você nem aquele padre prepotente tem o direito de atacar as crenças dos outros. No íntimo da consciência, cada um livre para pensar o que quiser, mas a manifestação do pensamento está sujeita aos limites impostos pelas leis civis, a começar pela Constituição.

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    • Caro José Rodrigues, peço perdão se meu comentário soou como provocação ou ofensa, pois não é essa minha intenção, afinal como católico e menor dos seguidores dos ensinamentos de Jesus Cristo, sei que a melhor via para o conhecimento de Deus é a vivência do amor que subentende o respeito e a tolerância ao próximo. Em meu comentário quis apenas colocar que não vejo a pregação do Pe. Edmilson como uma infração a Constituição, pois vejo que ele não fez nada mais que usar o que ela mesma garante que é a liberdade de expressão e de consciência religiosa, até porque se é essa a doutrina católica então o Pe. tem todo o direito de anunciá-la principalmente porque ele estava pregando para católicos em um canal de tv católico e não num centro espírita. Portanto, se de fato acredita-se que deva ser respeitado o direito de se crer no que se quer então deveria-se tolerar essa atitude do Pe. numa boa ou até mesmo em quem acredita-se que 2 + 2 são 5, pois não existem crenças melhores do que as outras, não é?

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  7. Um trecho deste artigo me chamou a atenção, quando fala em “descentralização”.
    Há muito sei lá por qual motivação (espero que Divina), vimos trabalhando neste sentido, e por que não dizer, com auxílio e confiança de nosso pároco, Frei Franciscano Lc Avelar Avelar.
    Por quê não enraizar verdadeiramente a coordenação das pastorais em comunidades periféricas ?
    Sem é claro, desmerecer o ‘ambiente matriz’ com seus membros que possuem sim capacidade e a caridade devida para exercerem as devidas coordenações.
    Com isso, o laço de fraternidade aumenta sobremaneira, criam-se novos e frutuosos vínculos, os horizontes se expandem.
    Muito do que se espera para o futuro está também nas comunidades mais afastadas, que ‘supostamente’ menos favorecidas em termos humanos e econômicos, têm muito a nos ensinar !
    São comunidades iderrotáveis no seu senso de partilha e fraternidade que estão anos luz à frente de muitas comunidades centrais.
    Que o nosso Francisco continue a nos estimular neste ‘ir ao encontro’.
    E aposto em dizer: ‘Ir ao encontro’ não daqueles que precisam, mas ‘Ir ao encontro’ da nossa essência, que creio termos deixado de lado há muito tempo.

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  8. Eu boto fé no papa Chico…Mas tenho ciência que não adiantará um papa que ame o pobre e uma Igreja (instituição) rica. Também penso que a ritualização das celebrações deveriam ser substituídas por cenas simples,dentro do contexto das situações do momento.Pedro era simples, Francisco de Assis talvez muito mais, Jesus??? O campeão da simplicidade!!!

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    • Será que o problema seria a riqueza da Igreja ou a sua contaminação pelo vírus ganância e consumismo tão disseminado por todo mundo? E o que seria simplicidade? Se vou receber um rei em minha casa poderia recebê-lo dizendo: Seja bem vindo Majestade é uma honrra recebe-lo em minha casa. Seria simples? Ou será que pra ficar simples deveria dizer: Entra aê mano encosta aí teu traseiro na cadeira…? Enfim, não sei se as pessoas encontram dificuldades em compreender, como vc diz, os ritos das celebrações por serem realmente complexos ou se o que se estão confundindo simplicidade com descaso e desleixo.

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  9. Luzeiro de espiritualidade e esperança para todos!… É disso que precisamos. Vejo no Papa Francisco, o venerável Papa João XXIII, o Papa buono. Além disso, seu nome inspira reforma. FRANCISCO!

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  10. Tudo que se expõe nesse artigo vem ao encontro do anseio dos cristãos do mundo, independente da rotulação religiosa. Os grandes líderes da espiritualidade devem zelar pela cristianização da humanidade, o que implica em atitudes verdadeiramente isentas de proselitismo, para que se abrace a causa desse grande ideal. Relembro Jesus, quando afirmou: “meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem.

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  11. Esperemos que ele seja realmente “um luzeiro de espiritualidade e de esperança para todos” aqueles que que ainda precisam de representantes de Deus na terra. O que é um fato importante para mostrar o CAMINHO.

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  12. Acredito que o Papa Francisco,além da fidelidade que demonstra ter ao Espírito de Jesus, lança aí um desafio à todo o corpo institucional da I.C.R. à serem pobres e servidores como propôs João XXlll no CV ll . Ele (Papa Fco.), renunciando algumas insígneas e alguns privilégios, demonstra a princípio que incluirá, o último, o esquecido,o mais fraco e o mais pobre no centro de sua pastoral, que nada mais é do que aquilo que Jesus propôs aos seus primeiros colaboradores e encantados de sua “teologia”que hoje somos nós.Quem sabe se na sequência seja ainda mais radical e troque seu anel de ouro por um “anel de urucum”,(algo similar para a sua realidade), o báculo que as vezes “espantaram” as ovelhas por um abraço acolhedor e fraternal, e todo aquele cerimoneal… subistituindo-os por gente do povo por uma comunidade de leigos e leigas comprometidos e participativos. Quem sabe ele ainda permita sem se sentir “menor” de ser chamado de apenas Chico.

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    • GOSTEI DE SUA COLOCAÇÃO,O POVO ESPERA REALMENTE ISSO DO CHICO. APENAS UMA OBS* O ANEL É DE TUCUM E NÃO URUCUM.

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  13. De fato, todos os irmãos e irmãs, esperam que Francisco dê novos rumos à Igreja. Como Boff sugere acima, é possível mudanças, sem ferir os princípios da Fé Cristã.

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  14. Sem dúvida, no Projeto de Jesus, o Alvo sempre foi a Humanidade. A Igreja existe para a Humanidade e é formada de Seres Humanos. O SENHOR dos Papas objetivou a Salvação do mundo. “PORQUE O FILHO DO HOMEM(Jesus) veio Buscar e Salvar os Perdidos: Mateus:18:11. Portanto, o Papa é um Sacramento de JESUS, à Serviço dos Homlens!

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  15. Aguardamos Francisco, na esperança que além do nome, sugerido por D.Cláudio Hummes, seu pontificado seja direcionado para os mais pobres e não para os poderosos.

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  16. A abertura aos irmãos negados (talvez por pura ignorância de poder) é a porta de entrada da universalidade de Deus e da fraternidade. Somente uma visão ecumênica poderá por fim ao endeuzamento de alguns, que não passam de pessoas, e que não descobriram a missão verdadeira de servir.
    Estou de acordo com suas afirmações e da descentralização destes poderes para que possam ter efetivo efeito, com resultados visíveis. Podendo, assim, a humanidade e o nosso planeta ter chances de sobreviver (viver melhor).

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  17. Chegou o tempo de mudar. Uma igreja que fala tanto da pobreza e vive na mais pomposa e injusta riqueza. Diz que tem a escolha para os pobres e podendo acabar com a pobreza se estivesse praticando atos de justiça. Papa Francisco tem uma grande missão que os últimos séculos de papado não conseguiram. Se ele vai ser capaz de faze-lo ficamos a esperar. obrigada grande filosofo Boff, você é uma inspiração neste mundo de tanta maldade sujeira e injustiça. Os escanda-los não saíram de nossas mentes.
    Salve papa Francisco!

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  18. Caro Leonardo, espero que estas suas previsões sejam confirmadas. A Igreja precisa de uma reforma e o mundo precisa, muito, de uma instituição que revitalize os valores que tornarão possível que a humanidade supere a crise que enfrenta marcada por uma profunda falta de solidariedade, justiça, compaixão e valorização da vida. Que o Papa Francisco tenha a firmeza para cumprir sua tarefa e que o Espírito esteja com ele.

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  19. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21)
    Esperemos, pois o que irá se desenrolar com o passar dos dias, pois ainda é cedo para avaliar a conduta do novo Papa. Vejamos com calma se seus frutos aparecerão de verdade. “Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.”(Mateus 7:18)
    “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?” (Mateus 7:16)
    “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus 7:20)
    Se o novo Papa de fato não abrir verdadeiramente a Igreja para os pobres na prática e não na teoria e se as reformas na cúria não abranger ao menos presbíteros que possam se casar ou já casados não dará passo nenhum, mas muito pelo contrário ficará para trás, pois a Igreja precisa caminhar ao encontro do povo, sobretudo dos pobres que representarão Jesus no Grande Juízo. Devemos ter muita calma e esperança em Deus para que os nossos sonhos de uma Igreja Santa que caminha com o povo não sejam frustrados e limitados somente pelas promessas ilusórias.
    “Eis que Eu vos envio como ovelhas para o meio dos lobos. Portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.” (Mateus 10, 16).

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  20. bem profunda e esperançosa esta sua visão Boff, no fundo é o que muita gente sonha que a igreja se torne, me parece que o espirito renovador de João XXIII não foi continuado por nenhum dos sucessores, pelo menos não de uma forma contínua e progressiva, vamos aguardar os próximos passos de Francisco I, Deus queira que esta sua análise esteja correta

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  21. Todos esperamos por novos caminhos na igreja católica, principalmente na busca do diálogo com outras religiões, buscando a paz mundial, a defesa do meio ambiente, o fim do consumismo e a opção pelos mais necessitados, pois como dizemos, nós espíritas, fora da caridade não há salvação e não há maior exemplo de caridade do que lutar pela paz, pela proteção do meio ambiente e pela diminuição da pobreza no planeta. Que Jesus nos ilumine nestes objetivos.

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  22. Não há dúvidas que São Francisco de Assis foi aquele que testemunhou com sua vida a mensagem de Jesus em sua integralidade. Acho que depois de Jesus ele foi o único que provou que o evangelho pode ser praticado por qualquer pessoa, pois não é uma utopia e sim o único modo de vida que é sempre atual e necessário para que haja a tão sonhada paz que sempre desejamos e nunca tivemos.
    O Papa Francisco parece que empunhou essa bandeira que foi primeiramente alçada por Jesus e mais de um milênio depois abraçada pelo Pobrezinho de Assis. Se o nosso Papa Francisco for um segundo São Francisco, como tudo indica que será, a barca de Pedro e
    e o navio mundo, quase soçobrando, chegará ao porto da Terra prometida. Nem o Mar Vermelho e as águas agitadas do Rio Jordão impedirão a posse de uma Terra que jorra leite e mel.
    Que o Papa Francisco seja o nosso timoneiro.

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  23. Sábias palavras em todo o texto, Leonardo Boff! Mas o que mais me chamou atenção foi a captura do Sagrado.”…a figura do papa é talvez o maior símbolo do Sagrado no mundo Ocidental.”
    Com certeza!! Como estamos vivendo um mundo de crise em todas as instâncias da vida. Por mais que coloquemos “coisas nos devidos lugares” nessas sociedades de espetáculos, o vazio se faz presente. Esse vazio que circula, que se desloca.E surge esse homem carismático “do fim do mundo”, vindo a colocar O Sagrado no lugar.
    Mais uma colocação preciosa que não pode deixar de ser comentada: “essa falta da figura do pai que orienta…”
    A figura paterna é que instaura a lei, a ordem, e pondera os reais limites. (Esse é o papel do homem que difere do papel da mulher. São papéis distintos, o amor prevalece em ambos.Não vai aqui nenhum machismo ou feminismo. É a lei natural da vida. É só observarmos hoje, a falta do pai e o desmoronamento familiar. Tudo à revelia.)
    E o Sagrado é Deus. Talvez, uma analogia a esse momento hoje, com o de Jesus naquela época. Jesus veio numa missão de resgatar esse Sagrado que estava esquecido.
    Através das suas Escrituras trouxe a imagem de Deus vivo no amor, no perdão. E cai por terra, a figura de um Deus vingativo do VT. E no terceiro milênio, um homem de Fé, de caridade vem orientar, colocar ordem, amor em NOME DO SAGRADO que se encontrava distante, deslocado. E esse instante foi capturado.
    Peço a Deus que nos ilumine sempre, que possamos ter uma boa palavra e ação e que nos perdoe das nossas falhas.

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    • Simone,
      Concordo com seu pensamento acerca do Sagrado e da importância da figura do pai hoje em ocaso.
      Esse Sagrado deve se estender à Mãe Terra e à natureza sem o que não respeitamos estas realidades nem reconhecemos seus limites. Um projeto ilimitado de crescimento não é suportado por um planeta limitado.
      abraço
      lboff

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  24. Trancendam os nomes, as posições, as hierarquias, os segmentos religiosos, as religiões e alcem vôos às alturas do anonimato, do total desprendimento, da verdade absoluta. Neste céu, podem ter certeza, não há nomes, não há posições, não há seitas, não há organizações, não há espiritualismos, não há religiões, não há, principalmente, desentendimentos, querelas, disputas e dissensões.

    O objetivo prescípuo de toda religião é que seus fiéis atinjam tão elevado grau, quando suas próprias bases, suas paredes e seus adornos são “deixados de lado”, ou mesmo despedaçados, a fim de que os que de lá nascerem possam, em liberdade, evolarem-se para a s plagas da realidade.

    Se considerarem profundamente os ensinamentos de todas as grandes religiões do mundo (depois de se desprenderem dos primeiros laços), verão a prometida transitoriedade das formas institucionais das mesmas e, principalmente, o ensinamento do desprendimento absoluto, quando somente a Realidade Suprema permanecerá, dentro de si mesmos.

    Os que puderem alcançar este estado em uma só viagem, em um´só dia de busca, em apenas um salto de vontade, através de um único relampejo de luz, que o façam – estarão preparados. Este poder existe dentro de cada um de vocês. Mas, se disserem : “os homens precisam de organizações, de igrejas, de religiões, de normas, de leis, de disciplinas”, que o seja !! Permaneçam em seus atuais caminhos e tentem acelerar o seu progresso. Ao longo do tempo há que se ter de tudo, em um campo de batalha que possibilite forças de progressão fazerem ascender forças que tendem à estagnação.

    Apenas desejo observar harmonia e entendimento entre as pessoas.

    Abraços a todos !!….Luiz

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  25. Desculpe-me, L. Boff. Mas, temo que esteja sendo quase que inocente em suas expectativas com o novo papa. Sinto que este Papa vem para estancar as mudanças pelas quais a América Latina vem passando. Mudanças estas de caráter popular e altamente afirmativas dos povos de nosso continente. Não vejo qualquer caráter revolucionário neste novo Papa, pelo contrário, vejo um reacionário em pele de cordeiro… Espero estar errado. Realmente, espero estar errado…

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  26. A atitude do Papa de pedir ao povo que o abençoasse primeiro demonstra para mim que ele coloca primeiro o povo . ,,, acredito que ele vai fazer as reformas necessárias na Igreja , mas nada de reacionário. Ele por inspiração do Espírito Santo vai seguir Jesus e com muita mansidão, como a gente está vendo em suas atitudes.
    .

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  27. alguém consegue me dizer se tudo isso ai pode ser feito sem superação das relações capitalistas. se não for possível, a igreja continuará a abençoar e aprofundar ainda mais a relação de exploração capitalista. alias, seu histórico papel.

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  28. Yo pienso algo así, como se escribió…

    “Lasciamo lavorare lo Spiritu Santo.
    Sarà Lui a guidare Papa Francesco…”

    Soy de uruguay, hace muchos años que conocí
    al P.Bergoglio, en un retiro en el Colegio Máximo de San Miguel,
    en Argentina, estando recién ordenado sacerdote…casi…
    y siempre tuvo presencia de izquierda…
    Soy muy cerca de la Iglesia desde muchos años…
    Era un cura de ley…!!!!
    La argentina tiene muchos vericuetos…yo opino que esto
    es un fruto de tantas vueltas que tiene ese país…

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  29. Tambem conheci ao P. Superior dos Jesuitas em Buenos Aires, e as criticas da Província em relação aos Superiores Jesuitas em Santiago de Chile. Nos dois países haviam ditaduras militares. Inimaginavel, um Jesuita chileno celebrar uma missa na casa do General Pinochet, para “dialogar” e para “ajudar a presos politicos”. Os Jesuitas de Buenos Aires viviam Anos Luz distantes dos de Santiago de Chile. E o P. Provincial Bergoglio não queria saber de um seminário de reflexão em conjunto com os Jesuitas Chilenos, de forma alguma.

    Há outros temas atuais hoje. Veremos o seu compromisso com Puebla. Com um simples convite fraterno para uma reunião com os que foram humilhados publicamente por seus antecessores, como Dom Pedro Casadaliga, P. Ernesto Cardenal, Leonardo Boff, e tantos outros teólogos desta Igreja sofrida da América Latina.

    Escrever muito texto sobre alguma conta que ele ha pagado, e viagens em transporte público, e sapatos vermelhos e batina branca ou não, e lava-pés, ou jubilar- se do “humilde Papa Chico” faz parte de uma mistficação que ja toma forma e conteudo do ridículo. Em algum tempo mais, veremos sinais substanciais do Cambio de Paradigma, glorificado por muitos autores, como se este cambio já estaria em pleno desenvolvimento, em estes dias….

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    • Klaus,
      Só pode falar como vc quem não se dá conta dos anos de inverno e sombrios para a fe vividos sob os dois papas anteriores. Deixemos lugar à esperança. Não se pode organizar a vida toda colocando suspeitas e com espírito de mau agouro.
      lboff

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      • Leonardo, com todo respeito: me dou conta, e como me dou conta! dos sombrios anos de inverno não sómente para a fé vivida sob os dois papas anteriores, mas também no que se refere aos reflexos e condicionamentos para aqueles, que viviamos e vivenciavamos uma vida pessoal e professional sob tremendas pressões, durante muitos anos! Quando tentavamos participar e incentivar Programas na America Latina, que eram Projetos do Povo de Deus, e nos quais acreditavamos, mas o contexto (neste caso da Igreja Católica Alemã, Conferencia Episcopal, Comissoes para MISEREOR e ADVENIAT) colocaram em risco todo o desempenho profissional e social. Por isso, agora tantos que caminham com a sofrida Igreja da America Latina, finalmente desejam deixar longe as suspeitas e o espirito de mau agouro. Totalmente de acordo com Você, e V. tem razao.

        Embora, que os primeiros passos, mais decepcionam e mais fortalecem as suspeitas, por exemplo a nova advertencia dura (e anticristã, sem nenhum fundamento teológico) de ontem, que o Vaticano reforça a proibição de acesso à Eucaristia para divorciados, um tema virulento em toda Europa.

        Tampouco a convocaçao para a nova Comissao de Reforma da Curia, do Arcebispo de Berlim, que mais ama e vive publicamente o luxo, a parafernalia, a pompa de um Principe da rica Igreja na Alemanha, e nada tem de humilde servidor, não ajuda muito em não colocar suspeitas. Misericordia, Humildade, Fraternidade. “Muitos obstaculos iniciais, formam o posterior caminho”. (Dom Helder Camara). Você sempre foi um dos Profetas da Esperança. Que Deus lhe mantenha firme e esperançoso no seu caminho e no caminho de tanta gente.

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      • Klaus’
        Eu acho que um cristao que nao se deixa infantilizar pelo Papa ou por qualquer autoridade,toma sua decisao e vai comugar. Por qu precisa licença do Vaticano, cheio de contradicoes envagelicas? Eu me oriento pela frase de Jesus em Jo 6:”Se alguem vem a mim eu nao o mandarei embora”.?
        Via a liberdade para a qual Cristo nos chamou, Gal 1,5
        lboff

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