Por que no meio da dor os negros, dançam, cantam e riem?

Milhares de pessoa em toda a Africa do Sul misturam choro com dança, festa com lamentos pela morte de Nelson Mandela. É a forma como realizam culturalmente o rito de passagem da vida deste lado para a vida do outro lado, onde estão os anciãos, os sábios e os guardiães do povo, de seus ritos e das normas éticas. Lá está agora Mandela de forma invisível mas plenamente presente acompanhando o povo que ele tant ajudou  a se libertar.

Momentos como estes nos fazem recordar de nossa mais alta ancestralidade humana. Todos temos nossas raízes na Africa, embora a grande maioria o desconheça ou não lhe dê importância. Mas é decisivo que nos reapropriemos de nossas origens, pois elas, de um modo ou de outro, na forma de informação, estão inscritas no nosso código genético e espiritual.

Refiro-me aqui tópicos de um texto que há tempos escrevi sob o título:”somos todos africanos” atualizado face à situação atual mudada. De saída importa denunciar a tragédia africana: é o continente mais esquecido e vandalizado das políticas mundiais. Somente suas terras contam. São compradas pelos grandes conglomerados mundiais e pela China para organizar imensas plantações de grãos que devem garantir a alimentação, não da Africa, mas de seus países ou negociadas no mercado especulativo. As famosas “land grabbing” possuem, juntas, a extensão de uma França inteira. Hoje a Africa é uma espécie de espelho retrovisor de como nós humanos pudemos no passado e podemos hoje ainda  ser desumanos e terríveis. A atual neocolonização é mais perversa que a dos séculos passados.

Sem olvidar esta tragédia, concentremo-nos na herança africana que se esconde em nós. Hoje é consenso entre os paleontólogos e antropólogos que a aventura da hominização se iniciou na África, cerca de sete milhões de anos atrás. Ela se acelerou passando pelo homo habilis, erectus, neanderthalense até chegar ao homo sapiens cerca de noventa mil anos atrás. Depois de ficar 4,4 milhões de anos em solo africano este se propagou para a Asia, há sessenta mil anos; para a Europa, há quarenta mil anos; e para as Américas há trinta mil anos. Quer dizer, grande parte da vida humana foi vivida na África, hoje esquecida e desprezada.

A África além de ser o lugar geográfico de nossas origens, comparece como  o arquétipo primal: o conjunto das marcas, impressas na alma de todo ser humano. Foi na África que este elaborou suas primeiras sensações, onde se articularam as crescentes conexões neurais (cerebralização), brilharam os primeiros pensamentos, irrompeu a criatividade e emergiu a complexidade social que permitiu o surgimento da linguagem e da cultura. O espírito da África, está presente em todos nós.

Identifico três eixos principais do espírito da África que  podem nos inspirar na superação da crise sistêmica que nos assola.

O primeiro é o amor à Mãe Terra, a Mama Africa. Espalhando-se pelos vastos espaços africanos, nossos ancestrais entraram em profunda comunhão com a Terra, sentindo a interconexão que todas as coisas guardam entre si, as águas, as montanhas, os animais, as florestas e as energias cósmicas. Sentiam-se parte desse todo. Precisamos nos reapropriar deste espírito da Terra para salvar Gaia, nossa Mãe e única Casa Comum.

O segundo eixo é a matriz relacional (relational matrix no dizer dos antropólogos). Os africanos usam a palavra ubuntu que singifica:”eu sou o que sou porque pertenço à comunidade” ou “eu sou o que sou através de você e você é você através de mim”. Todos precisamos uns dos outros; somos interdependentes. O que a física quântica e a nova cosmologia dizem acerca de interconexão de todos com todos é uma evidência para o espírito africano.

À essa comunidade pertencem os mortos como Mandela. Eles não vão ao céu, pois o céu não é um lugar geográfico, mas um modo de ser deste nosso mundo.  Os mortos continuam no meio do povo como conselheiros e guardiães das tradições sagradas.

O terceiro eixo são os rituais e celebrações. Ficamos admirados que se dedique um dia inteiro de orações por Mandela com missas e ritos. Eles sentem Deus na pele, nós ocidentais na cabeça. Por isso dançam e mexem todo o corpo enquanto nós ficamos frios e duros como um cabo de vassoura.

Experiências importantes da vida pessoal, social e sazonal são celebrados com ritos, danças, músicas e apresentações de máscaras. Estas representam as energias que podem ser benéficas ou maléficas. É nos rituais que ambas se equilibram e se festeja a primazia do sentido sobre o absurdo.

Notoriamente é pelas festas e ritos que a sociedade refaz suas relações e reforça a coesão social. Ademais nem tudo é trabalho e luta. Há a celebração da vida, o resgate das memórias coletivas e a recordação das vitórias sobre ameaças vividas.

Apraz-me trazer o testemunho pessoal de um dos nosos mais brilhantes jornalistas, Washington Novaes:”Há alguns anos, na África do Sul, impressionei-me ao ver que bastava se reunirem três ou quatro negros para começarem a cantar ea  dançar, com um largo sorriso.Um dia, perguntei a um jovem motorista de taxi:”Seu povo sofreu e ainda sofre muito. Mas basta se juntarem umas poucas pessoas e vocês estão dançando, cantando, rindo. De onde vem tanta força?” E ele: “Com o sofrimento, nós aprendemos que a nossa alegria não pode depender de nada fora de nós. Ela tem de ser só nossa, estar dentro de nós.”

Nossa população afrodescendente nos dá a mesma amostra de alegria que nenhum capitalismo e consumismo pode ofecer.

69 comentários sobre “Por que no meio da dor os negros, dançam, cantam e riem?

  1. A África não foi esquecida, nem tampouco o seu povo. Como o Sr. mesmo disse, sua terra é lembrada para plantação de grãos que irão alimentar outros povos, e o seu povo também é lembrado por todos, embora de maneira diferente. Povo inferior para uns; serviçais para outros, e motivo de se ganhar dinheiro escrevendo sobre eles para os intelectuais e pensadores. Todos de uma certa forma, procuram tirar vantagem sobre os africanos.

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    • Manoel,
      Não estou tirando vantagem nenhuma do povo africano. Meu desejo e intento é mostrar de onde viemos e que valores nos transmitiram. A humanidade viveu mais da metade de seu tempo sobre o planeta na Africa. E vc deve ter herdado alguma coisa deles. Não seja tão capitalista pensando tanto em dinheiro.
      abraço
      lboff

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      • É interessante, Leonardo Boff, como a primeira preocupação na maioria das pessoas é com ganhos e perdas, quem está ou não tirando vantagem… é quase patológico. Muito bom seu texto e sua reflexão! Obrigada por compartilhá-lo conosco.

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      • Boff, você é sensacional! Moro aqui na Africa do Sul a dois anos. Vim fazer um intercâmbio e me apaixonei. Você descreveu com clareza e sabedoria toda essa essência e alegria do povo africano, tão discriminado e esquecido. Estar aqui na Africa do Sul em um momento como este significa algo muito marcante em minha vida! Adoro você!

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      • O frei de araque querendo, como todo comuna pilantrão, mudar a História a favor da estória deles. Pior é que tem um monte de desinformados que ficam de boca aberta lendo um monte de mentiras de um pilantra. É disso que eles gostam… bonecos úteis!

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    • manoel mendonça,tive a oportunidade de conhecer leonardo boff,em 1988(camamu-ba),um homm inteligentisimo e rismático e que luta sem interesse algum pelos “desfavorecidos”,e em momento algum nesse comentario ele se aproveita da nossa etnia pensando em se dar bem.leia e interprete novamente e irás ver que tenho razão.afroabraços irmão!!!

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  2. Vielen lieben Dank für diesen wunderschönen Text. Was aber denke ich auch erwähnt werden muss, ist die sehr starken und immer noch existierenden inneren Konflikte vieler afrikanischer Völker, wo Sklaventum, Rassismus und Gewalt gegen Frauen ein Thema spielen, und was auch von den westlichen, bzw. östlichen Mächten ausgebeutet wird. Dies ist eine Spiegelung für die moderne Welt, aber natürlich stimmt es, dass wir als “Urvolk” der Menscheit unsere Heimat Afrika zum größten Teil verleugnen und somit auch unsere Wurzlen. Ich finde, der Text regt sehr dazu an, wieder in diesen Kontakt zu kommen, der auch in sich selbst einen Weg zu etwas unbekannten und unbewussten bahnt. Nochmals vielen Dank.
    Um abraço de Belo Horizonte

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    • vc tocou num ponto importante sobre os conflitos internos. Em muitos países vale mais a questão tribal, etnia, do que o conceito de nação. Não podemos esquecer que a formação de países na África se deu pela questão da colonização européia nos séculos XVIII, XIX e XX, onde a formação geográfica não levou em consideração questões dos povos ali existentes antes da colonização. Repare que tal fenômeno também acontece, mas em muiiito menor escala, na América Central e é irrelevante na do Sul. Realmente são situações que merecem estudos e ações para tentar consertar o que foi feito à revelia no passado. Abs

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  3. Prezado Leonardo Boff (engraçado ainda tenho vontade de chamar você de frei). Quero lhe agradecer por você existir e nos presentear com textos espiritualizantes de alta qualidade. É sempre um prazer ler seus posts. Tenho certeza que na terra dos “mortos”, Mandela estará ativo mais que nunca para nos ensinar como lutar pelos nossos direitos sem violência. Boa viagem, Madiba!

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  4. Bom dia e obrigada pelo texto maravilhoso e esclarecedor. Acho lindo a cultura africana e gosto muito das músicas, quando ouço dá vontade de dançar, creio que é a verdadeira essência despertando neste momento.

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  5. Como sempre, suas reflexões e pensamentos me ajudam a amadurecer a cada dia, forte e fraterno abraço.

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  6. É interessante como até a forma de compreendermos a vida e a morte foram colonizados em nós!!Obrigada pela bela reflexão!

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  7. Mais uma vez feliz por permitir-me deslumbrar sobre as suas colocações tão simples e ao mesmo tempo tão profundas, você sempre fala ao meu coração, sou grata a Deus por Ele ter me conduzido até você, através das sua obras…Sinto uma vibração muito forte em meu ser quando vejo qualquer manifestação de origens afro, isso me faz viver da certeza que em minhas veias corre este sangue, tão forte, tão alegre, mesmo diante das adversidades…Abraços!!!

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  8. Já faz algum tempo que estou percebendo as contradições de Leonardo, me permito citar algumas nesse artigo: 1. Primeiro ele diz que a África está esquecida, depois ele fala da neocolonização que dá conta de uma África lembrada e produtiva. 2. Tem em alta estima a postura dos africanos que dançam e mexem todo o corpo frente a uma perda enquanto nós, ocidentais, ficamos duros igual um cabo de vassoura. Para quem defende tanto as diversidades culturais, pega mal ter tal posicionamento frente a nós ocidentais. 3. Se nenhum capitalismo ou comunismo pode trazer a alegria que o povo africano tem, o que poderia? Ao que parece foi o sofrimento que fez deste povo conceber a alegria como algo interior não um sistema econômico, pois o sofrimento, assim como a alegria, também é interior. 4. Como é possível que a África, sendo o berço da humanidade, continue assim? Não seriam as rixas entre as diversas tribos africanas que colocam o povo em discordância, dividido e fraco frente aos poderes internacionais? Não seriam os próprios africanos os responsáveis ou, pelo menos, com alguma responsabilidade por serem tão explorados?

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    • Jonas,
      Acho desumano culpar as vítimas por aquilo que sofrem sabendo que foram os europeus que retalharam a Africa opondo etnias contra etnias para melhor dominar. Tenha um pouco de compaixão tão pedida pelo Papa e parece que vc não aprecia esta virtude.
      lboff

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      • Gostei muito do seu texto, apesar de que já fiz curso de história da África, sempre tem mais um ângulo a se olhar, mas é contraditório colocar os europeus com o poder absoluto de dividir as etnias, tirando do povo o mérito de construtor da sua própria história, para o bem e para o mal, essa divisão das etnias já existia na áfrica, como existe em qualquer nação. Os europeus apenas se aproveitaram dessa divisão para explorar as imensas riquezas existentes na África. O resgate da autoestima de um povo passa necessariamente pela responsabilização na construção de sua própria história, sem paternalismo.

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    • Você é digno de pena conhece muito pouco de historias arrota basófilas com um julgamento absurdo e desinformado volte para escola leia mais e depois opne…

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  9. Seu texto me remete à Exortação Apostólica “Alegria do Evangelho” do papa Francisco. Essa alegria se traduz para mim no “Deus conosco” ou, em cada um de nós, que os africanos tão bem expressam nesse testemunho de vida. Grata pelas suas lúcidas palavras que também enriquecem a minha fé. Grande e fraternal abraço.

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    • A alegria à qual me refiro, Robson, é a alegria aliada à paz interior que não quer, não participa, nem alimenta a guerra exterior (mesmo em meio a sofrimentos e dores), mas é suficientemente forte para se irradiar, convidando à paz amigos e inimigos. No exemplo citado por Boff, esses africanos, cercados por condições degradantes que eles mesmos não criaram, alegram-se e comemoram ao se verem reconhecidos e valorizados, ao mesmo tempo que reconhecem e valorizam, a presença de pessoas (e, às vezes, bastam 2) que se encontram nas mesmas condições exteriores. O verdadeiro encontro entre pessoas dignas se dá na paz e na alegria (ubuntu), independentemente das ações malignas que os oprimiriam a ponto de se sentirem isolados nesse individualismo pernicioso que assola o ocidente.

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  10. Leonardo, vc É um dos ALENTOS prá mim! Agradeço aos Deuses o privilégio de poder comungar com vc esse privilégio de experimentarmos a Consciência, a Religiosidade no sentido Profundo e a reconecção com o OUTRO! Toda vez que leio algo seu algo AGE! diretamente na minha Esperança! No meu Íntimo! Na minha ALEGRIA-INTERNA; pois para mim ela É o BEM MAIS PRECIOSO!!! Vc É um Homem-de-BEM! Obrigado meu IRMÂO!
    O meu grande MESTRE Fauzi Arap, se encantou por esses dias, ele já estava recluso, mas liguei prá ele, pois estava Dirigindo um Espetáculo O Amante do Girassol, com o pianista João Carlos Assis Brasil e o ator, Daniel Lobo, e queria terminá-lo com esse trecho da peça Pano de boca de sua autoria, ele me disse:” se for um acordo de Cavalheiros Xarlô, fico muito feliz, assim foi…
    Aí vai o trecho que encerrava o Espetáculo: “A porta é estreita Pedro, mas eu quero acertar com ela, eu não quero permanecer no mesmo erro por mais tempo, existe alguma coisa que nos inclui à TODOS, eu não sei que nome dar a ela, mas estamos irremediavelmente comprometidos TODOS uns com os OUTROS e é impossível escapar sózinho! A porta é estreit, mas só atravessamos carregando os OUTROS conosco.”
    Abraço forte! Xarlô

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  11. A ALEGRIA QUE SENTEM OS AFRICANOS, NÓS OCIDENTAIS CHAMAMOS DE DEUS, SEM SE QUER NOS DARMOS CONTA DESSE SENTIDO E DESSA RELAÇÃO.
    NELES O SENTIDO E RELAÇÃO SE ESPRESSAM NA PELE, COMO BEM O SENHOR FALOU. EM NÓS QUEREMOS QUE SE EXPRESSE NO DINHEIRO, COMO SE ELE FOSSE NOSSA PELE. SENTIDO E RELAÇÃO ABSURDAS. É BOM LER SEUS ARTIGOS, QUE NOS RECOLOCAM EM NOSSO DEVIDO LUGAR COMO SERES HUMANOS, MAS UNIVERSAIS E SEMPRE LIGADO AO TODO.

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  12. Leonardo Boff sempre preocupado com a mãe terra e a humanidade entre os humanos. Mãe África, nossa Mãe. Morte passagem = alegria e tristeza, recolhimento espiritual de dança.

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  13. Boff, sempre estou com você , nas paginas de um livro. A minha admiração é grande e o entendimenó do seu texto, bastante claro faz reviver em nós a nossa raça. Sou bisneta de um pretinho lindo, cabelos lisos e sem olhos verde . Só o conheci por retrato. Sou loira de olhos verdes , mas o sangue que corre no meu corpo não é verde , mas, sim do meu biso. Agradeço nos lembrar o que , de repente, fazemos de conta que esquecemos Suzana Bastos.
    .

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  14. É interessante, Leonardo Boff, como a primeira preocupação na maioria das pessoas é com ganhos e perdas, quem está ou não tirando vantagem… é quase patológico. Muito bom seu texto e sua reflexão! Obrigada por compartilhá-lo conosco.

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  15. Melhor nem comentar sobre os ataques à gramática… Como sempre, vc continua o mesmo enrolador, mentiroso, criador de estorinhas e um tremendo cara-de-pau… Pedir que tenha vergonha na cara seria uma injustiça para com a vergonha.

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    • Jorge Carrero: você é um idiota completo que acha que tosos os outros são seus iguais. Procure um bom chiquero onde possa alardear seus “comentários” de ódio e preconceito sem incomodar quem aqui quer estar a partilhar algum do pouco saber que possuímos sobre os africanos e a sua espiritualidade.

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    • Coxinha detectado. Sempre assim, adoram esculhambar os sites alheios. Cérebro no lugar de catupiry dá nisso.

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  16. É importantíssimo saber da onde que nos viemos. Sobre a existência não seria os primeiros Homo Herdelbergens há cerca de 450.milhões de anos. Para alguns autores o Homo Sapiens na terra surgiu cerce de 250.000 milhões de anos, antes, ou seja, já existiam numa parte da Ásia alguns carnívoro e vegetariano, qual seria determinado Homo daquela época.

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  17. Uma excelente reflexão. Mandela,O GRANDE MESTRE como chamaria. Queria ter a força de Mandela para tentar mudar os paradigmas sobre os quais vivem o ser humano. Mas sera que vale a pena? Se sou pó e nada mais,se todas as geraçoes nao existem mais,a minha nao existirá e as futuras tambem. Falo sobre a morte!!! O que mais amo e o meu estado de consciencia. Para que tanta etica e amor, se nao tenho garantia de continuar existindo e construindi

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  18. Espero que o esforço de Mandela não tenha sido em vão. E de todos que lutaram neste mundo. Sofrimento….nao entendo a logica de Deus. E so olhar o processo de evolucao do nosso planeta e ve como a vida e cruel. Deus é bom.? Creio que ele como a natureza nao e bom nem ruim. Onde esta a etica de Deus diluida em pelo menos 4,5 bilhoes de anos? Sofrimento….E a religiao ainda fala de pecado. Que pecado???? Sinto muito,mas ainda nao conseguimos entender a logica do criador. Deus nem sabe onde vai dar a criacao dele. Perdoa amigo Leonardo. Adoro seus textos,mas o que me assusta e nao entender a logica da criacao.

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  19. Prezado Leonardo…Parabéns pelo texto,muito bom !!! Suas reflexões são válidas e muito importante…Apesar de não ser católico,tenho uma profunda gratidão e respeito pelo Cristianismo…Vc é uma pessoa iluminada que sabe identificar as mazelas da sociedade e explica-las de um modo objetivo e ecumênico !!! Sempre sensível a causa humana !!!
    “Fazer o bem não vendo a quem ”
    Forte abraço e fique com Deus !!!
    Reynor

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  20. Sendo este espaço de debate aberto, me permitam dizer que Manoel está certo! A terra é lembrada. Mas, Manoelllll, que coisa feia….tenha dóoooooo, Manoel !!!

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  21. Prezado Leonardo Boff, guardadas as devidas proporções, pois o que vou comparar, aconteceu no Brasil numa cidadezinha bem pequena no interior de Minas Gerais, chamada Piedade do Rio Grande. O falecido em questão fazia parte daquele povo daquelas gente da pitoresca cidade. Pois bem, era um brasileiro descendente de africanos, penso que da quarta geração de ex-escravos, e esse rapaz morreu nessa cidadezinha e o enterro seguiu sem nada programado de despedidas a não ser uma Congada Moçambique o qual ele era integrante. A negritude se manisfestou tal qual na despedida de Mandela… danças de congadeiros pulando e mostrando voz grave e forte típica dos negros e pareciam que riam a alegria da despedida somadas a choros também, mas por conta das danças, as vezes parecia que nem enterro, pois as palmas e agradecimentos áquele negro que durante os 45 vividos passou o que tinha de mais precioso num ser humano – a alegria de viver com o menos possível. Somos negros e carregamos em nosso DNA essa ancestralidade africana. Todos de nossa família estávamos lá acompanhando o cortejo chorando e achando bonito a despedida de nosso querido irmão José Itamar Pereira Teodoro, que agora se junta á Mandela para festejar a alegria da morada eterna. Abraços, Ubuntu para o senhor.
    Edmilson Pereira Teodoro
    Piedade do Rio Grande/MG

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  22. Muito bom o debate. L.Boff fala da esperança. Esperança com alegria, com dança, com cantos. “Além do presente, alegre futuro anuncia” a libertação. Se Mandela era metodista, e se Desmond Tuto era anglicano, a maioria cristã nenhum empenho fez, além de trazer o colonialismo econômico-cultural-religioso. O ecumenismo de resistência, humanista, solidário exercido pelo CMI, na época (conheçam o pastores Charles Roy Harper e Phillip Potter), constitui exceção ao fundamentalismo protestante associado às igrejas brancas na África. Uma frase de Desmond Tuto (pode ser apócrifa): Os missionários nos ensinaram a fechar os olhos, mas acordamos lendo a Bíblia. Referia-se ao libertarismo teológico, ao qual L.Boff se dedica.

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  23. Obrigada pelo belo texto e reflexão. Sempre me emociona o canto e danças africanos. Que a alegria do Senhor seja sempre a sua força! Meu fraterno abraço de paz e bem!

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  24. Obrigado professor, seu texto é de uma sensibilidade imensurável. Resgata fios e elos perdidos nos complexus que tecem a vida planetária. Nos alerta da importância comunitária e da inteligência corporal que alcança a alma.
    Se me permitires usarei em minhas aulas, pois mais do que ensinar o educador deverá sensibilizar para o despertar e renascer de uma nova humanidade.
    Parabéns! ! !

    Ivã Alakija

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  25. Homem de Deus, ser apedrejado faz parte. E Leonardo sabe bem disso e graças a Deus continua compartilhando conosco um pouco de sua sabedoria! Obrigada, grande homem de Deus!

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  26. This text is a breath of fresh air; Especially among everything being said and wrote after Mandela’s death…. Obrigada!

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  27. Nada é mais frustrante do que não admitir a cultura e manifestação popular, fazendo com que se imponha regras de dominação e poder. Não respeitando o sentido de celebração (entenda-se sacramento) e tendo como final o massacre e extinção de povos com suas expressões culturais. Importa que saibamos conviver com as manifestações e cultura popular, porque só assim seremos verdadeiramente próximos de grandes líderes mundiais, tais como: Jesus Cristo, Gandhi, Teresa de Calcutá, Francisco e outros que nos servem de exemplos. Sejamos mais humanos e que com a análise deste texto de LB possamos ter bom senso, admitindo nossa raízes com respeito e sabedoria. Mandela, um grande homem que deixa para sua Nação e nós o exemplo da alegria e do sofrimento na busca da liberdade e igualdade. Não existem diferenças, nossos sangue são vermelhos. Títulos e riquezas não nos distinguem perante nossa humanidade.

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  28. Querido Leonardo, amigo que eu tenho tanto respeito, a Africa é a nossa mãe, viver, respeitar e valorizar a sua riqueza cultural, deve ser o nosso compromisso, ainda hoje a Africa continua sendo escravizada, e o pior é que em um mundo que chamamos de “civilizado”, onde valoriza o poder, a ganancia e o consumismo.
    Nas alegrias dos povos africanos, nós aprendemos a viver e precisamos sempre lutar, para que todos tenham justiça e direitos iguais.
    Laudelino da Costa Palmeira

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  29. Adorei o texto…quem escreve com sensibilidade e verdade toca os nossos corações isto nos lembra o quanto podemos ser humanos, a despeito do que a forma capital tenta o tempo todo destruir…como dizem os africanos “Com o sofrimento, nós aprendemos que a nossa alegria não pode depender de nada fora de nós. Ela tem de ser só nossa, estar dentro de nós.”

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  30. como africano e especialmente angolano, agradeço pela atenção que despensou em pensar e partilhar com o mundo sua visão sobre o continente e seus problemas candentes. realmente somos um povo que diante do sofrimento canta e dança, e ainda assim um povo que reza e clama por momentos alegres, não apenas da “alma” mas também do corpo. Somos um povo que vive e caminha sobre o solo mais abençoado, em contra partida o mais pobre do mundo… somos vítimas de todo o tipo de atrocidades desde as guerras, corrupção, violações, mutilações etc. Será que mesmo assim devemos continuar a sorrir? penso que não, a libertação de Àfrica depende exclusivamente dos africanos. Quando os nossos políticos, os nossos lideres religiosos, os nossos intelectuais e o povo tomarem consciencia do papel que desempenham no ontinente, e libertarem-se da corrupção, da vaidade de encherem a ” APENAS A BARRIGA”. obrigado Leonardo, lí sua obra a “aguia e a galinha” adorei e êxitos nesta vida…

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  31. Os Africanos cantam e dançam quando sofrem,quando estão alegres e quando vão para guerra e se matam desalmadamente. A dança e o canto é tradição de todos os povos desde sempre. os ocidentais parecem cabos de vassoura graças à civilização judaico-cristã que os imbuiu de uma série de valores pseudo morais que os inibe de mostrarem os seus sentimentos. Os Africanos não são melhores nem piores que os outros povos, só não foram tão reprimidos pela religião qie institui o sofrimento como o mais alto valor que se pode ter para atingir o céu. De notar que o cristianismo, por exemplo, elevou a ícone de adoração um instrumento de tortura ignóbil: a CRUZ!

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    • Me perdoa, Jorge, mas o sofrimento e a cruz existem na vida de todos, mesmo nos países de primeiro mundo e nas classes sociais mais privilegiadas, sem mencionar a morte, que chega para todos. A cruz de que você fala, que é a cruz de Cristo, é gloriosa, no sentido de que o AMOR, que não precisa esperar outra vida para se manifestar, nos faz VIVER já aqui na alegria e na paz apesar da cruz (ou das cruzes). Mandela não é um bom exemplo?

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  32. O que mais me preocupa neste momento em África são os frutos do neocolonialismo que estão agora a florescer em toda a força. Embora seja verdade de que áfrica foi esquartejada a bel-prazer das potências ocidentais, sem levar em conta afinidades nacionais, linguísticas e culturais. erro esse que foi depois legitimado pela OUA, o facto é que as potências coloniais deixaram no poder, aquando das chamadas independências, uma falsa elite de corruptos servis ao colonizador. talvez a excepção seja Portugal uma vez que as independências se fizeram noutras circunstâncias, o que não significa que as suas elites não tenham rápidamente copiado quem os rodeava. Hoje, com uma nova geraç\ao de governantes começa-se a assistir a intervenções musculadas do ex-colonizadores (caso da França), e preocupa-me que outras potências com interesses económicos em África, (mesmo aquelas que não colonizaram), venham a copiar este tipo de actuação. Já aconteceu com a União soviética e seus satélites, mas tudo indica que pode acontecer de novo. Neste momento pode-se perguntar que tipo de independência é essa onde outros países podem intervir militarmente para pôr fim a conflitos que deviam ser resolvidos pelos próprios dirigentes internos? Se fosse para evitar chacinas, como dizem, porque não intervir na Síria, ni Libano ou em Myamar ou mesmo no Sri Lanka. estanho não?

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    • Não, não é estranho, Jorge. Estranho é atribuir como inútil a alegria da libertação. Estranho é responsabilizar a um movimento cultural (cristianismo), confundindo-o com essência das liberdades negadas, num continente que carrega em sua alma os desencontros da humanidade inteira, na luta de irmãos contra irmãos. A África cristianizada, de fato, reproduz o mesmo que se viu e se vê em outros continentes? Não vemos diferença alguma nas “colonizações” anteriores ao cristianismo, mesmo as que estão mais perto do impulso e projeção histórica do ocidentalismo judeo-cristão, a quem você acusa de culpado pelos males inteiros da humanidade.

      As civilizações do mundo mediterrânico, africanas, asiáticas, greco-romanas, antes do cristianismo, transportam em suas costas as responsabilidades da escravidão e do “apartheid”, racial, social, cultural ou religioso. Não iremos mais longe, no Oriente Distante, China, Índia, etc.. São outras as conotações, é verdade. O modo de ver outras etnias, outros povos, outras civilizações, da parte dos ocidentais e cristãos colonizadores da África e da Ásia, corrompe a ideia principal do cristianismo, interpretado por Paulo, o apóstolo, que afirma imediatamente: “Em Cristo não há judeu nem grego; nem homem nem mulher; nem patrão nem servo; nem dono de escravo nem o escravo”. Isso tiraria a autoridade do colonizador e dominador combatida por Mandela. A não-violência aprendida com Tostoy, Thureau, Gandhi (que viveu na África do Sul pelos anos 30 do século 20), Martin Luther King, faz parte da mentalidade cristã libertária e libertadora. Por acaso, Mandela era uma cristão metodista.

      Se é verdade que Desmond Tuto disse: “Os missionários (cristãos colonizadores) nos ensinaram a fechar os olhos (às atrocidades cometidas pelo branco colonizador), nós acordamos com a Bíblia que eles mesmos nos ensinaram a ler”, não podemos ignorar o evangelho, na raiz do cristianismo, que já é, em si, o anúncio da libertação reclamada em todos os tempos, civilizações e culturas, desde que o homem tomou consciência do sentido de sua existência.

      Nas palavras de L.Boff, implícitas as conotações da fé cristã na luta de Mandela, “milhares de pessoa em toda a África do Sul misturam choro com dança, festa com lamentos pela morte de Nelson Mandela. É a forma como realizam culturalmente o rito de passagem da vida deste lado para a vida do outro lado, onde estão os anciãos, os sábios e os guardiões do povo, de seus ritos e das normas éticas. Lá está agora Mandela de forma invisível mas plenamente presente acompanhando o povo que ele tanto ajudou a se libertar”. Mandela teve fé. Tudo seria diferente, não fora a esperança motivada pela energia de Deus, na vida em Cristo.

      Nossa mais profunda esperança ancestral quanto às aspirações de liberdade humana nos levam às “nossas raízes na Africa, embora a grande maioria o desconheça ou não lhe dê importância” (L.Boff). Reapropriar-nos de nossas origens, faz-se necessário. Os códigos para se alcançar a liberdade pertencem ao princípio da fé que animou Nelson Mandela por toda a sua vida. Inspiração para todos aqueles que lutam contra as formas de opressão sobre a humanidade, sejam elas quais forem e se encontrem identificadas nos lugares mais inusitados do planeta.

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      • Corrijo dois equívocos meus: Escreve-se “Tolstoy” (Leon Tolstoy). E, a frase correta é: “Por acaso Mandela era um cristão metodista”.

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  33. Leonardo !! assim posso te chamar , sou anonimo em sua existencia , porem admiro sua teologia da libertação , e este texto do Mandela , me tras aquilo que sempre acreditei , será Mandela = Guandi = Martir Luther King = Madre Tereza de Calcuta = Maria Severina ou igual a varios icones que lutam pela vida e o amor ,como vc ,não precisaras vir a ser martir !!! apenas amigo contiue a multiplicar a obra !!! te amo !

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  34. Gostei muito deste artigo. Muito interessante principalmente ” com nosso sofrimento, aprendemos que nossa alegria não pode depender de nada de fora. Ela tem que ser só nossa de dentro de nós”. E o capitalismo nos dá uma idéia distorcida das coisas. Nos leva a procurarmos fora desenfreadamente.

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  35. Em África está-se muito para lá dos “ismos” Ocidentais. Os Africanos saberão eventualmente criar um modelo de sociedade que lhes seja vantajoso, assim o permitam os actuais senhores do mundo , sejam eles de que latitude ou longitude forem. Penso sinceramente que um dos maiores males que assolou África foi o de tentarem transpôr ideologias totalmente estrangeiras e estranhas para o seu seio com a “ajuda”, mais do que interessada, de potências estrangeiras que querem continuar a explorar os inúmeros recursos do continente. Se por um lado é verdade que o mundo, como um todo, deve continuar a ajudar o continente a livrar-se das enormes pragas e tragédias que o assolam, por outro isso deveria ser feito no mais estrito respeito pelos sentimentos, cultura e desejo dos povos que o habitam. Essa seria uma causa a desenvolver sem nos enredarmos em patetices tipo Snr. Jorge Carrero que deve ter um problema de fígado ou um assunto pessoal com o autor deste artigo. Os seus comentários são perfeitamente dispensáveis, na minha opinião, bem como os de aqueles que parecem pensar que África, por ser o berço da humanidade, é habitada por santos ou é assim como que uma espécie de paraíso perdido na terra.

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  36. After I originally commented I clicked the -Notify me when new comments are added- checkbox and now each time a comment is added I get 4 emails with the same comment. Is there any approach you may take away me from that service? Thanks!

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  37. […] Que tristeza é esta governador? É uma tristeza cínica, digna de um fraco, que demonstra o sentimento apenas na frente das câmaras dos jornalistas. Porque antes e depois, em público e em privado, o governador era de uma alegria contagiante só, como se viu na festa do deputado Jonas Guimarães, realizada no Bar do Lica, dentro da sede principal da Sanepar, na Rua Engenheiros Rebouças. A notícia da cantoria feita por Beto Richa está no blog do jornalista Fábio Campana. […]

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  38. Olha eu lendo isso em 2017?!…. Uau… pode parecer simples, mais uma coisa escrita à anos me mostrou um novo angulo que pensei hoje…
    Gostei das suas palavras, e de seu ponto de vista, temos que ser menos hipócritas mesmo.. se não podemos ajudar que possamos aprender…
    Hoje o Brasil ta tão ruim e ainda temos muito o que aprender como pessoas …
    Aos falsos moralistas, saiam de suas palavras pra primeiro votar direito e fazer pelo próximo pra depois falar em Africa.

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