De Frei Betto: O PAPO COM DILMA

Cunhei uma frase que muitos repetem: cada ponto de vista é a vista de um ponto. Quero apresentar aqui o ponto de vista de Frei Betto que participou ativamente do diálogo, junto com outras 5 pessoas, com a Presidenta Dilma Rousseff na tarde do dia 26 de novembro. Ele dá mais detalhes. Foi dele o ênfasis na educação das bases, especialmente dos jovens, como vem ocorrendo com uma iniciativa que ele inaugurou e que hoje é levada avante por Selvino Heck: uma articulação de cerca de mil escolas que aprendem a pensar e a analisar criticamente como funciona a sociedade que Brasil queremos construir que seja mais justo e que integre a todos sem nennhuma discriminação. Aqui vai o texto, mais rico do que aquele que eu descrevi, e que saiu publicado neste meu blog. Lboff

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A Presidenta recebeu, a 26 de novembro, representantes do Grupo Emaús que, há 40 anos, articula, no Brasil, a teologia da libertação e as ferramentas pastorais que a tornam realidade na esfera eclesial.

Acolheu-nos no Planalto por mais de uma hora, em companhia de Aloísio Mercadante, chefe da Casa Civil. Dilma demonstrava muito bom humor e abertura às nossas críticas e sugestões.

Entregamos a ela carta assinada por 34 participantes do Emaús, entre os quais teólogos(as), sociólogos(as), educadores e militantes de movimentos pastorais.

Manifestamos nossa proposta para seu segundo mandato, em texto intitulado “O Brasil que queremos”: reforma política (para a qual nos pediu sugestões); modelo econômico mais social e popular; auditoria da dívida pública; reavaliação dos megaprojetos à luz de critérios ambientais e sociais; defesa dos direitos de povos indígenas e quilombolas; restrição do uso de transgênicos e agrotóxicos.

Insistimos nas reformas de que o país tanto necessita, sobretudo agrária, urbana e tributária. Sugerimos nova política de segurança pública e reforma prisional; a democratização dos meios de comunicação; e a universalização dos direitos humanos com respeito à diversidade.

Consideramos importante a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais; a reapresentação do projeto de Participação Social; e o rigoroso combate à corrupção. (A íntegra da carta se encontra em meu site: http://www.freibetto.org).
Enfatizamos a importância do diálogo permanente com os movimentos sociais e, em especial, com os jovens. Ela, imediatamente, cuidou de agendar tal sugestão. Criticamos também o sistema de comunicação do governo e insistimos na valorização dos centros de referência em direitos humanos e na política de proteção ambiental.

Dilma não apenas agradeceu as nossas críticas e sugestões, como abriu canais para que se tornem frequentes.
Fiquei com a impressão de que a Presidenta não dispõe de muitos interlocutores críticos. O poder costuma inibir aqueles que buscam tirar proveito pessoal, como manter a função e a suposta boa impressão, e preferem não correr o risco de serem mal acolhidos. Cria-se assim um círculo vicioso: a Presidenta escuta de muitos que a cercam apenas elogios, e fica desinformada quanto a avaliações críticas pertinentes.

Ao final da audiência, ela externou o fascínio pelo homem que, hoje, ocupa o seu coração: o papa Francisco. Relatou os encontros que tiveram e as conversas descontraídas, concordando que ele é, atualmente, o mais importante líder mundial, capaz de estender pontes (daí o termo pontífice) entre regiões, países e Estados em conflitos.

À saída da sala presidencial, encontrei Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria e amigo de longa data. Em seguida, ele seria recebido por Dilma. Brinquei: “Robson, já tratamos com a Presidenta dos direitos dos trabalhadores. Agora é a sua vez de falar dos interesses dos patrões…”

Frei Betto é escritor, autor de “Oito vias para ser feliz” (Planeta), entre outros livros.

As mega-obras da JK de saias. Que a Globo vai esconder

Publicado em 30/11/2014  Conversa Fiada  do Amorim

Curta, amigo navegante, o que voce nao verá naquela telinha em decadência ! Os brasileiros/as têm o direito de serem informados.

 

 

17 megaobras do Governo Dilma que você provavelmente nunca ouviu falar e temos o direito de ser informados.

Quais dessas obras você já conhecia?

 

1- PONTE RIO NEGRO, AMAZONAS

Ponte Rio Negro, no estado do Amazonas. Com 3,6 km de extensão, é a segunda maior ponte fluvial do mundo e a maior estaiada do Brasil. Conecta Manaus ao município de Iranduba e demorou três anos e 10 meses para ficar pronta. O concreto e o aço utilizados na obra seriam suficientes para construir três estádios do Maracanã.

 

2- FERROVIA NORTE-SUL, EM CINCO ESTADOS

 

O trecho de 682 km da Ferrovia Norte-Sul, situado entre as cidades de Ouro Verde (GO) e Estrela do Oeste (SP), está com 70% das obras concluídas. Em outro trajeto da obra, já finalizado entre Tocantins e Goiás, são 855 km de ferrovia já em operação.

 

3- FERROVIA TRANSNORDESTINA, CEARÁ, PERNAMBUCO E PIAUÍ

 

Integrada à Ferrovia Norte-Sul, liga o Porto de Pecém, no Ceará, ao Porto de Suape, em Pernambuco, além do cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins, num total de 1.728 km.

 

4- PONTE SOBRE O RIO MADEIRA

 

Obras na ponte sobre o rio Madeira, na divisa do Amazonas e Rondônia, na rodovia BR 319.

 

5- USINA EÓLICA ARIZONA, RIO GRANDE DO NORTE

 

Estado atinge 1.163,39 MW de potência instalada por meio de 42 parques eólicos em funcionamento e lidera o ranking eólico no Brasil.

 

6- BRT TRANSCARIOCA, RIO DE JANEIRO

 

A TransCarioca tem 39 km de extensão e 45 estações entre o Terminal Alvorada e o Aeroporto do Galeão. Atende 450 mil pessoas por dia.

 

7- METRÔ DE SALVADOR, BAHIA

 

Dilma inaugurou, em junho, o primeiro trecho da primeira linha do metrô de Salvador. Com 7,4 km de extensão e 5 estações. O projeto prevê 41 km e 22 estações terminadas até 2017.

 

8- AMPLIAÇÃO E REFORMA DE 13 AEROPORTOS

 

Em Salvador, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Natal, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Fortaleza, Maceió, Cuiabá e Curitiba os aeroportos foram reformados e ampliados. A capacidade dos aeroportos triplicou e todas as pistas foram reformadas, estacionamentos ampliados e terminais ampliados e modernizados.

 

9- MEGA PORTO DA BAHIA, O TERCEIRO MAIOR DO BRASIL

 

Começam as obras do terceiro maior porto do Brasil, em Ilhéus, Bahia. O investimento será e R$ 2,2 bilhões neste que será um dos portos mais modernos do mundo.

 

10- PONTE ANITA GARIBALDI, SANTA CATARINA

 

A ponte Anita Garibaldi em Laguna (SC) será a primeira ponte estaiada em curva do mundo e a terceira maior ponte do Brasil, com 2.830 metros de extensão. A obra faz parte do PAC-2 e impressiona pela sua magnitude.

 

11- UM MILHÃO DE CISTERNAS

 

Em todo o semiárido, foram entregues 545,7 mil cisternas e 54,7 mil tecnologias de apoio à produção agrícola. O governo tem a meta de distribuir, até o final de 2014, 750 mil unidades para consumo familiar e 76 mil de apoio à produção. Com as 350 mil entregues por Lula, são mais de um milhão de cisternas ajudando a combater a seca.

 

12- SUPERPORTO DO AÇU, RIO DE JANEIRO

 

O Superporto do Açu está localizado no município de São João da Barra, norte do Estado do Rio de Janeiro, mais especificamente no distrito de Açu. Sua localização é estratégica para a indústria do petróleo, por ser próximo às bacias de Campos e do Espírito Santo, podendo ser utilizado de base também a operação da Bacia de Santos.

 

13- PERÍMETRO IRRIGADO DE NILO COELHO, PERNAMBUCO

 

O perímetro irrigado de Nilo Coelho, localizado na cidade de Petrolina, no semiárido pernambucano, é o maior do Brasil em produção. Em 2013, o valor bruto de produção foi superior a R$ 700 milhões, com destaque para a fruticultura. Com área irrigável de 18.563 hectares, Nilo Coelho beneficia cerca de 2.200 famílias. O perímetro também prevê a geração de 20 mil empregos diretos e 30 mil indiretos.

14- 2,75 MILHÕES DE MORADIAS ENTREGUES PELO MINHA CASA MINHA VIDA

Lula entregou 1 milhão de moradias na primeira etapa do programa Minha Casa Minha Vida. Na segunda etapa, Dilma já entregou 2,75 milhões de casas e o projeto da terceira etapa prevê mais 3 milhões a partir de 2015. Na foto o Residencial Viver Melhor, em Manaus.

 

 

15- 23 UNIVERSIDADES E 152 CAMPI CRIADOS

Na foto, a Universidade Federal do ABC, criada por Lula e ampliada por Dilma, considerada a melhor do Brasil.

 

 

16- USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE, PARÁ

Terceira maior hidrelétrica do mundo, a Usina de Belo Monte terá capacidade energética para atender a 60 milhões de pessoas.

 

17- USINA HIDRELÉTRICA DE ESTREITO, MARANHÃO

 

Com capacidade de geração energética de 1.077 MW, a usina de Estreito foi inaugurada em maior por Dilma Roussef.

Além dessas obras mais 22 usinas eólicas e 3 hidrelétricas foram construídas. Ainda há em andamento as obras de dez hidrelétricas (que agregarão mais 18.340 MW ao sistema), 14 termelétricas (3.871 MW), 95 eólicas (2.472 MW) e seis pequenas centrais elétricas (118 MW).

 

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Características del nuevo paradigma cosmológico emergente

Hoy se habla mucho de la quiebra de paradigmas. Pero hay un gran paradigma,el cosmológico, formulado hace ya casi un siglo, que ofrece una lectura unificada del universo, de la historia y de la vida. Nos atrevemos a presentar algunas figuras de pensamiento que lo caracterizan.

1) Totalidad/diversidad: el universo, el sistema Tierra, el fenómeno humano están en evolución y son totalidades orgánicas y dinámicas construidas por las redes de interconexiones de las múltiples diversidades. Junto con el análisis que disocia, simplifica y generaliza, es menester elaborar la síntesis mediante la cual hacemos justicia a esta totalidad. Es el holismo, no como suma, sino como la totalidad de las diversidades orgánicamente interligadas.

2) Interdependencia/re-ligación/autonomía relativa: todos los seres están interligados pues unos necesitan de otros para existir y coevolucionar. En razón de este hecho hay una solidaridad cósmica de base que impone límites a la selección natural. Pero cada uno goza de autonomía relativa y posee sentido y valor en sí mismo.

3) Relación/campos de fuerza: todos los seres viven en un tejido de relaciones. Fuera de la relación no existe nada. Junto con los seres en sí, es importante captar la relación entre ellos. Todo está dentro de campos por los cuales todo tiene que ver con todo.

4) Complejidad/interioridad: todo viene cargado de energías en distintos grados de complejidad e interacción. La energía altamente condensada y estabilizada se presenta como materia y cuando está menos estabilizada como campo energético. Dada la interrelacionalidad entre todos, los seres vienen dotados de informaciones acumulativas, especialmente los seres vivos superiores, portadores de código genético. Este fenómeno evolutivo viene a mostrar la intencionalidad del universo apuntando hacia una interioridad, una conciencia supremamente compleja. Tal dinamismo hace que el universo pueda ser visto como una totalidad inteligente y auto-organizante. Cuánticamente el proceso es indivisible pero se da siempre dentro de la cosmogénesis como proceso global de emergencia de todos los seres. Esta comprensión permite plantear la cuestión de un hilo conductor que atraviesa la totalidad del proceso cósmico que unifica todo, que hace que el caos sea generativo y el orden siempre abierto a nuevas interacciones (estructuras disipativas de Prigogine). La categoría Tao, Javé y Dios hermenéuticamente podrían llenar este significado.

5) Complementariedad/reciprocidad/caos: toda la realidad se da bajo la forma de partícula y onda, de energía y materia, orden y desorden, caos y cosmos y, a nivel humano, en forma de sapiens y de demens. Tal hecho no es un defecto, sino la marca del proceso global. Pero son dimensiones complementarias.

6) Flecha del tiempo/entropía: todo lo que existe, pre-existe y co-existe. Por lo tanto la flecha del tiempo confiere a las relaciones carácter de irreversibilidad. Nada puede ser comprendido sin una referencia a la historia racional y a su trayectoria personal. Está abierto al futuro. Por eso ningún ser está listo y acabado, sino que está cargado de potencialidades. La armonía total es promesa futura y no celebración presente. Como bien decía el filósofo Ernst Bloch: “el génesis está al final y no al comienzo”. La historia universal cae bajo la flecha termodinámica del tiempo, es decir: en los sistemas cerrados (los bienes naturales limitados de la Tierra) al lado de la evolución temporal se debe tomar en cuenta la entropía. Las energías se van disipando irremediablemente y nadie puede nada contra ellas. Pero el ser humano puede prolongar las condiciones de su vida y las del planeta. Como un todo, el universo es un sistema abierto que se autoorganiza y continuamente transciende hacia niveles más altos de vida y de orden. Estos escapan de la entropía (estructuras disipativas) y lo abren a la dimensión del Misterio de una vida sin entropía y absolutamente dinámica.

7) Destino común/personal: Por el hecho de tener un origen común y de estar todos interligados, todos tenemos un destino común en un futuro siempre en abierto. Dentro de él se debe situar el destino personal y de cada ser, ya que en cada ser culmina el proceso evolutivo. Como será este futuro y cual será nuestro destino terminal caen en el ámbito del Misterio y de lo imprevisible.

8) Bien cósmico/bien común particular: El bien común no es solo humano sino de toda la comunidad de vida, planetaria y cósmica. Todo lo que existe y vive merece existir, vivir y convivir. El bien común particular emerge a partir de la sintonía con la dinámica del bien común universal.

9) Creatividad/destructividad: El ser humano, hombre y mujer, en el conjunto de los seres relacionados y de las interacciones, posee su singularidad: es un ser exstremadamente complejo y co-creativo porque interviene en el ritmo de la naturaleza. Como observador está siempre interactuando con todo lo que está a su alrededor y esta interacción hace colapsar la función de onda que se solidifica en partícula material (principio de indeterminación de Heisenberg). Él entra en la constitución del mundo tal como se presenta, como realización de probabilidades cuánticas (partícula/onda). Es también un ser ético porque puede pesar los pros y los contras, obrar más allá de la lógica de su propio interés y en favor del interés de los seres más débiles, como puede también agredir a la naturaleza y destruir especies (nueva era del antropoceno).

10) Actitud holístico-ecológica/antropocentrismo: La actitud de apertura y de inclusión irrestricta propicia una cosmovisión radicalmente ecológica (de panrelacionalidad y religación de todo), superando el antropocentrismo histórico. Favorece además que seamos más singulares y al mismo tiempo, solidarios, complementarios y creadores. De esta manera estamos en sinergia con todo el universo, cuyo término final se oculta bajo el velo del Misterio situado en el campo de la imposibilidad humana. Lo posible se repite. Lo imposible sucede: Dios.

Leonardo Boff escribió: Opción Tierra: la solución para la Tierra no cae del cielo, Nueva Utopía 2010.

Traducción de MJ Gavito Milano

Carta à Presidenta Dilma Rousseff

Estimada Presidenta Dilma Rousseff,

Nós, participantes do Grupo Emaús abaixo relacionados, queremos parabenizá-la por seu esforço e desempenho durante a árdua campanha eleitoral, bem como pelas conquistas de seu primeiro mandato. Somos um grupo de teólogos/as de várias Igrejas cristãs, sociólogos/as, educadores/as e militantes que nos encontramos regularmente há quatro décadas. Estamos todos comprometidos na construção de um Brasil, social e economicamente mais justo, solidário e sustentável.

A maioria batalhou, desde o início, em favor do PT e de seu projeto de sociedade. Nessas eleições de 2014, muitos de nós expressamos publicamente nosso apoio à sua candidatura. Discutimos e polemizamos, pois, percebíamos o risco de que o projeto popular do PT, representado pela Senhora, não pudesse se reafirmar e consolidar. Para nós cristãos, especialmente nas milhares de comunidades de base, tínhamos e temos a convicção de que a participação política, de cunho democrático, popular e libertador, se apresenta como um instrumento para realizar os bens do Reino de Deus.

Esses valores são a centralidade dos pobres, a conquista da justiça social, a mútua ajuda, a busca incansável da dignidade e dos direitos dos oprimidos, a valorização do trabalhador e da trabalhadora, a justa partilha e o respeito pela Mãe Terra. Por isso, na linha do diálogo que a Senhora propôs à sociedade, queremos apresentar algumas sugestões para que seu governo continue implementando o projeto que tanto beneficia a sociedade brasileira, especialmente os mais vulneráveis.

O BRASIL QUE QUEREMOS

Estas são as grandes opções que, acreditamos, devem estar presentes na construção do Brasil que queremos:

PROMOVER UMA REFORMA DO SISTEMA POLÍTICO. Uma reforma que acabe com o financiamento de campanhas eleitorais e partidos políticos por empresas privadas, e estabeleça o financiamento público. Uma reforma que possibilite a participação dos cidadãos e cidadãs no processo de tomada de decisões:
– sobre a política econômica;
– sobre todo e qualquer projeto que tenha forte impacto social e ambiental;
– sobre a privatização de empresas estatais e de serviços públicos.
Uma reforma que contemple também a democratização do Poder Judiciário, pois ele é, hoje, o menos controlado dos três poderes.

Só assim poderemos dizer que caminhamos para uma democracia política, econômica, social e cultural, num diálogo efetivo entre membros da sociedade política e da sociedade civil, que signifique governo do povo, pelo povo, para o povo.

REFORÇAR UM MODELO ECONÔMICO MAIS SOCIAL E POPULAR. Repensar criteriosamente a privatização de serviços públicos e de nossas riquezas naturais (entre as quais o petróleo). Orientar um modelo econômico centrado nas pessoas, na realização de seus direitos e numa relação harmoniosa com a natureza, no “bem viver” – como condição para enfrentar a grave crise ecológica na qual estamos imersos. Deve ficar claro para todos, assim o desejamos, que o governo Dilma governa todo o País, mas privilegiando os pobres e aqueles que não são capazes se manter por sua própria conta.

REALIZAR UMA AUDITORIA DA DÍVIDA PÚBLICA, externa e interna, conforme exigência de nossa Constituição (Constituição Federal, Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, art. 26, 1988).
Precisamos saber a quem deve e quanto deve realmente o Brasil, e de que forma foi feita esta dívida. A única auditoria que o Brasil fez, em 1931, constatou que 60% da dívida eram irregular, legalmente inexistentes. Em 2000, tivemos um Plebiscito Popular sobre a Dívida Externa, do qual participaram 6 milhões de pessoas, e 95% votaram pela realização da auditoria da dívida. O Equador realizou uma auditoria da dívida pública em 2009, e descobriu que 70% da dívida eram irregulares. A partir de então, passou a pagar apenas 30%, o restante foi investido em saúde e educação.

REAVALIAR OS MEGAPROJETOS À LUZ DE CRITÉRIOS ECOLÓGICO-AMBIENTAIS E SOCIAIS para que não ameacem o meio ambiente e o habitat de povos indígenas, quilombolas e populações ribeirinhas. Investir nas energias renováveis, especialmente na energia solar – visto que somos um dos países mais ensolarados do mundo. Estabelecer uma estratégia para o gradual fim da utilização de fontes de energia prejudiciais ao meio ambiente e perigosas à vida, como a energia nuclear e as termelétricas.

PROTEGER O MEIO AMBIENTE: Há anos, cientistas, movimentos sociais, entidades ambientalistas e muitas ONGs vêm advertindo para os sérios problemas climáticos que o Brasil teria se mantiver o tipo de desenvolvimento predatório implementado até agora. O que era uma previsão está ocorrendo diante de nós: a crise mais séria de falta de água de que já ouvimos falar, com riscos evidentes para a população, e a ocorrência de chuvas torrenciais, verdadeiras tempestades, em diferentes lugares do País, que causam destruição e mortes.

A desconsideração para com a Amazônia e o Cerrado, com a continuidade do desmatamento – mesmo que o ritmo do desmatamento tenha diminuído -, é o principal fator para as chuvas desmedidas no Norte e a seca no Sudeste. O Brasil precisa assumir a meta do “desmatamento zero”.

A falta d’água é fruto de vários fatores, entre os quais a desatenção para com as condições de vitalidade dos nossos rios, a realização de megaprojetos, a destruição das matas ciliares, a poluição das águas e a ausência de infraestrutura sanitária e tratamento de esgotos. O Brasil tem uma situação privilegiada no mundo: 13,8% da água doce estão aqui. O maior aquífero, o Alter do Chão, se encontra em nosso País. E, no entanto, vários de nossos rios estão secando, e começa a faltar água em muitos lugares. A segunda maior reserva subterrânea de água doce do mundo, o aquífero Guarani, vem sendo contaminado pela infiltração de agrotóxicos. Vemos como urgente uma política que privilegie uma mudança da nossa matriz energética em direção a energias mais limpas (solar e eólica), com menor impacto ambiental (grandes hidrelétricas) ou agravamento da contaminação ambiental e do aquecimento global (térmicas a carvão, petróleo e gás).

DEFENDER OS DIREITOS DE POVOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: Os primeiros habitantes desta terra foram os povos indígenas. Quando os portugueses aqui chegaram, calcula-se que havia cerca de cinco milhões, repartidos em mais de 600 povos, com suas diferentes culturas e línguas. A colonização provocou um verdadeiro genocídio: povos inteiros desapareceram, restando, hoje, menos de um milhão e pessoas. Muitos deles não têm mais terra onde morar – eles que eram os donos milenares destas terras – e estão sendo dizimados, como é o caso dos Guarani-Kaiowá. Outros estão perdendo suas terras e, sobretudo, seus rios, para megaprojetos, para o agronegócio, para mineradoras. O mesmo acontece com comunidades quilombolas.

É urgente garantir os direitos constitucionais desses povos, restabelecer suas condições de vida, fazendo florescer toda a riqueza de sermos um País pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico, se é que queremos chamar a nossa sociedade de civilização: uma civilização que não faz respeitar os direitos humanos não tem direito a este nome.

REALIZAR A REFORMA AGRÁRIA. Esta é uma reivindicação dos trabalhadores rurais que data da primeira metade do século XX, e que foi um dos motivos para o golpe militar de 1964. A ditadura impediu a reforma agrária, mas os governos posteriores também não a realizaram.

É uma reforma estrutural necessária para acabar com a concentração da propriedade da terra – onde 1% dos proprietários detém quase metade da terra -, para democratizar o seu acesso, fazendo com que a terra se destine a quem nela queira trabalhar e produzir alimentos para a população. E garantir condições favoráveis para as pessoas poderem se manter no campo.

PROMOVER A REFORMA URBANA, para democratizar o direito à cidade. Que as cidades sejam feitas para as pessoas e não para os automóveis; investir no transporte público de qualidade, priorizar o uso dos trilhos (metrô, trens), reduzir o tempo de deslocamento entre casa e trabalho. No que diz respeito à habitação, conter a especulação imobiliária e garantir que todos tenham condições de morar dignamente, com pleno acesso aos serviços públicos.

RESTRINGIR TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS. Até há alguns anos, havia dúvidas sobre se os transgênicos faziam mal à saúde. Este ano, um manifesto de 815 cientistas de todo o mundo alertou os governos de que os transgênicos representam um perigo e que se deveriam estabelecer uma moratória de cinco anos sem transgênicos, até que pesquisas independentes comprovem que fazem bem ao ser humano. É urgente uma política para reduzir, controlar e acabar com este tipo de plantio que está prejudicando a geração atual, mas prejudicará, ainda mais, as gerações futuras. E pior que isso, permite o controle de nossa agricultura por grandes multinacionais desta área, cujo único interesse são os lucros cada vez maiores, pondo em risco nossa soberania alimentar.

O mesmo se pode dizer sobre o uso de agrotóxicos: nós somos o maior consumidor de agrotóxicos em nível mundial. Nos países desenvolvidos, vários dos agrotóxicos que aqui ainda são usados foram proibidos há mais de 20 anos. Como chamou nossa atenção o cineasta Sílvio Tendler, “o veneno está na mesa”. É absolutamente fundamental estabelecer uma política de estrito controle sobre as substâncias que entram nos nossos alimentos, e reduzir sistematicamente o seu uso.

REFORMA TRIBUTÁRIA. Reformar o nosso sistema tributário para que ele seja progressivo, isto é, para que pague mais quem ganha mais, e pague menos (ou nada) quem ganha menos, o que implica que o imposto sobre a renda tenha mais peso que o imposto sobre o consumo.
Introduzir o imposto sobre as grandes fortunas, de modo a reduzir a enorme desigualdade social que caracteriza nosso País. Aumentar o imposto sobre a propriedade territorial rural, para acabar com o privilégio dos latifundiários. Introduzir a taxação sobre o capital financeiro (bancos e investimentos): “taxa sobre transações financeiras” (a famosa Taxa Tobin). Esta reforma é fundamental para reverter o atual sistema tributário, gerador de desigualdade.

POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA. Precisamos, urgentemente, de uma nova política de segurança pública e de reforma de nosso sistema prisional, para que se torne regenerativo e não apenas punitivo. Estão encarcerados/as, hoje, no Brasil, cerca de 550 mil presos/as. A maior parte destes/as se encontram ali por crimes contra o patrimônio ou por tráfico de drogas, não por crimes letais. No Brasil, ocorrem cerca de 50 mil homicídios dolosos por ano. A maioria das vítimas é jovem, pobre, negra, e do sexo masculino. Este genocídio precisa acabar, e temos meios para isso. Que a segurança pública seja exercida para proteger a vida e os direitos dos cidadãos, e não apenas a propriedade.

DEMOCRATIZAR OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO. É necessária uma legislação que torne a liberdade de informação e de expressão uma realidade para todos os brasileiros (e não apenas para a elite que controla a grande mídia), e que abra o espectro da comunicação, quebrando o atual oligopólio – que favorece unicamente a um pequeno grupo de grandes proprietários, em detrimento dos direitos da maioria.

UNIVERSALIZAR OS DIREITOS HUMANOS, políticos, civis, econômicos, sociais, culturais e ambientais, com respeito à diversidade. Garantir um sistema de saúde pública de qualidade, assim como de educação, transporte, saneamento básico. Que se combata, com todo o rigor, a violência policial, o emprego da tortura contra presos comuns e a situação degradante dos presídios superlotados.

VALORIZAR O TRABALHADOR E A TRABALHADORA: Garantir trabalho para todos/as. Trabalho digno e não precarizado. Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução dos salários, como repartição dos abusivos ganhos de produtividade do capital. Reaparelhamento do aparato fiscalizador do Ministério do Trabalho. Combate à terceirização.

O CONTROLE SOCIAL DA GESTÃO PÚBLICA, para garantir um serviço público voltado para os interesses dos cidadãos. É fundamental que estes possam exercer o controle da atividade parlamentar, assim como o controle dos governos (municipais, estaduais, federal). Reapresentar o projeto de Participação Social. Criar Observatórios de Controle Social (OCS) em todos os municípios brasileiros, formados por representantes da sociedade civil.

A ÉTICA NA POLÍTICA E DA POLÍTICA. O comportamento ético é essencial para a vida do cidadão e, especialmente, para aquele/a que pretende se dedicar ao serviço da sociedade, do bem comum, ao serviço público. Nenhuma política baseada na corrupção levará a uma sociedade justa, democrática, solidária e equitativa. Uma outra política é possível, com punições exemplares e reforma de nossas instituições, de modo a coibir a impunidade.
Aproveitamos para afirmar que nos empenharemos em colaborar, através dos meios de que dispomos, para que essas sugestões se tornem possíveis e façam avançar o projeto de sociedade que todos almejamos.
Desejamos sucesso em sua nova gestão, invocamos sobre a Senhora a lucidez e coragem do Espírito Criador e, sobre seu governo, todas as bênçãos divinas de luz, paz e amor solidário.

Seus irmãos e irmãs

AFONSO MURAD Teólogo, ambientalista e assessor da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). (MG)

ALESSANDRO MOLON – Advogado e Deputado Federal. (RJ)

ANDRÉA RODRIGUES MARQUES GUIMARÃES – Doutora em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre MG-4 348 699. (MG)

ANTONIO CECCHIN – Irmão Marista. Advogado. Fundador da Comissão Pastoral da Terra – RS. Militante dos movimentos Sociais, Pioneiro da luta e organização dos catadores no Brasil. Assessor do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável de Porto Alegre. 6000123148 RS. (RS)

BENEDITO FERRARO – Teólogo. Professor de Teologia PUC – Campinas
RG 3568777-0. (SP)

CARLOS MESTERS – Biblista. Membro fundador do Centro de Estudos Bíblicos/CEBI. (MG)

CLÁUDIO DE OLIVEIRA RIBEIRO – Pastor Metodista. Professor Universitário. RG 04794811-1. (SP)

EDSON FERNANDO DE ALMEIDA – Teólogo. Pastor da Igreja Cristã de Ipanema. Coordenador do “Compassio: teologia arejada, pastoral comprometida”.
RG 112625819. (RJ)

EDWARD NEVES MONTEIRO DE BARROS GUIMARÃES – Teólogo. Membro da Sociedade de Teologia e Estudos da Religião (SOTER). Professor de Cultura Religiosa e Filosofia na PUC Minas. Coordenador do Curso de Especialização em Teologia do Centro Loyola. RG M-4 997 414 (MG)

EKKE BINGEMER – Profissional Independente de Administração de Serviços. (RJ)

FRANCISCO DE AQUINO PAULINO JUNIOR – Teólogo. Presbítero da diocese de Limoeiro do Norte – CE. Professor da Faculdade Católica de Fortaleza e Universidade Católica de Pernambuco. Assessor de Pastorais Sociais.
RG: 2008858604-3 (CE)

FREI BETTO – Jornalista. Escritor. Assessor de Movimentos Sociais. RG 14214910 SSP-MG (SP)

FREI SINIVALDO SILVA TAVARES – Teólogo. Professor de Teologia Sistemática na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) e no Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA). M 2327250 SSP/MG (MG)

JETHER RAMALHO – Sociólogo. Membro da Igreja Cristã de Ipanema. Membro fundador do Centro de Estudos Bíblicos/CEBI e do Conselho Editorial do Boletim REDE. (RJ)

JOSE OSCAR BEOZZO – Historiador. Teólogo. Coordenador Geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – CESEEP (SP). Professor Universitário. RG 2.769.363-6 SSP-SP (SP)

LEONARDO BOFF – Teólogo. Filósofo. Escritor. Membro da Comissão Internacional da Carta da Terra. Autor de Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres, Vozes 2014. RG (Genésio Darci Boff): 02 773 327-8 Detran (RJ)

LÚCIA RIBEIRO – Socióloga. Membro do Iser – Assessoria. Membro do Centro Alceu Amoroso Lima. RG 055068274 IFP/RJ. (RJ)

LUCILIA RAMALHO – Vice-Presidente do Centro de Recreação Infantil (CRI) da Igreja Cristã de Ipanema. (RJ)

LUIZ ALBERTO GÓMEZ DE SOUZA – Sociólogo. Diretor do Programa de Estudos Avançados em Ciência e Religião da Universidade Candido Mendes. Membro do Centro Alceu Amoroso Lima. RG 04488154591 IFP/RJ. (RJ)

LUIZ CARLOS SUSIN – Teólogo. Professor do Programa de Pós-Graduação e de Filosofia da PUC/RS na cadeira de Ética Ambiental. Secretário Geral do Fórum Mundial de Teologia e Libertação. Membro do Comitê de Redação da Revista Internacional de Teologia Concilium. RG 1003162623. (RS)

LUIZ EDUARDO W. WANDERLEY – Sociólogo. Professor da PUC-SP. Membro da Diretoria do CEESEP e da Ação Educativa. (SP)

MAGALI CUNHA – Jornalista. Docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo. Editora do Blog Mídia, Religião e Política. RG 05477006-0 (IFP/RJ). (SP)

MANFREDO ARAÚJO DE OLIVEIRA – Filósofo. Professor Titular da Universidade Federal do Ceará. RG 99010318053. (CE)

MARCELO BARROS – Teólogo. Escritor. Coordenador latino-americano da Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo (ASETT). RG 4242073 – SSP – GO. (PE).

MARCIA MARIA MONTEIRO DE MIRANDA – Educadora popular. Membro do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis e do Centro Nacional dos Direitos Humanos de Brasília. 11.878.008-9 – Detran. (RJ)

MARIANGELA BELFIORE WANDERLEY – Assistente Social. Docente da PUC/SP. Professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da PUC-SP. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Movimentos Sociais da PUC-SP Membro do Grupo Nutrição e Pobreza do Instituto de Estudos Avançados – IEA da USP. (SP)

MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER – Teóloga. Articulista do Jornal do Brasil. Professora da PUC/RJ. Membro do Comitê de Redação da Revista Internacional de Teologia Concilium. (RJ)

MARIA HELENA ARROCHELLAS – Teóloga. Diretora do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade/CAALL. RG 121.534.700-5. (RJ)

MARIA TEREZA BUSTAMANTE TEIXEIRA – Médica sanitarista. Professora Associada da UFJF. Pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer lotada na UFJF. Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva. Coordenadora adjunta do NATES/UFJF. Editora Geral da Revista de APS. (MG)

MARIA TEREZA SARTORIO – Pedagoga. Educadora Popular. Membro da Coordenação Nacional do Movimento Fé e Política. RG MG 18292550. (ES)

OLINTO PEGORARO – Filósofo. Professor Titular de Ética da UERJ. Trabalha com Movimentos Sociais na Comunidade do Borel. (RJ)

ROSEMARY FERNANDES DA COSTA – Educadora. Teóloga. Membro da SOTER. Assessora da CNBB. Professora da PUC Rio, Teresiano CAP/PUC e Secretaria de Educação do RJ. RG 3 750 717-5 – DETRAN – RJ (RJ)

ROSILENY SCHWANTES – Cientista da Religião. Psicóloga. Professora da Universidade Nove de Julho. RG 38 910 786 4. (SP)

TEREZA MARIA POMPEIA CAVALCANTI – Teóloga. Assessora de CEBs. Professora na PUC-RJ. (RJ)

Corrêas (RJ), 09 de novembro de 2014.