A sabedoria chinesa do cuidado: o Feng Shui

         Uma das vantagens da globalização que não é só econômico-financeira mas também cultural, é permitir-nos colher valores pouco desenvolvidos em nossa cultura ocidental.No caso, temos a ver com o Feng-Schui chinês. Literalmente significa vento (feng) e água (shui). O vento leva o Chi, a energia universal e a água o retem. Personalizado significa “o mestre das receitas”: o sábio que, a partir de sua observação  da natureza e da fina sintonia com o Chi indicava  o rumo dos ventos e o veios d’água e assim como bem montar a moradia.

         Beatriz Bartoly,  em sua brilhante tese em filosofia na UERJ, da qual fui orientador, escreve: “o Feng Shui nos remete para uma forma de zelo  carinhoso” – nós diríamos cuidadoso e terno – “com o banal de nossa existência, que no Ocidente, por longo tempo, tem sido desprestigiado e menosprezado: cuidar das plantas, dos animais, arrumar a casa, cuidar da limpeza, da manutenção dos aposentos, preparar os alimentos, ornamentar o cotidiano com a prosaica, e, ao mesmo tempo, mejestosa beleza da natureza. Porém mais do que as construções e as obras humanas é a sua conduta e a sua ação que é alvo maior desta filosofia de vida,  pois mais do que os resultados, o Feng-Shui visa o processo. É o exercício de embelezamento que importa, mais do que o belo cenário que se quer construir.  O valor está na ação e não no seu efeito, na conduta e não na obra.”     

         Como se depreende, a filosofia Feng-Shui visa antes o sujeito que o objeto,  mais a pessoa do que ambiente e a casa em si.  A pessoa precisa envolver-se no  processo, desenvolver a percepção do ambiente, captar os fluxos energéticos e os ritmos da natureza. Deve assumir uma conduta em harmonia com os outros, com o cosmos e com os processos rítmicos da natureza. Quando tiver criado essa ecologia interior, está capacitado para organizar, com sucesso, sua ecologia exterior.

      Mais que uma ciência e arte, o Feng Shui é fundamentalmente uma sabedoria, uma ética ecológico-cósmica de como cuidar da correta distribuição do Chi em nosso ambiente inteiro.

          Nas suas múltiplas facetas o Feng Shui representa uma síntese acabada do cuidado na forma como se organiza o jardim, a casa ou o apartamento, com harmoniosa integração dos elementos presentes. Podemos até dizer que os chineses como os gregos clássicos são os incansáveis buscadores do equilíbrio dinâmico em todas as coisas.

         O supremo ideal da tradição chinesa que encontrou no   budismo e no taoismo sua melhor expressão,  representada por Laotse (do V-VI século a.C.)  e por  Chuang Tzu (século IV-V a.C.), consiste em procurar a unidade mediante um processo de integração  das diferenças, especialmente das conhecidas polaridades de yin/yang, masculino/feminino, espaço/tempo, celestial/terrenal entre outras. O Tao representa essa integração, realidade inefável com a  qual a pessoa busca se unir.

         Tao significa caminho e método, mas também a Energia misteriosa e secreta que produz todos os caminhos e projeta todos os métodos. Ele é inexprimível em palavras,  diante dele vale o nobre silêncio. Subjaz na polaridade do yin e do yang  e através deles se manifesta. O ideal humano é chegar a uma união tão profunda  com o Tao que se produza o satori, a iluminação. Para os taoistas o bem supremo não se dá no além morte como para os cristãos, mas ainda no tempo e na história, mediante uma experiência de não-dualidade e de integração no Tao. Ao morrer a pessoa mergulha no Tao e se uni-fica  com ele.

        Para se alcançar esta união,  faz-se imprescindível a sintonia  com  a energia vital que perpassa o céu e a terra: o  Chi.  Chi é intraduzível, mas equivale ao ruah  dos judeus, ao pneuma dos gregos,  ao spiritus dos latinos e ao axé  dos yoruba/nagô, ao vácuo quântico dos cosmólogos: expressões  que designam a Energia suprema e cósmica que subjaz e sustenta todos os seres.

         É por força do Chi que todas as coisas se transformam (veja o livro I Ching, o livro das mutações) e se mantém permanentemente em processo. Flui no ser humano através dos meridianos da acupuntura. Circula na Terra  pelas veias telúricas subterrâneas, compostas pelos campos eletro-magnéticos distribuidos ao longo de meridianos da ecopuntura que entrecruzam a superfície terrestre. Quando o Chi se expande significa vida, quando se retrái, morte. Quando ganha peso, apresenta-se como matéria, quando se torna sutil, como espírito. A natureza é a combinação sábia dos vários estados do Chi, desde os mais pesados até os mais leves.

         Quando o Chi emerge num determinado lugar, surge uma paisagem aprazível com brisas suaves e águas cristalinas, montanhas sinuosas e vales verdejantes.  É um convite para o ser humano instalar ai  sua morada. Ou encontra um apartamento no qual se sente “em casa”.

         A visão chinesa  do mundo privilegia o espaço, à diferença do Ocidente que previlegia o tempo. O espaço para o taoismo é o lugar do encontro, do convívio, das interações de todos com todos, pois todos são portadores da energia Chi que empapa o espaço. A suprema expressão do espaço  se realiza na casa, no jardim ou no apartamento bem cuidado.

         Se o ser humano quiser ser feliz deve desenvolver a topofilia, o amor ao lugar onde mora e onde constrói sua casa e seu jardim ou mobilia seu apartamento. O Fen Shui é a arte e  técnica de bem construir a casa, o jardim e decorar o apartamento com sentido de harmonia e beleza.

         Face ao desmantelamento  do cuidado e à grave crise ecológica atual, a milenar sabedoria  do Feng-Shui nos ajuda a refazer a aliança de simpatia e de amor para com a natureza. Essa conduta  reconstrói a morada humana (que os gregos chamavam de ethos), assentada sobre o cuidado e a suas múltiplas ressonâncias como a ternura, a carícia e a cordialidade.

Leonardo Boff escreveu: Virtudes para um outro mundo possivel,3 vol. Vozes 2006.

Zärtlichkeit – das Lebenselixier der Liebe

 

Die Wege, die das Herz eines Mannes mit dem Herzen einer Frau verbinden, sind rätselhaft. Ebenso rätselhaft sind die Wege zwischen den Herzen zweier Männer und genauso zwischen den Herzen zweier Frauen, die einander finden und sich gegenseitig ihre Liebe bekennen. Aus solchen Verbindungen entsteht Verliebtsein, Liebe und schließlich Ehe oder eine dauerhafte Beziehung. Da dies in Freiheit geschieht, sind die Paare unwägbaren Ereignissen ausgesetzt.

Unser Geschick ist nie ein für allemal festgelegt. Es steht in ständigem Dialog mit der Umgebung. Dieser Austausch lässt niemanden unberührt. Jeder ist ihm ausgesetzt. Gegenseitige Treue steht auf dem Prüfstand. In der Ehe folgt auf die Leidenschaft der Alltag mit seiner eintönigen Routine. In ihrem gemeinsamen Leben erfahren die beiden Trennungen, vulkanartige Ausbrüche der Begeisterung für eine andere Person. Nicht selten folgt auf die Ekstase die Enttäuschung. Es kommt zu Komplikationen, Vergebung, Erneuerung von Versprechen und Versöhnung. Doch die Wunden bleiben und hinterlassen auch nach ihrer Heilung noch Narben, die daran erinnern, was einst weh tat.

 

Liebe ist eine flackernde Flamme, die brennt, die aber auch schwinden und allmählich mit Asche bedeckt werden kann, bis sie schließlich erlischt. Es muss nicht einmal soweit kommen, dass die Menschen einander hassen. Vielmehr werden sie einander gleichgültig. Dies ist der Tod der Liebe. Im 11. Vers des spirituellen Liedes des Mystikers Johannes vom Kreuz, der Lieder über die Liebe zwischen der Seele und Gott dichtete, heißt es mit feiner Beobachtungsgabe: „Der Schmerz der Liebe verheilt nur durch Präsenz und Nähe“. Platonische, virtuelle Liebe oder Liebe auf Distanz reicht nicht aus. Liebe verlangt nach Präsenz und Nähe. Liebe braucht die konkrete Nähe, die aus mehr als nur der körperlichen Nähe besteht, sondern des Blicks von Aug in Aug bedarf sowie des Herzens, das den Herzschlag des anderen spürt.

 

Der mystische Poet drückt dies treffend aus: Liebe ist eine Krankheit, die nur durch das geheilt werden kann, was ich als essentielle Zärtlichkeit bezeichnen würde. Zärtlichkeit ist das Lebenselixier der Liebe. Wenn wir unsere Liebe schützen, bestärken und ihr Nachhaltigkeit verleihen wollen, müssen wir zärtlich mit unserem Partner/unserer Partnerin umgehen. Ohne den Balsam der Zärtlichkeit fehlt der heiligen Flamme der Liebe die Nahrung. Sie erlischt.

 

Was ist Zärtlichkeit? Wir wollen gleich zu Beginn psychologische und oberflächliche Konzepte außer acht lassen, die Zärtlichkeit als bloße Emotion und Erregung beim Fühlen der Anwesenheit des anderen identifizieren. Sich nur auf Gefühle zu konzentrieren, schafft Sentimentalität. Sentimentalität ist das Ergebnis unzureichend entwickelter Subjektivität. Solche Personen verschließen sich in sich selbst und zelebrieren die Gefühle, die der andere in ihnen hervorrief. Sie können nicht aus sich herausgehen.

 

Im Gegensatz dazu entsteht Zärtlichkeit dann, wenn jemand nicht nur um sich selbst kreist, sondern sich auf den anderen zu bewegt, den anderen als anderen wahrnimmt, an dessen Leben teilnimmt und es sich gestattet, sich von der Lebensgeschichte des anderen berühren zu lassen. Der andere prägt ihn, indem er im anderen verweilt, nicht wegen der Gefühle, die dadurch in ihm entstehen, sondern aus Liebe, aus Anerkennung für den anderen und für sein Leben und sein Ringen. „Ich liebe dich nicht etwa, weil du schön bist. Du bist schön, denn ich liebe dich.“

 

Zärtlichkeit ist die Zuneigung, die wir für die anderen um ihretwillen hegen. Zärtlichkeit ist Achtsamkeit ohne Besessenheit. Zärtlichkeit ist weder unmännlich noch verweichlicht. Es ist eine Zuneigung, die auf ihre eigene Weise den anderen zugänglich macht. Als Papst Franziskus mit den Bischöfen in Rio de Janeiro sprach, bat er sie um die „Revolution der Zärtlichkeit“ als die Bedingung für wahre pastorale Begegnung.

 

In Wirklichkeit kennen wir einander nur dann gut, wenn wir einander mögen und die Person, mit der wir eine Gemeinschaft gründen wollen, uns etwas bedeutet. Zärtlichkeit kann und sollte mit außerordentlichem Engagement Hand in Hand gehen können, wie es der Revolutionär par excellence, Ernesto Che Guevara, (1928-1968) vormachte. Seine inspirierenden Worte sind uns noch heute wertvoll: „Wir müssen uns abhärten, ohne die Zärtlichkeit zu verlieren“. Zärtlichkeit impliziert Kreativität und Selbstverwirklichung unseres Mitmenschen und durch die von uns geliebte Person.

 

Eine von Zärtlichkeit geprägte Beziehung ist frei von Angst, denn sie strebt nicht nach ihrem Vorteil und nach Beherrschung. Zärtlichkeit ist die dem Herzen eigene Stärke, sie ist der tiefe Wunsch, den Weg mit dem anderen gemeinsam zu gehen. Die Angst des anderen ist meine eigene Angst, sein Erfolg ist auch mein Erfolg, und sein Wohl bzw. seine Not sind auch mein Wohl oder meine Not und im Grunde genommen nicht nur meines sondern das aller.

 

Blaise Pascal (1623-1662), der französische Philosoph und Mathematiker des 17. Jh., traf eine wichtige Unterscheidung, die uns hilft, die Zärtlichkeit besser zu verstehen: Er unterscheidet zwischen dem Esprit de Finesse und dem Esprit de Géométrie. Der Esprit de Finesse ist der Geist der Reinheit, der Sensibilität, der Achtsamkeit und der Zärtlichkeit. Der Geist denkt und räsoniert nicht nur. Er geht darüber hinaus: der Vernunft fügt er die Sensibilität hinzu, die Intuition und die Fähigkeit zu tiefen Gefühlen. Aus dem Geist der Reinheit entstand die Welt der Begabungen, der großen Träume, der Werte und Zugeständnisse, in die Zeit und Energie zu investieren sich lohnt.

 

Der Esprit de Géométrie ist der Geist des Rechnens und der Arbeit, dem es um Effizienz und Macht geht. Doch wo Macht sich konzentriert, gibt es weder Zärtlichkeit noch Liebe. Aus diesem Grund sind autoritäre Personen so hart und ohne Zärtlichkeit und manchmal auch gnadenlos. Doch dies ist die Lebensweise, die unsere Moderne beherrscht. Sie findet alles verdächtig und lässt außer acht, was mit Zuneigung und Zärtlichkeit zu tun hat.

Von hier stammt das furchtbare Vakuum unserer „geometrischen“ Kultur mit ihrem Übermaß an Sensationen und dem Mangel an tief gehenden Erfahrungen; mit fantastischen Anhäufungen von Wissen, doch einem Mangel an Weisheit; mit einem Zuviel an Muskelkraft, aber Mangel an Zärtlichkeit oder Achtsamkeit für den anderen, die Erde und deren Söhne und Töchter, für die gemeinsame Zukunft aller.

 

Die Liebe und das Leben sind zerbrechlich. Ihre unbesiegbare Kraft schöpfen sie aus der Zärtlichkeit, mit der wir sie umgeben und für immer nähren.

 

 übersetzrt von Bettina Gold-Hartnack

 

Der eigentliche Grund für die Umweltkrise: der Bruch in der universellen Beziehun

 

Es gibt viele Gründe, die zur aktuellen Umweltkrise führten. Wir kommen hier jedoch auf die eigentliche Ursache zu sprechen: die beständige Abkehr des Menschen von seiner grundlegenden Verbindung mit dem übrigen Universum und dessen Schöpfer. Diesen Bruch hat der Mensch verursacht und für dessen Dauer und Fortbestand gesorgt.

 

Es gibt eine zutiefst mysteriöse und tragische Dimension in der Geschichte der Menschheit und des Universums. Die jüdisch-christliche Tradition nennt diese fundamentale Frustration die „Sünde der Welt“, und in der Theologie heißt sie, gemäß dem Hl. Augustinus, der diesen Ausdruck prägte, „Erbsünde“ oder „Sündenfall“. Die Vorsilbe „Erb“ hat nichts mit den historischen Wurzeln dieses Anti-Phänomens oder folglich mit der Vergangenheit zu tun. Vielmehr bezieht es sich auf das, was dem Menschen eigen ist, was die fundamentale und radikale Ursache seiner menschlichen Existenz betrifft und damit die aktuelle Conditio Humana.

 

Noch weniger kann Sünde auf eine rein moralische Dimension oder auf menschliches Versagen reduziert werden. Sie bezieht sich auf eine allgemeine Haltung und damit auf eine Unterwanderung aller menschlichen Beziehungen. Es geht um eine ontologische Dimension des Menschen, verstanden als ein Netz von Beziehungen. Dieses Netz ist verzerrt und korrumpiert, was allen Arten von Beziehungen schadet.

 

Es ist wichtig hervorzuheben, dass es sich bei der Erbsünde um die Interpretation einer fundamentalen Erfahrung handelt, einer Antwort auf die Herausforderung eines Rätsels. Beispielsweise kann es in Japan einen wunderschön blühenden Kirschbaum geben, während gleichzeitig ein alles zerstörender Tsunami in Fukushima wütet. Auf der einen Seite haben wir eine Mutter Teresa von Kalkutta, die sich um die gestrandeten Menschen auf der Straße kümmert, und auf der anderen Seite einen Hitler, der sechs Millionen Juden in die Gaskammern schickt. Warum dieser Widerspruch? Philosophen und Theologen haben lange nach einer Antwort gesucht. Bisher jedoch ohne Erfolg.

 

Ohne all die möglichen Interpretationen zu vertiefen, gehen wir von derjenigen aus, die sich unter den religiösen Denkern einer wachsenden Zustimmung erfreut: Sie sieht die Unzulänglichkeit als einen Moment im Evolutionsprozess. Gott schuf kein Universum, das augenblicklich fertiggestellt und gleich perfekt war. Vielmehr löste Gott einen zu vervollkommnenden Prozess aus, dessen Ende noch offen ist und der sich in Richtung immer komplexerer, subtiler und perfekter Formen bewegt. Wir hoffen, dass er einst seinen Omega-Punkt erreichen wird.

 

Unzulänglichkeit ist kein Defekt, sondern ein sich in Entwicklung befindlicher Prozess. In ihr drückt sich nicht Gottes eigentlicher Plan für Seine Schöpfung aus, sondern ein Moment inmitten eines immensen Prozesses. Mit dem irdischen Paradies ist nicht die Nostalgie für ein verlorenes goldenes Zeitalter gemeint, sondern das Versprechen für eine noch vor uns liegende Zukunft. Die erste Seite der Bibel ist tatsächlich ihre letzte. Zu Beginn wird eine Art Miniaturmodell der Zukunft vorgestellt, um die Leser und Leserinnen mit der Hoffnung auf ein gutes Ende für die ganze Schöpfung zu erfüllen.

 

Der Hl. Paulus sah den traurigen Zustand der Schöpfung als eine Unterwerfung unter die Vergänglichkeit (mataiótes) und zwar nicht aufgrund des Menschen, sondern aufgrund Gottes selbst. Die exegetische Bedeutung des Wortes „Vergänglichkeit“ weist auf den Reifungsprozess hin. Die Natur hat ihre Reife noch nicht erreicht. Aus diesem Grund befindet sie sich zurzeit immer noch weit von ihrem letzten Ziel entfernt. Deshalb „seufzt die gesamte Schöpfung bis zum heutigen Tag und liegt in Geburtswehen“ (Röm 8,22). Der Mensch nimmt teil an diesem Reifungsprozess und seufzt ebenfalls (Röm 8,23). Alle Geschöpfe erwarten bangend die volle Ausreifung der Söhne und Töchter Gottes, denn zwischen ihnen und dem Rest der Schöpfung besteht eine tiefe Interdependenz und Verbindung. Ist der Reifezustand erreicht, wird auch die Schöpfung an der glorreichen Freiheit der Kinder Gottes teilhaben (siehe Röm 8,20).

 

Dann wird der letzte Plan Gottes erfüllt sein, und erst dann wird Gott in der Lage sein, die ersehnten Worte auszusprechen: „Und Er sah, alles war gut.“ Noch sind diese Worte Prophezeiungen und Versprechen für die Zukunft, denn nicht alles ist gut. Ernst Bloch, der Philosoph des Prinzips Hoffnung, drückte dies so aus: „Genesis steht am Ende, nicht am Anfang.“ Der Verzug im Reifungsprozess des Menschen impliziert einen Verzug in der Schöpfung. Die Fortschritte des Menschen bedeuten einen Fortschritt für das Ganze. Die Menschheit kann ein Instrument zur Befreiung oder aber ein Hindernis auf dem Evolutionsprozess darstellen.

 

Und hierin befindet sich das Drama: Als die Evolution den Level der Menschheit erreichte, erlangte sie einen Zustand des Bewusstseins und der Freiheit. Der Mensch wurde als ein Schöpfer geschaffen. Menschen können zu einem guten Zweck in die Natur eingreifen und für sie sorgen, oder sie für einen schlechten Zweck zerstören. Es begann vielleicht mit dem Entstehen des Homo habilis vor 2,7 Millionen Jahren, als Werkzeuge geschaffen wurden, mit denen die Menschen in der Lage waren, in die Natur einzugreifen, ohne deren Rhythmus zu berücksichtigen. Zu Beginn kann dies ein simpler Akt gewesen sein. Doch seine Wiederholung schuf eine Haltung von mangelnder Achtsamkeit. Anstatt gemeinsam auf einer Stufe mit allem zu sein und zu leben, stellte der Mensch sich über die Dinge und dominierte sie. Und so ging es stets weiter bis zum heutigen Tag.

 

Damit fielen die Menschen aus der natürlichen Solidarität mit allen Lebewesen heraus. Sie verstießen gegen den Plan des Schöpfers, der den Menschen als Mit-Schöpfer gewollt hat, dessen Genie die unvollkommene Schöpfung hätte vervollkommnen sollen. Doch stattdessen nahm der Mensch den Platz Gottes ein. Die Stärke der menschlichen Intelligenz und seines Willens versetzte ihn in die Lage, sich als ein „kleiner Gott“ zu fühlen und sich so zu verhalten, als wäre er tatsächlich Gott.

 

Dies ist die große Spaltung von der Natur und dem Schöpfer, die der ökologischen Krise zugrunde liegt. Das Problem liegt in der Art des menschlichen Wesens, das im Lauf der Geschichte eher eine „geophysikalische Zerstörungskraft“ (E. Wilson) entwickelte statt eine Kraft der Achtsamkeit und der Bewahrung.

 

Die Lösung dieses Problems besteht darin, sich wieder mit allen Dingen zu verbinden. Es ist nicht notwendig, religiöser zu werden, sondern bescheidener, eher ein Teil der Natur, verantwortlich für deren Nachhaltigkeit, und achtsamer in jeglicher menschlichen Aktivität. Die Menschheit muss zur Erde zurückkehren, von der sie sich selbst exiliert hat, und deren Bewahrer werden. Dann wird der natürliche Vertrag wiederhergestellt. Auch durch die Öffnung hin zum Schöpfer wird der unlöschbare Durst des Menschen gestillt. Die Frucht dafür wird der Friede sein.

 

 Übersetzt von Bettina Gold-Harnack

 

 

 

 

 

¿Qué se entiende por terrorismo?


Las manifestaciones pacíficas de junio y julio de 2013 en Brasil y otras en lo que va del año 2014 mostraron también paralelamente la actuación violenta de los Black Blocs que, enmascarados, cometían actos vandálicos, atacaban a policías, culminando con la muerte del camarógrafo Santiago de Andrade. Se planteó entonces el tema del terrorismo.

Es arriesgado empezar calificando de terrorismo los actos violentos practicados. Estos se produjeron en el seno de grupos insatisfechos con ciertas alianzas del PT con políticos altamente desacreditados o como reacción a la violencia policial. Puede estar presente un rasgo ideológico como oposición radical al sistema macroeconómico neoliberal, dentro del cual se sitúa Brasil. Embisten contra sus símbolos, como los bancos, dañándolos. Piensan ilusamente que rompiendo sus fachadas alcanzan el corazón del sistema. Éste no cambia por la “violencia simbólica” sino por un proceso histórico-social, generalmente prolongado. Tales grupos están cargados de decepción y amargura y dan rienda suelta a su estado de ánimo a través de acciones destructivas.    

¿Se pueden calificar tales actos como expresión de terrorismo? Pienso que no sería exacto. El terrorismo tiene por detrás un radicalismo excluyente sea de naturaleza religiosa o política. Lleva a los militantes a sacrificar la vida para sus propósitos. Fue paradigmático el terrorismo islámico que llevó al atentado del 11 de septiembre de 2001 contra Estados Unidos. A partir de entonces el miedo se instaló en todo el país. Y el miedo produce fantasmas que desestabilizan a las personas y el orden vigente. Así, por ejemplo, un árabe en Nueva York pide información a un policía y éste lo detiene, imaginando que se trata de un terrorista. Después se comprueba que era un simple ciudadano inocente.

Esta fenomenología muestra la singularidad del terrorismo: la ocupación de las mentes. En las guerras y en las guerrillas se necesita ocupar el espacio físico para imponerse efectivamente. Así fue en Afganistán y en Irak. En el terror, no. Basta ocupar las mentes con amenazas que producen miedo, internalizado en la población y en el gobierno. Los norteamericanos ocuparon físicamente el Afganistán de los talibanes y el Irak de Saddam Hussein, pero Al Qaeda ocupó psicológicamente las mentes de los norteamericanos. La profecía que hizo el 8 de octubre de 2001 el autor intelectual de los atentados del 11 de septiembre, el todavía vivo Osama Bin Laden, se realizó: “Los Estados Unidos no tendrán seguridad, nunca más, nunca más tendrán paz”.

Para dominar las mentes por el miedo, el terrorismo sigue la siguiente estrategia: (1) los actos tienen que ser espectaculares, en caso contrario, no causan una conmoción generalizada; (2) a pesar de ser odiados, deben provocar admiración por la sagacidad empleada; (3) deben sugerir que han sido minuciosamente preparados; (4) deben ser imprevistos para dar la impresión de ser incontrolables; (5) sus autores deben quedar en el anonimato (usar máscaras) porque cuantos más sospechosos, mayor miedo; (6) deben provocar miedo permanente; (7) deben alterar la percepción de la realidad: cualquier cosa diferente puede configurar el terror

De modo formal: terrorismo es toda violencia espectacular, practicada con el propósito de ocupar las mentes con miedo y pavor. Lo importante no es la violencia en sí sino su carácter espectacular, capaz de dominar las mentes de todos.

Está en debate en el Ministerio de Justicia, en los órganos de seguridad del Estado y en el Parlamento una legislación que trata de tipificar los actos destructivos de los Black Blocs como terrorismo. Pero cuidado, no se trata de terrorismo como el que he descrito. Los actos, por su carácter destructivo, tienen rasgos de terrorismo sin ser terrorismo propiamente dicho. Si lo tratamos como terrorismo, como ya lo advirtió el Ministro de Justicia Eduardo Cardoso, corremos el riesgo de instaurar el miedo en la sociedad, miedo que acaba inhibiendo las manifestaciones populares. Con medidas de carácter anti-terrorista podemos estar llevando agua al molino de los Black-Blocks: ocupar, por el miedo, las mentes de la población. Basta aplicar las leyes existentes con las sanciones en ellas previstas.

Más importante que saber quien cometió y comete actos de violencia es saber por qué se recurre a ellos. El analista político Wanderley Guilherme dos Santos que se dio a conocer por preanunciar el golpe civil-militar de 1964 con el texto “Quién va a dar el golpe en Brasil” en el Boletín Carta Maior de febrero nos alerta sobre los Whitetblocks: los dueños del capital, nacional e internacional, que no quieren ningún cambio por temor a perder su nivel de acumulación. No es imposible que puedan estar detrás de los Black blocks. De ahí la importancia del seguimiento por parte de los órganos de información del Estado, pues el golpe civil-militar de 1964 nos dejó serios indicios respecto a estas fuerzas. Fue un golpe de clase con uso de la fuerza militar.

Nuestra sociedad altamente desigual y discriminatoria ofrece siempre razones para la indignación violenta. Cumplir la Constitución posibilitando educación, garantizando lo mínimo para todos, mostrando amor a las personas como lo ha hecho, ejemplarmente, la esposa del camarógrafo Santiago de Andrade y la ministra Maria do Rosário, de la Secretaría Nacional de Derechos Humanos, son caminos de otro tipo de estrategia política, ciertamente más eficaces que la pura y simple represión policial, que ataca los efectos pero no llega al corazón de esta violencia, que, si no se contrarresta puede transformarse en eventual terrorismo organizado.
 
Leonardo Boff es autor de Fundamentalismo, terrorismo, religión y paz, Vozes, Petrópolis, 2009.
 
Traducción de Mª José Gavito Milano