Uma nova aliança entre ciência e religião?

Uma nova aliança entre ciência e religião?
Leonardo Boff*
Cada época cultural estabelece seu diálogo com a natureza. Ora enfatiza seu caráter imponderável e por isso mágico; ora capta sua profunda simetria  e daí a natureza como cosmos; e outras vezes ainda seu aspecto criativo, irredutível à lógica linear. Segundo Alexandre Koyré e Ilya Prigogine (dois teóricos da ciência) é o diálogo experimental que constitui a prática específica da ciência moderna. Hoje para além dela, parece ser a prática holística aquela que caracteriza a abordagem contemporânea da natureza. Todas as pronúncias do mundo são complementares e ajudam na decifração daquilo que é mais do que o enigma da natureza, vale dizer, o seu verdadeiro mistério.
Para a visão contemporânea, o universo constitui mais e mais uma realidade incognoscível. Ela é continuamente desafiada a conhecer num processo que não tem fim. Por esta razão é importante tomar a sério as várias janelas que os distintos saberes abrem para a compreensão da natureza. Daí surge seu caráter holístico (totalizante e sintético).
De todas as formas, a leitura do mundo pertence ao complexo cultural do tempo e se inscreve no concerto das demais  práticas. Da dialogação do ser humano com a natureza surgem as  várias cosmologias. Cada cosmologia se orienta por uma imagem do mundo resultante dos mais distintos saberes.
Curiosamente, cada comologia suscita a questão de Deus. E com razão, pois como dizia o grande físico David Bohm, (prêmio Nobel):”as pessoas intuem  uma forma de inteligência que organizou, no passado, o universo e a personalizaram chamando-a “Deus”.
A cosmologia antiga via o mundo na metáfora da pirâmide. Deus se encaixava aí perfeitamente, como  o cume de todos os seres. Na cosmologia moderna de A. Newton e de G. Galilei o mundo era visto como uma máquina que funciona com suas leis determinísticas. Deus entra como  o arqueteto do universo  que  no início colocou a máquina em funcionamento. E não precisa mais acompanhá-la. A cosmologia contemporânea considera o mundo como um jogo ou uma dança ou uma teia ou uma rede. Já há décadas, se reconhece que o universo constitui um imenso jogo de forças em interação, uma dança cósmica de partículas sempre interdependentes, formando campos de matéria e de energia cada vez mais ordenados, até que nos seres vivos ganha autoregulação que escapa à segunda lei da termodinâmica: a entropia. A seta do tempo, ao invés de nos conduzir para a desordem máxima e a morte térmica, nos introduz a patamares sempre mais altos de sentido e de criatividade. É a visão de Ilya Prigogine (prêmio Nobel) com suas estruturas dissipativas.
O que mais fascina os cientistas é a constatação da harmonia e da beleza do universo. Tudo parece ter sido montado para que, da profundidade abissal de um oceano de energia primodial (o vácuo quântico), devessem surgir o campo de Higgs, os bósons, as partículas elementares, depois a matéria ordenada, em seguida a matéria complexa que é a vida e por fim a matéria em sintonia completa de vibrações, formando uma suprema unidade  holística: a consciência (condensado Bose-Einstein de tipo Fröhlich/Prigogine).
Como dizem os formuladores do princípio andrópico (forte e fraco, Brandon Carter, Hubert Reeves e outros): se as coisas não tivessem ocorrido como ocorreram, não estaríamos aqui para falar delas. Quer dizer, para que  pudéssemos estar aqui, foi necessário que todos os fatores cósmicos, em todos os 13,7 bilhões de anos, tivessem se articulado e convergido de tal forma que fosse possível (mas não necessário) a complexidade, a vida e a consciência. Caso contrário nada exisitira daquilo que hoje existe.
Há uma minuciosa calibragem de medidas sem as quais as estrelas jamais teriam surgido ou  eclodido a vida no universo. Por exemplo, caso a interação nuclear forte (aquela que mantem a coesão dos núcleos atômicos) tivesse sido 1% mais forte, jamais se formaria o  hidrogêneo que combinado com o oxigênio nos daria a água, imprescindível aos seres vivos.
Em cada coisa encontramos o todo, o caos sendo criativo, as forças interagindo, as partículas se articulando, a estabilização da matéria acontecendo, a abertura  para novas relações se dando e a vida criando ordens cada vez mais sofisticadas e autoconsciente.
A verificação desta  ordem do universo faz surgir nos cientistas, como em Einstein, Heisenberg, Bohm, Prigogine, Swimme e outros  o sentimento de assombro e de veneração. Ela nos abre para os espaços infinitos da indagação humana: o que existia antes da existência temporal do universo? por que existe o ser e não o nada? que é Aquela realidade que se apresenta como o ordenador e o sustentador de todos os fenômenos?
Ela tem um nome, da nossa reverência e de nossa unção. Um filósofo como J.Guitton podia dizer:”não ouso nomeá-la, pois qualquer nome é imperfeito para designar o Ser sem semelhança”. Um teólgo ousa mais: chama-o de Deus: a Energia de todas as energias.

Leonardo Boff e Mark Hathaway escreveram de O Tao da Libertação (diálogo entre ciência moderna e teologia: Vozes 2012)

27 comentários sobre “Uma nova aliança entre ciência e religião?

  1. Existem vários princípios ordenadores, logo vários deuses, várias dimensões, pode até em uma delas convergir ou tangenciar tão elegante visão obscurecida pela humana vontade de que seja assim.

    Curtir

  2. DOUTRINANDO A CIÊNCIA
    Educação Evangélica
    Todas as reformas sociais, necessárias em vossos (1- Do modus operandi dos Espíritos) tempos de indecisão espiritual, têm de processar-se sobre a base do Evangelho.
    Como? — podereis objetar-nos¹. Pela educação, replicaremos.
    O plano pedagógico que implica esse grandioso problema tem de partir ainda do simples para o complexo. Ele abrange atividades multiformes e imensas, mas não é impossível. Primeiramente, o Trabalho de vulgarização deverá intensificar-se, lançando, através da palavra falada ou escrita do ensinamento, as diminutas raízes do futuro.
    Necessidade da educação pura e simples
    Há necessidade de iniciar-se o esforço de regeneração em cada indivíduo, dentro do Evangelho, com a tarefa nem sempre amena da auto-educação.
    Evangelizando o indivíduo, evangeliza-se a família; regenerada esta, a sociedade estará a caminho de sua purificação, reabilitando-se simultaneamente a vida do mundo.
    No capítulo da preparação da infância, não preconizamos¹ a educação defeituosa de determinadas noções doutrinárias, mas facciosas, facilitando-se na alma infantil a eclosão de sectarismos prejudiciais e incentivando o espírito de separatividade, e não concordamos¹ com a educação ministrada absolutamente nos moldes desse materialismo demolidor, que não vê no homem senão um complexo celular, onde as glândulas, com as suas secreções, criam uma personalidade fictícia e transitória.
    Não são os sucos e os hormônios, na sua mistura adequada nos laboratórios internos do organismo, que fazem a luz do espírito imortal. Ao contrário dessa visão audaciosa dos investigadores (cientistas), são os fluidos, imponderáveis e invisíveis, atributos da individualidade de que preexiste ao corpo e a ele sobrevive, que dirigem todos os fenómenos orgânicos que os utopistas da biologia tentam em vão solucionar, com a eliminação da influência espiritual. Todas as câmaras misteriosas desse admirável aparelho, que é o mecanismo orgânico do homem, estão repletas de uma luz invisível para cegos olhos.

    Formação da mentalidade cristã
    As atividades pedagógicas do presente e do futuro terão de se caracterizar pela sua feição evangélica e espiritista, se quiserem colaborar no grandioso edifício do progresso humano.
    Os estudiosos do materialismo não sabem que todos os seus estudos se baseiam na transição e na morte. Todas as realidades da vida se conservam inapreensíveis às suas faculdades sensórias. Suas análises objetivam somente a carne perecível.
    Os corpos que estudam, a célula que examinam, o corpo químico submetido à sua crítica minuciosa, são acidentais e passageiros. Os materiais humanos postos sob os seus olhos pertencem ao domínio das transformações, através do suposto aniquilamento.
    Como poderá, pois esse movimento de extravagância de espírito humano presidir à formação da mentalidade geral que o futuro requer, para consecução dos seus projetos grandiosos de fraternidade e de paz?
    A intelectualidade académica está fechada no círculo da opinião dos catedráticos, como a ideia religiosa está presa no cárcere dos dogmas absurdos.
    Oxford e Vaticano digitalizam os seus manuscritos
    Os continuadores do Cristo, nos tempos modernos, terão de marchar contra esses gigantes, com a liberdade dos seus atos e das suas ideias.
    Por enquanto, todo o nosso¹ trabalho objetiva a formação da mentalidade cristã, por excelência, mentalidade purificada, livre de preconceitos que impedem a marcha da Humanidade. Formadas essas correntes de pensadores esclarecidos do Evangelho, entraremos¹, então, no ataque às obras. Os jornais educativos, as estações radiofónicas, os centros de estudos, os clubes do pensamento evangélico, as assembleias da palavra, o filme que ensina e moraliza, tudo a base do ensinamento, não constituem uma utopia dos nossos¹ corações.
    Essas obras que hoje surgem, vacilantes e indecisas no seio da sociedade moderna, experimentando quase sempre um fracasso temporário, indicam que a mentalidade evangélica não se acha ainda edificada. Eduquemo-nos!
    A andai-maria, porém, aí está, esperando o momento final da grandiosa construção.
    Toda a tarefa, no momento, é formar o espírito genuinamente cristão; terminando esse trabalho, os homens terão atingido o dia luminoso da paz universal e da concórdia de todos os corações.

    Curtir

  3. Me espanta e assombra,isso sim,a qualidade e lucidez de Leonardo Boff,ao colocar em pauta de forma tão contundente e simples,um desafio tão perturbador,(criacionismo)aos paradigmas(muitas vezes arrogantes)num texto singelo e ao mesmo tempo técnico:erudição+espiritualidade+piedade.Parabéns.Minha fé foi hoje aumentada.

    Curtir

  4. Creio que estamos a viver em um tempo de transição. Esta era chamada de pós-moderna no meu entender reflete somente um momento de luto e desilusão.

    A esperança de que a ciência iria resolver “todos” os problemas do ser humano e poderíamos decretar a “morte de Deus” conforme profetizava Nietzsche foi por água abaixo.

    Descobrimos que avanço tecnológico e científico não representam desenvolvimento moral.

    Chegamos a ter hoje um saudosismo das coisas do passado ao ponto de jovens incautos até defenderem um retorno a ditadura (dá para acreditar?!).

    Enfim… A filosofia moderna que decretará o desaparecimento das religiões tem visto um crescimento das mesmas.

    Agora… Cabe a busca de um diálogo. Os da fé descobrirem que: “crer é também pensar” e os que usam o conhecimento científico e filosófico como matéria prima de seus trabalhos saber que pensar é também uma espécie de fé.

    Paz e Bem a todos!

    Curtir

    • #decretara#

      P.S.: L. Boff, se for possível, recomendo que seja instalado aqui na parte “comentários” a possibilidade de editar e/ou excluir a própria publicação.

      Desde já agradeço,

      Felipe Borduam

      Curtir

  5. Sim, essa aliança entre ciência e religião, por incrível que pareça, existe hoje e foi lançada no outono de 1973, quando os astrônomos e físicos mais eminentes do mundo se reuniram na Polônia para comemorar o 500º aniversário do pai da astronomia moderna, Nicolau Copérnico. Numa série de simpósios que duraria duas semanas, estavam as mais proeminentes mentes científicas de nossa época, como, Stephen Hawking, Roger Penrose, John Wheeler, Joseph Silk, Robert Wagoner, só pra citar alguns.
    De todas as palestras apresentadas na época, apenas uma seria lembrada décadas depois e até hoje, apesar de, na hora, não ter chamado muita atenção. Seu autor, Brandon Carter, era um astrofísico e cosmólogo da Universidade de Cambridge, amigo íntimo e antigo estudante de doutoramento e companheiro do posteriormente famoso Hawking.
    Carter chamou seu trabalho de: “Coincidências em Grande Escala e o Princípio Antrópico em Cosmologia”.
    As conclusões por ele apresentadas, 500 anos após o nascimento de Copérnico, considerado o pai da ciência moderna, significavam, ironicamente, a derrubada filosófica da própria revolução de Copérnico. Pela primeira vez após esses 500 anos, a ciência e a religião novamente se davam as mãos, após terem sempre se afastado uma da outra.
    Evidentemente, que isso não foi percebido de imediato, porém, os debates científicos que vieram depois desta apresentação ao longo dos anos, inclusive, alguns patrocinados pela própria Igreja, mostraram que ali realmente havia se inciado uma nova era científico – filosófica.
    Resumindo bem, o Princípio Antrópico nos diz exatamente que o universo que conhecemos está perfeitamente regulado de forma magistral para produzir a vida e, em última instância, o homem. Quer dizer, tudo existe com a intenção, com o propósito de nos produzir (andropos = homem). Isto, evidentemente, vai completamente contra o acaso materialista que a ciência sempre se pautou e não são poucos os cientistas ateus que tentam até hoje derrubar o PA forte com o que foi denominado depois de PA fraco. Mas, para isso, a ginástica mental tem que ser muitas vezes mais fantástica ou inverosímel do que admitir a existência do PA forte, de um propósito na criação, que é comprovado exatamente pelas constantes fundamentais da física, ou seja, que o universo conhecido está regulado de forma extraordinariamente precisa para nos produzir.
    Concluímos que, queiram ou não, algo mudou substancialmente nos salões da física e da ciência vigente desde 1973 e, hoje, Deus ou a Inteligência Suprema Universal pode bem ser considerado e debatido também no âmbito da física e da cosmologia e não são poucos os cientistas que se renderam às evidências do Princípio Antrópico forte.

    Curtir

  6. Primeiramente digo que sou um admirador de seus textos.
    Mas, com todo o respeito, tive que discordar com este em particular. Creio que o que a ciencia e a evolucao dos conceitos cientificos tem mostrado e’ que Deus, ou conceitos similares (entidades divinas), e’ irrelevante para explicar a natureza. Religiosos tentam usar o “Deus dos gaps” pra reforcar a evidencia divina em falhas ou gaps de teorias cientificas, mas isto de forma alguma faz com que a ciencia concorde com uma ou outra visao religiosa acerca de qualquer fenomeno ou questao em aberto. Para a ciencia, Deus nao e’ uma alternativa valida para explicar fenomenos naturais. E’ possivel sim que cientistas tenham uma visao religiosa, ou serem crentes de uma particular religiao (como Newton, Galileu, e outros grandes nomes), mas isto de forma alguma e’ levada a serio ao laboratorio ou usado como alicerce para explicar fenomenos e teorias. Crencas particulares nao tem espaco na comunidade cientifica como um todo. Nao existe uma evidencia sequer da presenca de Deus, e nenhuma forma de comprova-lo ou nao, o que deixa em si de ser alvo para pesquisa ou investigacao cientifica. Quanto ao espanto relativo a aparente beleza e elegancia da natureza, este tambem pode equivocar aqueles que vem indicios erroneos da presenca de um ente externo e inteligente atuando para afinar as caracteristicas da natureza.

    Gostaria de indicar o Lawrence Krauss (God and Science Don’t Mix), Richard Dawkins (The God Delusion) e o Stephen Hawking (Grand Design)
    E este debate Se a Ciencia Refuta Deus da Intelligent Square (em ingles apenas)

    Grande abraco.

    Curtir

    • Caro William, você está certo; Deus não precisa das religiões, as religiões é que precisam de Deus. O problema é que a grande maioria quando se refere a Deus, pensa logo numa religião associada e, isto é até certo ponto compreensível, pois fomos todos educados nesses cânones religiosos inventados pelo homem, sempre com o intuito do poder temporal. O próprio homem Jesus pouco tem a ver com as religiões cristãs depois inventadas, só pra dar um exemplo. Agora, o Deus Ecumênico ou a Inteligência Suprema Universal não pode ser negado, e o é cada vez menos pelos cientistas, pois o mais ilógico hoje é negar a Deus, de novo, não o Deus religioso, porém o Deus origem de nossa inteligência e afetividade. Como explicar essa origem? No caos, na “burrice”, onde?

      Curtir

  7. Sob a luz da Lógica e da Razão, é impossível deixar de admitir que há um Ser para além de todos os Horizontes, que Ordenou, Organizou, e Sustenta o funcionamento harmonioso desse Universo. O Teólogo ousa e chama-O de DEUS! Há sinais mais que evidentes, de que esse Maravilhoso Ser resolveu se mostrar e deixou-se capturar pela mente humana!
    Sem dúvidas a Religião Revelada deve andar de mãos dadas com a Ciência. A Ciência é embasada em Certezas e Hipóteses. A Religião também deve ser assim. A Ciência às vezes se retrata de um êrro cometido e volta a ser Criança. A Religião também deve ser assim. A Verdade jamais se ajusta ao fanatismo, ou Interêsses excusos.

    Curtir

  8. Seguindo o raciocínio do texto a existência da Energia de todas as energias seria uma teoria; no campo da ciência as teorias são testadas e podem ser refutadas se constatarem ser equivocadas; no campo da religião o que existe é a fé, que a priore nega a possibilidade da teoria ser testada. Como funcionaria neste aspecto a nova aliança?

    Curtir

  9. Olá, Leonardo Boff. è o Décio. Abraço.
    A seta do tempo nos conduz à seguinte reflexão:
    Na berlinda a possibilidade expressa na frase – “O melhor foi feito no futuro” (Patinhas e/ous), “marca registrada” de Diana Pequeno (Um Sinal de Amor e de Perigo).

    Curtir

  10. Grande Leonardo Boff,
    Ótimo texto como sempre.
    Aproveito esse espaço para relatar uma preocupação pessoal. Como eleitor do Lula e da Dilma, tenho percebido entre os amigos petistas (não do Lula e Dilma, claro) um grande sentimento anti-religioso e especialmente anti-católico. Não são críticas apenas pontuais e justas (como em relação a alguns escândalos dentro da Igreja) e sim um asco à religião em si e até à mera existência da Igreja. Acho que isso trai o próprio PT, uma vez que foi construído com o apoio das Comunidades Eclesiais de Base e jamais aderiu ao sentimento anti-religioso dos marxistas tradicionais. Rezo para que a tolerância religiosa sirva a todos e que possamos respeitar os nossos irmãos ateus, católicos, protestantes, adeptos das religiões africanas, judeus, muçulmanos, enfim todos os homens.

    Curtir

  11. Perfeito, Leonardo Boff! Tenho em mim uma certeza maior que o próprio mental lógico e racional, de nossa parte terrena, que será a Física Quântica, em seus futuros desenvolvimentos que poderá trazer, ao animal humano, o verdadeiro e livre caminho daquela “religião”, reconhecida por Einstein, como Verdadeira!

    Curtir

  12. Olá! meu querido cristão sua publicação veio de encontro a um dos meus entraves, ensinei a meu filho orar e agradecer e pedir por tudo em nome de Jesus e Maria de Nazaré. Um dia ele chegou da Escola aula de religião e me perguntou se eu não gostava de Deus? eu não falava mto o nome dele, foi um susto.Um teólogo ousa: chama de Deus: a Energia de todas as energias. Um filósofo “não ouso nomeá-la, pois qualquer nome é imperfeito para designar o Ser sem semelhança”.
    Sempre tive dificuldade ainda criança, com a expressão: Deus imagem e Semelhança do homem. Levei broncas homéricas de meus pais por questionar quem havia dado a aparência de seres humano a Deus. Hoje eu entendo que as Catequistas nos preparando para a primeira comunhão e o padre Jaime não encontravam respostas para me satisfazer. A Pirâmide de Maslow não é nada mais que a influência da soberba dos homens.
    Um sonho fazer esses comentários olhando-te. Uma conversa, leio queria dialogar (riso) mas ainda não aconteceu. Ficaria muito honrada com uma resposta sua…
    Um grande abraço paz luz e bastante Energia.

    Curtir

    • Lucia,
      Respondo com uma frase de Simone Weil, a judia que se converteu ao cristianismo mas não se deixou batizar em solidariedade a seus irmãos/as que eram enviados às câmras de exterminio nazita.

      “Se queres saber se alguem está do lado de Deus, não repare com fala de Deus mas como fala do mundo”
      Sobre Aquilo que não podemos falar devemos calar. Calamos não porque não temos nada a dizer. Mas porque tudo o que dizemos diz pouco de Deus.
      lb

      Curtir

  13. Querido Professor Leonardo,

    Estou deixando o link para um vídeo (legendado) no qual, em 8 minutos, o filósofo americano Ken Wilber, fala sobre “Espiritualidade e as 3 vertentes da ciência”. Espero que o senhor goste, que agregue alguma contribuição ao seu excelente artigo e que interesse aos seus leitores/as.
    Atenciosamente,
    Darcy Brega

    Curtir

  14. Mesmo com esse progresso assustador da ciência,nossa imaginação atinge os céus,mas
    rastejamos na decaída condição humana.O homem não utiliza mais do que 4% de sua
    capacidade mental.Lembremo-nos sempre:” Eu sou o Caminho,a Verdade e a Vida,
    ninguém vai ao Pai senão por Mim. Que Deus tenha misericórdia de nós…

    Curtir

  15. Caro Leonardo,

    Achei muito sincero seu texto mas não pude concordar com a ideia em geral. Em seu argumento há um esforço muito grande para casar as ideias de religião e ciência. Tenho notado esse esforço não só no seu texto mas também em outras fontes, inclusive vindas de dentro da ciência. Minha discordância vem justamente desse esforço que muitos fazem de forma desmedida enquanto seu texto faz de forma até poética. Não é necessário um Deus ou uma ordem ou mesmo um desenhista para a vida. Concordo com você quando diz que houve uma soma incrível de fatores para que chegássemos aqui, para que existíssemos. Mas não vejo como o conceito de Deus ou energia das energias ajude na interpretação dessa grande coincidência.

    Curtir

    • Tiago
      As questões não são minhas. Mais e mais cientistas se colocam a questão: o que havia antes do muro Planck que representa o grau zero do espaço-tempo? Fala-se do Vacuo quântico, que de vauco não em nada pois é a plenitude das virtualidades. Precisamos ir até o fim nas questões e não parar no meio porque, eventualmente, alguem se nutre de uma idéida não mais contemporânea de religião e ciência. Vale ler Collins, o que coordenou a decifração do códido genético humano. Começou ate e acabou espiritualista, porque achava mais adequado aos fenômenos que analisava crer em Deus do que negá-lo: Veja os livros: A linguagem de Deus e A liguagem humana. lb

      Curtir

      • Caro Leonardo,

        Obrigado pela resposta. Não conheço essa teoria do muro de Planck ou grau zero de espaço-tempo. De qualquer forma sabemos que a ciência tem muitas questões abertas. Algumas dessas questões intrigam também a religiosos, filósofos, são de interesse do ser humano em geral. O meu ponto é que colocar um Deus como variável nessa equação mais atrapalha do que ajuda. Por exemplo, o que tem a ver o início do universo com nossa genética? As evidências nos levam a crer que nada. Mas se colocarmos a existência de um Deus no meio do caminho teremos que explicar não só como esse Deus foi parar lá mas também como as duas teorias se combinam. Conheço o trabalho do Francis Collins e sem dúvidas ele foi importante no desenvolvimento de técnicas para mapear nossos genes. Mas até mesmo sua conversão para o cristianismo se deve mais a questões pessoais dele do que por meio de seus trabalhos científicos.

        Curtir

  16. Olhando o mar batendo nas pedras, os pássaros indo e vindo ao sabor do vento… me ocorreu uma ideia , tal o esplendor daquele momento com Deus.
    Não estaríamos no Paraíso, tal a beleza de todas as coisas e não o reconhecemos entretanto pelas condições mercantilistas que aqui se instalaram pelas ideias do homem?
    Penso nesta possibilidade, é muito insano este pensamento Caro Boff?

    Curtir

  17. Desde o mais simples catecismo, em que aprendíamos: “Deus é um espírito puro e eterno”, até a mais antiga e aprofundada visão de escritos como o Baghavad Gita, em que a realidade física, Prakiti (compreendida pelos objetos de cognição das nossas Ciências Naturais – tempo, espaço, matéria, energia e mais o elemento “conhecimento”, que, creio, refira-se à percepção da inteligência que organiza os elementos anteriores) advém e distingue-se.de uma realidade superior, imaterial e imutável (no exemplo hindu, Purusha); nos é sugerida uma modalidade inimaginável de existência, que prescinde de qualquer substrato físico (material ou energético) para ser real, existente de fato. A religião concebe, então, uma modalidade de existência viva e consciente, formada (se excluirmos tudo mais que conhecemos) por nada mais que a própria consciência. Supõe-se, no pensamento religioso, que essa era a modalidade de existência de (pelo menos) Deus, já que Puro Espírito, antes do instante zero da criação, o qual a Física teoriza com provável acerto, quanto aos aspectos físicos, por ser tudo que lhe é possível.
    Tal concepção muito antiga e repetida das religiões, sem perceber, torna plausível o teísmo e uma visão criacionista evoluída (graças à Ciência) mesmo ante as novas colocações de Stephen Hawking (de que dada a absoluta inexistência de movimento e de tempo, na condição pré-Big Bang, é impossível a hipótese de qualquer ação criadora original, visto que qualquer ação ocorre no tempo). Tal concepção sugere necessariamente que a ação pré-Big Bang não foi uma ação com substrato físico, no tempo físico; foi uma ação ocorrida em uma esfera alheia à Física. Isso torna-a possível mesmo ante a ausência de tempo físico. Portanto a Física jamais afrontou verdadeiramente a religião, senão a religião pouco atenta. Ao contrário, ajudou-a a esclarecer-se, a sair do fundamentalismo e da literalidade. Literalidade, porém, a que parecem apegados alguns cientistas infelizmente. Disso, depreende-se também que viemos da consciência e, da consciência pura, nos tornamos materiais. Agora, conforme trajetória descrita acima, no texto principal, voltamos à consciência.
    Aceitando-se tal suposição teísta, somada aos postulados teológicos geralmente aceitos (pelos teólogos, é claro) da imutabilidade, da eternidade, da perfeição, da bondade e da bem-aventurança absolutas de Deus, a última questão feita no texto muda de “por que existimos?” “por que o Ser e não o Nada?” (do ponto de vista teísta, o Nada nunca existiu); para “por que Deus, existência primordial e una, completo e absoluto, de nada necessitado, resolveu mudar a Existência (que até então era só Ele)?” “por que quis criar algo mais?” “por que Deus quis “deixar de ser só”? Por que iniciou a ordem física da existência?” “por que passou da perfeição à imperfeição?” A única resposta que a razão me permite, dentro desta hipótese teísta é: o “Amor”. O Amor Universal pode ser descrito como a vontade de se ver generalizado, multiplicado, o bem-estar, a felicidade. Sendo Deus só e todo bem-aventurado, só pode ter concebido por força de Seu sempre existente Amor (dada Sua imutabilidade), a existência de outro(s) ser(es) bem-aventurado(s) como Ele. Pelo mesmo Amor, então, Deus regozijou-se em vislumbrar a Sua absoluta felicidade partilhada com outros seres em razão infinita. Em consequência, teria dado origem à outra ordem além da Espiritual (onde a existência era pura consciência sem substrato, forma, localização, idade): a ordem física, por nós, hoje, pretensamente conhecida até os primórdios, o Big Bang, e onde podemos, da maneira correta, nos desenvolver.

    Mas tudo isso é só teoria, provavelmente falha e certamente desnecessária a quem busca sinceramente o bem.

    Curtir

Deixe um comentário