A ternura: a seiva da amor

          Mesmo no coração da atual crise social não podemos esquecer da ternura que subjaz a todos os empreendimentos que envolvem valores e afetam o coração humano.     

         São misteriosos os caminhos que vão do coração de um homem na direção do coração da mulher  e do coração da mulher na direção do coração homem. Igualmente misteriosas são as travessias do coração de dois homens e respectivamente de duas mulheres que se encontram e declaram seus mútuos afetos.  Desse ir e vir nasce o enamoramento, o amor e por fim o casamento   ou a união estável. Como temos a ver com liberdades, os parceiros se encontram inevitavelmente expostos a eventos imponderáveis.

         A própria existência nunca é fixada uma vez por todas. Vive em permanente dialogação com o meio. Essa troca não deixa ninguém imune. Cada um vive exposto. Fidelidades mútuas são postas à prova. No matrimônio, passada a paixão, inicia a vida cotidiana com sua rotina cinzenta. Ocorrem desencontros na convivência a dois. irrompem paixões vulcânicas pelo fascínio de outra pessoa.  Não raro o êxtase é seguido de decepção. Há voltas, perdões, renovação de promessas e reconciliações. Sempre sobram, no entanto,  feridas que, mesmo cicatrizadas, lembram que um dia sangraram.

         O amor é uma chama viva que arde mas que pode bruxolear e lentamente se cobrir de cinzas e até se apagar. Não é que as pessoas se odeiam. Elas ficaram indiferentes umas às outras. É a morte do amor. O verso 11 do Cântico Espiritual do místico São João da Cruz, que são canções de amor entre a alma a Deus, diz com fina observação: “a doença de amor não se cura sem a presença e a figura”. Não basta o amor platônico, virtual ou à distância. O amor exige presença. Quer a figura concreta que é mais mais que o pele-a-pele mas o cara-a-cara e o coração sentindo o palpitar do coração do outro.

         Bem diz o místico poeta: o amor é uma doença que, nas minhas palavras,  só se cura com aqulo que eu chamaria de ternura essencial. A ternura é a seiva do amor. “Se quiseres guardar, fortalecer, dar sustentabilidade ao amor seja terno para com o teu companheiro oua tua companheira”. Sem o azeite da ternura não se alimenta a chama sagrada do amor. Ela se apaga.

         Que é a ternura? De saida, descartemos as concepções psicologizantes e superficiais que identificam a ternura como mera emoção e excitação do sentimento face ao outro. A concentração só no sentimento gera o sentimentalismo. O sentimentalismo é um produto da subjetividade mal integrada. É o sujeito que se dobra sobre si mesmo e celebra as suas sensações que o outro provocou nele. Não sái de si mesmo.

         Ao contrário, a ternura irrompe quando a pessoa se descentra de si mesma, sái  na direção do outro, sente o outro como outro, participa de sua existência, se deixa tocar pela sua história de vida. O outro marca o sujeito. Esse demora-se no outro não pelas sensações que lhe produz, mas por amor, pelo apreço de sua pessoa  e pela valorização de  sua vida e luta. “Eu te amo não porque és bela; és bela porque te amo”.

         A ternura é o afeto que devotamos às pessoas nelas mesmas. É o cuidado sem obsessão. Ternura não é efeminação e renúncia de rigor. É um afeto que, à sua maneira, nos abre ao conhecimento do outro. O Papa Francisco no Rio falando aos bispos latinoamericanos presentes cobrou-lhes “a revolução da ternura” como condição para um encontro pastoral verdadeiro.

          Na verdade só conhecemos bem quando nutrimos afeto e nos sentimos envolvidos com a pessoa com quem queremos estabelecer comunhão. A ternura pode e deve conviver com o extremo empenho por uma causa, como foi exemplarmente demonstrado pelo  revolucionário absoluto Che Guevara (1928-1968). Dele guardamos a sentença inspiradora: ”hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás”. A ternura inclui a criatividade e a auto-realização da pessoa junto e através da pessoa amada.  

          A relação de ternura  não envolve angústia porque é livre de busca  de vantagens e de dominação. O enternecimento é a força própria do coração, é o desejo profundo de compartir caminhos.  A angústia do outro é  minha angústica, seu sucesso é  meu sucesso e sua salvação ou perdição  é  minha salvação  e minha perdição e, no fundo, não só minha mas de todos.

          Blaise Pascal(1623-1662), filósofo e matemático francês do século XVII, introduziu uma distinção importante que nos ajuda a entender  a ternura: o esprit de finesse e o esprit de géometrie.

         O esprit de finesse é o espírito de finura, de sensibilidade, de cuidado e de ternura. O espírito não só pensa e raciocina. Vai além porque acrescenta ao raciocínio sensibilidade, intuição e capacidade de sentir em profundidade. Do espírito de finura nasce o mundo das excelências, das grandes sonhos, dos valores e dos compromissos para os quais vale dispender energias e tempo.

         O esprit de géometrie é o espírito calculatório e obreirista, interessado na eficácia e no poder. Mas onde há concentração de poder aí não há ternura nem amor. Por isso pessoas autoritárias são duras e sem ternura e, às vezes,  sem piedade. Mas é o modo-de-ser que imperou na modernidade. Ela colocou num canto, sob muitas suspeitas, tudo o que tem a ver com o afeto e a ternura.

         Daí se deriva também o vazio aterrador de nossa cultura “geométrica” com sua pletora de sensações mas sem experiências profundas; com um acúmulo fantástico de saber mas com parca sabedoria, com demasiado vigor da musculação, do sexualismo, dos artefatos de destruição mostrados nos serial killer mas sem ternura e cuidado de uns para com os outros,  para com a Terra, para com seus filhos e filhas, para com o futuro comum de todos.

         O amor é a vida são frágeis. Sua força invencível vem da ternura com a qual os cercamos e sempre os alimentamos.

Leonardo Boff é autor de A força da ternura, Mar de Idéias, Rio 2012.

 

53 comentários sobre “A ternura: a seiva da amor

  1. Leonardo,

    Peguei-me pensando na palavra ternura estes dias mesmo, quando pensando nos meus 22 anos de vida e quase 03 de casada percebi que o primeiro amor de fato não dá sustância ao dia-a-dia cinzento do cotidiano de um casal. A ternura é a adaptação deste amor a uma existência sustentável, que dê fôlego aos dois, e que possa assim se fazer eterna, sem ser um fardo. Incrível como meu pensamento se encaixou nesse texto.

    Deus abençoe,

    Yasmin.

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    • Yasmim
      vc captou por sua propria experiencia o sentido do que escrevi. Parabens. Se vcs não frem criativos e reinventarem o amor atraves do enternecimento acabarão amigos…companheiros. mas dificilmente marido e mulher, construindo um caminho juntos.
      Mas vc vai ter sorte pois já despertou.
      lboff

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      • Acreditando que o Deus autor do matrimônio não erra, e é um Deus de estratégias, entendo que existem segredos acerca da manutenção das relações interpessoais, bem além do “amor ao próximo”. Nós temos o dever de tentar desvendá-los. Segue o meu texto, fruto de uma dessas estratégias divinas que visam o nosso aprendizado, concluída através da sua reflexão sobre ternura:

        Amor

        Amor não tem data de validade, mas nosso coração inflexível, que um dia resolve apostar todas as fichas num alguém – em um só amor, de papel passado e aliança – não tem cintura para o rebolado da vida a dois. O precipitamento do amor, compreensível haja vista seu caráter apaixonado, pula todas as cláusulas e inocentemente vai direto até a assinatura. E isso não é negativo, apesar de arriscado, pois existe razão nas coisas feitas pelo coração. Mas a sua manutenção muitas vezes é inimiga da sua própria essência. Antes não houvesse o dia seguinte. Mas se não houvesse, paixão seria, e não amor.
        Ninguém é a mesma pessoa todos os dias. É como se a moeda utilizada fosse variando dia após dia e aquela transação – relação – tivesse de ser administrada segundo o valor que ainda tem para os dois – se ainda tiver o mesmo valor para os dois. Coloca a prova todas as promessas. Em risco tudo o que sabemos sobre nós mesmos.
        A questão é que o primeiro amor não dá sustância nem para si mesmo, tampouco para a proposta de uma vida inteira. A dieta necessária para comportar o ingrato passar dos dias no calendário conjugal – que muitas vezes arrasta-se em longas e difíceis horas – passa longe do arroz e feijão oferecido por duas almas que por vezes se chocam e se cansam do mesmo cardápio – e dos mesmos tombos emocionais. Graças a Deus há o dia seguinte, pois é sinal de uma nova chance!
        O importante é saber que sair dos trilhos é natural. Dias menos brilhantes são apenas dias, que passarão. Que é na fraqueza do ser humano que o amor encontra impulso. Na inconstância, que ele encontra equilíbrio. O amor verdadeiro é aquele que declara sua hipossuficiência diante da tempestade, e apela às estratégias de guerra para que o amanhã exista, pois na nebulosidade da tensão consegue enxergar que o melhor ainda é permanecer junto. Contraria as tendências pessoais pela própria força, destrói linhas que separam histórias, abate o eu, faz o território do outro ganhar mais importância que o seu.
        E que o casamento é, na verdade, uma tentativa de amor. Nada tem a ver com passividade, submissão, ou qualquer condição que não tenha um fundo inexplicável. O que se explica não é amor, e sim acordo. Pois o amor verdadeiro, expressado na Carta de Coríntios, é um estado muito elevado para julgarmos conhecer tão bem. O amor não se justifica no hoje, pois amanhã poderia acabar e seria mentiroso. O amor se justifica no último dia. E o último dia, nós não sabemos qual é. Que na caminhada até ele, pelo menos, estejamos na boa e velha companhia do amor que a vida deu a cada um. Amém.

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  2. Olá Leonardo,

    Que bom ter você que nos deixa, ternamente, ler seu coração. Faz muito pouco tempo que descobri você e a mim mesma, coincidência ou caminho? Pessoas que no caminho se encontram, pois buscam a aventura inédita mas viável de acreditar nas possibilidades do SER humano e da sua interconexão com Gaia. Abraços ternos e que Deus continue no Meio de nós. Marcia

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  3. Leonardo, até que ano você acha que vamos conseguir implantar a eugenia a nível global? Os líderes mundiais sempre dizem que precisamos reduzir a população para salvar o planeta e ficar entre 500 milhões a 1 bilhão de pessoas. Mas me parece que políticas como aborto, esterilização, mudança do conceito de família e mudança no conceito de casamento não estão funcionando. Você acha que os líderes mundiais vão estimular guerras no terceiro mundo? Uma guerra virá? Abs

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    • As guerras se tornaram impossíveis pois são tão destrutivas que acabam com a espécie humana. Como solucionaremos os problemas eu não sei. Mas será na forma de uma conjunção de forças e de valores que nos unirão para definir um caminho coletivo que nos permite ficar juntos e prosseguir na história.
      lboff

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  4. A vida atual, a excessiva necessidade de resposta produtiva tem afetado profundamente as relações dos homens.
    A ternura anda escassa….na família, na escola…
    Ganhamos um bebê em minha casa, e vejo minha filha encantada com este pequenino ser.
    Como não amá-la?
    Disse a minha filha:
    Aprenda a amá-la pra sempre de forma incondicional…
    A ternura, o amor são fáceis e visíveis em contextos onde se celebram vitorias.
    Não estamos e não fomos preparados para perder, o erro não é compreendido como processo.
    Vivemos num processo social de classificação declarado.
    Para mim, o grande desafio é amar e sentir ternura, quando o outro está no erro, vencido e precisando se reerguer.
    A ternura tem o poder de acalantar, secar lágrimas e dar força para que o outro caminhe.
    Quando desejo senti-la, lembro das palavras sempre doces de Jesus, contando as parábolas e ensinando de forma afável e leve.
    Tenho levado esta desafio para a escola.
    Que as crianças tenham um ambiente carregado de ternura e afetividade para aprender, mas sobretudo serem felizes…uma escola feliz, é quase utópico, meu Caro Boff, este tem sido meu exercício diário.

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  5. A distinção ideal seria a primeira: O esprit de finesse é o espírito de finura, de sensibilidade, de cuidado e de ternura. Infelizmente sabemos e vivemos na maior parte do tempo com a segunda distinção. Justamente a que destrói o amor, a ternura e a esperança de dias melhores.
    Que na sua vida tenha um constante preenchimento de ternura.
    Abraços.

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  6. Leonardo, se me permite, a introdução e também digressão, gostaria de te dizer que desde que li o livro da Rose Marie Muraro: Memórias de uma mulher impossível, que você passou a fazer parte da minha vida, por meio dos seus livros. Não li todos, mas os que li sempre me encantaram pela forma clara e respeitosa como você se dirige ao leitor e pela abrangência com que trata o tema abordado.
    Gostaria muito de conhece-lo pessoalmente, pois você é fonte de inspiração para muitas ações e palavras com as quais venho fortalecendo os meus laços de sociabilidade na minha cidade, Bom Despacho, em Minas Gerais, para a qual retornei para cuidar da minha mãe que está com 83 anos. Saber cuidar: é um dos seus livros, que leio, releio, reflito sobre a fragilização dos laços sociais, no meu entendimento e, se não me engano, nas palavras de Eugene Enriquez, por causa do capitalismo “que implodiu a nossa forma de amar.”
    E, por falar em amar, você nos oferece, esse texto belo e delicado para nos falar de ternura: a seiva do amor.
    Gostaria então de retribuir com uma poesia, que fiz, também inspirada pelo seu texto, que prefiro não comentar, na medida em que preciso senti-lo ainda em profundidade, para não incorrer numa abordagem superficial.
    Por fim, gostaria também de te dizer que a leitura de seus textos no seu blog, leio-os todos! Me fez retirar da gaveta, meu primeiro livro de contos, que publicarei logo, logo. Para mim, também são misteriosos os caminhos da amizade.No meu entendimento, o segundo laço poderoso, com que Deus e a vida nos presenteou. E, de certa forma, sinto que já sou sua amiga, na medida em que o espirit de finesse é o que embala o sonho de conhecê-lo pessoalmente, pois nos irmanamos, em muitas causas.

    Obrigada por nos oferecer o seu melhor! Sempre que o leio me sinto também muito melhor e me desdobro para o ser também com minha filha, mãe e irmão com os quais vivo atualmente na minha cidade natal.

    Despeço-me com ternura.

    Terno Abraço

    Ao cair da tarde
    Refaço-me da solidão e cansaço
    Num terno abraço
    Do meu amor

    No compasso do encontro
    Finda o medo
    Desdobro-me
    Múltipla
    Em fulgor

    Anoitece
    Na tua partida
    Entrego-te a lua
    Para iluminar teu caminho
    Noite adentro…

    Ao nascer do dia
    Nas dobras do lençol
    Guardo-lhe o sol
    Para que aqueças
    Teu corpo enregelado
    De neve
    Das colinas
    Que atravessas
    Quando vens
    Ao entardecer
    E me envolve
    Num terno abraço!

    PS: Esse poema também foi inspirado no cotidiano do amor vivido pelos meus pais. Vendo minha mãe aguardar a chegada do meu pai todos os dias após o trabalho.

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    • Denise,
      suas palavras me comovem e dão sentido ao escritor que vê seus textos inspirando pessoas. É arduo produzir e criar sentidos. Mas lendo vc vejo que vale a pena.
      Seu poema é lindo, marcado pela leveza de uma pena que cai do céu.
      Com terno e fraterno abraço
      lboff

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  7. Inspirador … Nessa manhã dominical, enquanto lia e observava meus dois bebês brincando aos meus pés, pude sentir essa ternura acariciar a minha pele e aquecer o meu coração. Esse sentimento vai além do amor, porque é sustento para ele. Acho que define bem a maternidade. Nos faz descentralizar, amar incondicionalmente, o outro e pelo outro. Perfeitas as suas palavras. Abraços ternos de uma mãe cheia de ternura e amor. Camila Vaz

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  8. Parabéns, Leonardo Boff, como leitor assíduo e cativo ouvinte de seus livros e palestras sempre me sensibilizo com seus textos que têm uma dimensão universal, são claros, amorosos e de uma rara beleza e espiritualidade, por isso sempre os compartilho com meus amigos e nas redes sociais. Gostaria de convidá-lo a leitura de um de meus textos poéticos: “A travessia do amor” –
    Quem conduz sua vida na perspectiva
    da plenitude do infinito, decerto AMA
    E o amor é o combustível da travessia
    da viagem da transmutação física

    Quem conduz sua vida só na perspectiva
    da vida material, finita, decerto AMA
    Mas, o amor é míope, uma energia sem força,
    pra dar rumo à sua trajetória.

    Com um abraço fraterno do médico e poeta humanista AjAraujo, posto no site luso-poemas (http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=133012)
    http://www.luso-poemas.net/modules/news/index.php?uid=8346

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  9. LINDO TEXTO, MARQUEI TDO DE MAIS IMPORTANTE P PASSAR P MEU MARIDO E FILHOS…….A TERNURA É FUNDAMENTAL NA VIDA A DOIS……….SEM TERNURA O AMOR ACABA C CERTEZA……É IMPORTANTE SERMOS GENEROSOS C TUDO NA VIDA E A TERNURA PASSA A SER A PALAVRA CHAVE……FICA C DEUS BOFF

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  10. Comecei o dia um pouco nostálgico, pois hoje eu faria um ano de namoro com uma menina linda que me fez desperta sentimento de paixão dentro de mim, pois sempre fui uma pessoa que não me deixava ter apatia pelas pessoas. Nosso namoro foi perfeito, usado, pelos amigos que conviviam ao nosso redor, com namoro padrão, pois eles admiravam em como sabíamos deixar o namoro tão bom, legal, divertido e interessante. Até que começaram a surgir algumas discussões nos últimos meses, uma crise comum a todo relacionamento. Só que como ela sendo muito nova, não teve maturidade para tentar resolver os problemas comigo. Acumulando assim os nossos problemas, até que não conseguíamos nos enxergam dentre tantos problemas acumulados. Ela afirmando que me tornei possessivo e ciumento disse que não sentia por mim o que sentia antes. Após ler esse testo, eu fiquei um pouco melhor pela fato de conseguir enxergar várias situações similares, e de uma forma racional, fazendo com que eu saísse dessa situação emocional e passasse a ter um pensamento racional. Muito bom!

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  11. Leonardo,
    Realmente, é com minha experiência matrimonial que posso afirmar que a ternura é a seiva do amor. Estou casada a quase 28 anos e sem a ternura nos tornaremos amigos e companheiros como você mesmo disse. É necessário nos convencermos que precisamos dar sentido a relação matrimonial sendo ternos e carinhosos um para com o outro sem deixar os problemas do dia a dia destruir nossa união. Sem contar que muitas vezes é necessário um ser humilde para o outro crescer e vice e versa. Obrigada pelas lindas palavras que escreve e nos ajuda a refletir nossa relação pessoal e com o mundo.
    Muita paz!
    Luiza Helena

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  12. como precisamos dessas reflexões. Sexta feira fiz 17 anos de casado, e juntos refletimos sobre o significado das rosas em nosso caminhar: sua beleza e seus espinhos. Agora, é a ternura que deve nos guiar. Belo conselho. Obrigado.

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  13. Leonardo,

    o mais impressionante no texto que li é a parte que diz que onde há que pessoas autoritárias não tem ternura, são duras e por vezes, impiedosas…sei bem disso e por mais que eu tenha sido terna nesses anos todos, não estou mais conseguindo sozinha, sem o eco que necessito como citas no primeiro paragrafo que o amor precisa do palpitar do coração do outro. E eu, por outro lado, talvez não tenha vivido o outro como deveria…sinto isso na ausencia absurda de um na vida do outro ultimamente…e como bem disse em outro ponto: Há voltas, perdões, renovação de promessas e reconciliações. Não sei como fazer mais..

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  14. Lindas palavras que me fazem chorar!como educadora e mulher sinto falta dessa ternura em meus colegas,quando não acreditam nas crianças,quando dizem ser caso perdido.Me sinto impotente diante da falta de afeto,de esperança.Importante foi saber que a”… salvação ou a perdição da outra,do outro são também minha perdição ou salvação..”.Cultivar em nós esse sentimento de ternura e solidariedade,de maneira que seja também o que faz duas pessoas se unirem é urgente e faz com que qualquer relação frutifique. Obrigada Leonardo Boff!suas palavras sempre me fazem olhar o mundo e as pessoas com compaixão.Axé!

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  15. “A ternura é o afeto que devotamos às pessoas nelas mesmas. É o cuidado sem obsessão. Ternura não é efeminação e renúncia de rigor. É um afeto que, à sua maneira, nos abre ao conhecimento do outro”.

    O essencial para o ser humano e seus semelhantes. 🙂

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  16. Texto fantástico, Não fico surpreso com tanta sabedoria pelo simples fato de ser assinado por Leonardo. Chego a pensar que a escassez da ternura esta associado ao equivoco de confundi-lo com efeminação , desejo, e carinho direcionado a provocação sexual/sensual.

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  17. Olá Leonardo,

    Seus artigos conseguem alimentar minha alma e dar razão a minha existência! Há tempos percebi que preciso despertar esse esprit de finesse. Tem sugestões?

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  18. Tive um amigo, pois ele já se foi, que me disse uma vez que Eva pecou porque Adão a deixou sozinha. Lembro-me sempre disso quando me sinto só e abandonada por meu marido. A ternura já faz falta há muito tempo em meu casamento que está prestes a ruir, definitivamente. E o que é pior, ele não se dá conta disso. Ainda bem que eu percebi isso.

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  19. Leonardo querido,
    fui aluno e orientando do grande mestre (de saudosa memória) Milton Schwantes. Sempre conversávamos sobre o que a teologia estava a produzir e com quais impactos na sociedade. Certa vez, conversando sobre as pesquisas bíblicas e teológicas a respeito da homoafetividade, ele me disse que iria pedir a você que escrevesse um livro ou alguns artigos sobre a questão (tomando a defesa de tais expressões). Não sei se ele chegou a te pedir que o fizesse, mas este seu artigo e a inclusão das expressões afetivas entre pessoas do mesmo sexo na categoria humana da ternura fizeram-me lembrar que ele dizia da força dos seus escritos e que assim como os pobres e a terra ganharam relevância no seu fazer teológico, a homoafetividade também poderia ser beneficiada por sua maneira de teologar. O agradeço em nome dele! Acho que ele me daria autorização para fazê-lo!
    Abraços,
    Rodolfo José

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  20. Bom dia Leonardo, estou muito feliz em reencontar seus pensamentos. Me deparei com seus livros na matéria de ética da faculdade há mais de 10 anos atrás…Me identifico com sua maneira de pensar e vou te seguir, suas palavras me iluminam e desejo que você seja sempre abençoado.

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  21. Ternura sem cumplicidade e reciprocidade é quase uma noite escura (e não cinza). Podemos esperar por ela uma vida, mas a paciência eterna é de Deus. Por isso, até Madre Teresa, com sua ternura sobre-humana, desabafa no confessionário. Podemos até “funcionar” melhor sendo ternos. Mas e-ternos quando somos humanos?

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  22. REINVENTANDO A TERNURA
    Em nossa época atual, falar de ternura é algo muito difícil.
    Antes, gostaria de dizer que Leonardo Boff entrou num assunto muito instigante no mundo
    de grandes crises subjetivas, em que o ser humano está numa total mutação de valores.
    Gostaria de falar um pouco de amor platônico do qual o texto aborda.
    O amor platônico não se realiza aqui, no mundo das sombras, do sensível. Ele se realiza no mundo das idéias, no mundo da lógica e da Razão. Muita gente pensa que amor platônico é aquele onde as paqueras se olham e nunca se tocam. Não é isto. E o amor platônico nunca é bem explicado pelos professores de Filosofia, porque não entendem e passam um ensinamento errôneo para os seus alunos. Mesmo as paqueras fazendo amor, sem atingir o mundo racional, ainda não é amor platônico…
    Hoje, o amor está na cabeça dos pensadores que estão contribuindo para a solução do mundo em crise de uma civilização plurimilenar para uma nova civilização tecnocientífica na sua essência.
    “Hay que ser duro pero sin perder la ternura, jamais” (Ernesto Che Guevara de la Sierna).
    (Tradução: Temos que ser justo sem perder a ternura, jamais). Che Guevara falava de outro tipo de ternura – o da Justiça.
    Nós pensadores, temos outro tipo de ternura: resolver a problemática do mundo em convulsão, à beira do abismo. Ser filósofo é risco de vida, já dizia Platão. Sócrates consumiu-se para dar luz ao mundo. Morreu condenado pelas autoridades da sua época a beber Cicuta (veneno), por sublevar a juventude e desafiar os deuses do Olimpo.
    Outro tipo de ternura ao semelhante, foi no ano passado, na Copa das Confederações, quando o povo se levanta e vai às ruas mobilizado pelas redes sociais (computadores e celulares) por não acreditar mais nas instituições inoperantes, exigindo, enfim, outro tipo de práxis social, reinventado a revolução…

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  23. É o sangue do corpo do amor , flui e por quem flui cura e conduz para outros e outros entes que sentem e sentem. Como componente vital , por onde passa deixa o conforto e propicia a luz no espírito. É como nos ligamos à toda a natureza e é indicadora de nosso caminho. Abre a consciência para multiplicarmos a prosperidade.Nossa ! não existe liberdade , crescimento e alegria sem a ternura.

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  24. Odeciomendesrocha Mendes Rocha compartilhou a foto de La escritura es cultura.
    17 de fevereiro
    “Te amo” – dijo el principito… -“Yo también te quiero” – dijo
    la rosa. -“No es lo mismo” – respondió él… …”Amar es la
    confianza plena de que pase lo que pase vas a estar, no
    porque me debas nada, no con posesión egoísta, sino estar,
    en silenciosa compañía. Amar es saber que no te cambia el
    tiempo, ni las tempestades, ni mis inviernos. Amar es darte
    un lugar en mi corazón para que te quedes como padre,
    madre, hermano, hijo, amigo y saber que en el tuyo hay un
    lugar para mí. Dar amor no agota el amor, por el contrario,
    lo aumenta. La manera de devolver tanto amor, es abrir el
    corazón y dejarse amar.” -“Ya entendí” – dijo la rosa. -” No
    lo entiendas, vívelo” – agregó el principito.

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      • Também gosto muito da bela história do Pequeno Príncipe,
        ,tanto com a rosa quanto com a raposa…
        Querido Leonardo, sua bênção.
        Fiquei feliz ao ver a referência ao meu pai João da Cruz: “Doença de amor jamais se cura, senão com a presença e a figura”
        Não só no Matrimônio, mas também na Vida Consagrada a entrega total ao Senhor pela Profissão dos Conselhos Evangélicos de Castidade, Pobreza e Obediência deve ser alimentada cotidianamente pela ternura.
        Como nos ensina nossa Sta. Madre Teresa de Jesus: “Agora começamos. Procurem, pois, começar sempre, e cada vez melhor”.
        E não só no relacionamento com Deus, mas também na vida fraterna em Comunidade: “Todas as irmãs hão de se amar, todas hão de se ajudar e se querer bem.”( Sta. Teresa de Jesus)
        E, Sta. Teresinha do Menino Jesus disse: “Quando o coração se dá a Deus, não perde sua ternura natural. Ao contrário, esta avoluma-se à medida em que torna-se mais pura e santa”.
        E em nossas Constituições está escrito que a Madre Priora procure ser amada para que seja obedecida. Ou seja, a ternura e não o autoritarismo.
        Um abraço carinhoso, com a gratidão e as orações de sua irmã
        Maria do Carmo do Menino Jesus

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      • Obrigado Ir. Maria do Carmo
        você e suas co-irmãs guardam a herança sagrada de S.João da Cruz. Difundam-na para além dos espaços do mosteiro, pelo mundo, pois ajuda a fortalecer a vida e tudo o que nela existe de bom.
        conto com suas orações
        lboff

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  25. Maravilhoso o texto, professor Leonardo Boff. Sou Religioso Irmão Lassalista e a alguns dias estou me debruçando sobre este tema tão importante para a Educação “humana e cristã”. Como dizia o Fundador dos Irmãos das Escolas Cristãs, São João Batista de La Salle: “Deveis ter para com seus alunos a firmeza de um pai e a ternura de uma mãe.” Graças por sua reflexão.

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