O Brasil corre risco de intervenção estrangeira: Paulo Nogueira Batista Jr.

O assunto é demasiadamente sério para não tomarmos ciência e consciência do que possa acontecer: uma intervenção em nosso país através das grandes corporações estrangeiras que podem, literalmente, comprar o principal de nossas riquezas, a ponto de roubar-nos até a soberaniaa. Não podemos nos perder com as discussões internas sem estar atentos aos jogos de poder que estão em ação no mundo todo, visando especialmente o Brasil, a sétima economia munidal e o mais bem dotado ecologicamente, base da futura economia mundial. Quem nos vai representar e defender a nossa soberania? Dos políticos atuais há poucos ou nenhum candidato à altura do desafio novo que se apresenta. Por isso publicamos o alerta de um economista sério que possui um olhar de fora e que acompanha o curso da história mundial e dentro dela o lugar que ocupa o Brasil, Paulo Nogueira Batista Jr. Seu texto foi publicado em O Globo, 23/12/2016 e que aqui reproduzimos: Lboff

Criou-se no Brasil terreno fértil para a intervenção estrangeira
Paulo Nogueira Batista:
23 de dezembro de 2016 às 18h47
Brasil corre perigo

Dos Brics, o país é o mais vulnerável.O Brasil corre riscos sérios. Estou longe, mas acompanho sempre que posso o que está acontecendo aí — e com preocupação cada vez maior.

A situação mundial, marcada por aguda polarização, oferece grandes perigos para nações fragilizadas por conflitos internos. Existem certamente casos mais graves que o brasileiro, países destroçados por intervenções externas e/ou crises domésticas: Síria, Iraque, Líbia, Grécia — para citar casos mais notórios.

Não chegamos a esses extremos, mas não há como negar que o nosso país está em perigo. Dos Brics, o Brasil é no momento o mais vulnerável.

E repare, leitor, que a situação da Rússia e da África do Sul é bem complicada. A China também enfrenta desafios econômicos, institucionais e políticos. A Índia acaba de lançar uma reforma monetária radical, com efeito desestabilizador. Em todos os quatro países, a corrupção é problema grave.

Mas, entre os Brics, o Brasil é “hors concours”. Não necessariamente em corrupção, mas na fragilidade do quadro econômico, social e político.

As razões parecem claras. Primeiro, a intensa polarização interna. O que antes era patrimônio dos nossos vizinhos ao Sul — a incapacidade crônica dos argentinos de conciliar e chegar a entendimentos — parece ter sido importado maciçamente pelos brasileiros. A intolerância, o colapso do diálogo, a perda de legitimidade de instituições fundamentais, o enfraquecimento da democracia — tudo isso representa um imenso perigo para a nação brasileira.

E mais o seguinte: o triunfo da mais profunda e radical ignorância em diversos campos da vida nacional.

A essa degradação política e social se acrescenta uma das piores crises econômica da nossa história. Recessão forte e prolongada, desemprego crescente, redução dos salários reais — “em casa onde falta pão…”

A crise econômica alimenta a crise política, e vice-versa. Nesse ambiente, os governos brasileiros perderam apoio e legitimidade, a classe política atingiu o seu nadir, a Justiça perdeu o Norte.

Criou-se, leitor, um terreno fértil para a intervenção estrangeira — e era neste ponto que queria chegar.

A intervenção externa não precisa ser ostensiva — e muito menos militar. Ela toma formas mais sutis. Com o enfraquecimento dos governos e a crise econômica, fica mais fácil para investidores de outros países, não raro com apoio estratégico de seus governos, aterrissar no Brasil e comprar empresas, terras e outros ativos brasileiros sem controle ou restrições — e na bacia das almas.

O Brasil está à venda, em liquidação? Quem protege os nossos interesses? Quem nos representa no plano internacional?

Leitor, não se iluda, para determinados fins estratégicos não há substituto para o Estado nacional. Os setores privados, as organizações da sociedade civil, as universidades, os intelectuais, os artistas — todos eles carregam de alguma forma, bem ou mal, o estandarte nacional, por onde quer que andem e circulem.

Mas não existem instâncias supranacionais a quem um país possa confiar a defesa dos seus interesses nacionais e dos seus objetivos vitais. Ou existem? Peço ao leitor que me aponte uma, pelo menos uma.

As entidades multilaterais mais relevantes são internacionais, vale dizer são associações entre nações, entre Estados — e delas só se beneficiam aqueles países que têm um mínimo de coesão interna e um Estado razoavelmente estruturado.

O Brasil precisa encontrar um meio legítimo de superar o quadro de polarização destrutiva e frear o processo de desintegração em curso.

Paulo Nogueira Batista Jr. é vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, sediado em Xangai, mas expressa seus pontos de vista em caráter pessoal

15 comentários sobre “O Brasil corre risco de intervenção estrangeira: Paulo Nogueira Batista Jr.

  1. […] O assunto é demasiadamente sério para não tomarmos ciência e consciência do que possa acontecer: uma intervenção em nosso país através das grandes corporações estrangeiras que podem, literalmente, comprar o principal de nossas riquezas, a ponto de roubar-nos até a soberaniaa. Não podemos nos perder com as discussões internas sem estar atentos aos jogos de…  […]

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  2. Fantastico artigo! Eu diria que essa intervencao ja esta acontecendo ha pelo menos 3 meses… comecou logo apos o golpe. Isso significa que esse golpe foi planejado para que os piratas do capitalismo-imperialismo tomassem posse de todas as nossas riquezas para sustentar seus ultimos momentos, para prolongar um pouco mais sua queda final, pois o sistema ja provou que nao funciona mais e que, por isso, tem que mudar.

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    • Rita Lama (sic), se bem leu o texto – artigo não é – ele fala em crise de “governos”… E quem nos jogou no abismo trágico atual foi o PT ao longo de quase 14 anos de ações insanas que favoreceram seus adeptos e líderes, deixando O Brasil em 10º plano. E BOFF é um dos principais apoiadores e defensores dessa trama já que até não se permite fazer uma reflexão verdadeira sobre o pilantragem institucionalizada efetivada pelo Partidos dos Trabalhadores. Isso tem que mudar sim, concordo com você. O primeiro passo foi dado com a retirada da pateta Dilma do Planalto. Falta ainda a efetivação da responsabilidade criminal de seus financiadores, seus tutor LULA e de toda a corja que disse AMÉM as sandices efetivas nos 14 anos últimos. .P.S. O “ARTGO” é fraco e insignificante. Não dá NENHUM dado concreto.

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      • Henry, vc não sabe o que é fome e miséria das grandes maiorias de nosso pais.Diga o que vc quiser,Lula-Dilma tiraram da fome e da miséria 40 milhões de pessoas, uma Argentina inteira. Costumo assessorar grupos de base bem no interior, no Nordeste e em outros lugares e vi a alegria de as pessoas poderem comer tres vezes ao dia, terem luz elétrica em casa e com ela uma geladeira, um microondas, uma tv. Não ver isso é ser cego e maldoso para com os que sofrem e foram tirados desta situação miserável. Quem não tem compaixão para com os pobres não tem nada a dizer a Deus e se diz não será escutado por Ele. lboff

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      • Caro Henry, a minha impressão é de que fraco é o seu comentário. Contém pouco ou nada de substantivo e uma avalanche de adjetivos tentando denegrir um governo que foi um pouco diferente na história complicada de nosso país, da qual me parece você pouco conhece, ou não refletiu sobre esta.
        Se puder pesquise um pouco, vá além das conversas de rua, você me parece não ser desprovido de inteligência. José Machado.

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  3. “Pelos grandes e poderosos das nações.” (Prece comunitária na Sta. Missa de Natal que acabo de participar). Esses ditos grandes e poderosos, não passam de servidores das Populações que compõem as nações. São pagos p/ prestar serviço público.Jesus se fez servo, Maria tb. É imprescindível que as realidades sejam colocadas nos devidos lugares. A População tem um papel a desempenhar, os servidores públicos , outro. Que o Espírito Santo de Deus nos assista para que seja feita a Vontade Soberana do ALTÍSSIMO!!!!!!!!!!!!!

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  4. investidores não tem emoção nem pudor e qto maior a crise melhor pra eles, e no Brasil sempre tem a política “esperta” buscando facilitar o ingresso deles e aprofundando a crise economica da qual eles não estão nem aí, afinal não são patriotas mesmo, alias são tão ladroes qto qualquer outro que assalta a mão armada, a diferença é a arma usada, um usa caneta e o outro revolver. A esperança está numa nova geração melhor educada a começar pelos exemplos em casa, na família, onde tudo começa

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  5. “Só há uma coisa pior do que ser explorado pelo imperialismo; é não ser por ele explorado”
    Joan Robinson.

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